Poesia Era uma vez duas Rosas

                    
  Ontem, aconteceu em Curitiba o Seminário "Prevenindo a mortalidade materna" promovido pela União Brasileira de Mulheres. Intercalando as palestras, aconteceram exposições de arte, artesanato, shows e poesia.
Eu participei com uma exposição de textos decorados com imagens da artista Graciela Scandurra e recitei algumas poesias. Tema difícil...


Era uma vez, duas rosas

A Rosa mulher,
ainda uma menina.
Branca, pálida, franzina.

A outra rosa,
ainda um botão de flor.
Mas, seria vermelha sua cor.

Rosa menina queria um vestido dourado,
sonhava ser modelo, morar no Rio de Janeiro
dançar a valsa de 15 anos com o namorado
casar, ter filhos e ganhar muito dinheiro.

Rosa flor nasceu no jardim da casa da Rosa mulher.
Era apaixonada por um belo crisântemo amarelo
vivia cercada por cravos, lírios, bem-me-quer
e o sol, acordava-a todo dia com um beijo singelo.

Rosa menina engravidou antes de parir seus sonhos.
Viu interrompida sua fantasia de menina.
Sua vida transformada num pesadelo medonho
levou-a a procurar uma clínica clandestina.

Rosa flor espreguiçava-se distraída,
oferecendo-se inteira ao calor do verão
de repente sentiu uma fisgada dolorida
uma facada no caule... a queda... o chão.

Rosa mulher, acusada de um ato impuro
expulsa de casa, grávida, sem esperança
submeteu-se a um aborto inseguro
pôs fim à sua vida e a da criança.

Não é dourada a mortalha da menina
e sobre seu peito, jaz uma flor em botão
Meu Deus! O que vejo? Que triste sina!
Duas rosas tenras, mortas num caixão.


(marilda confortin)

Visita de amigos poetas


Nos dias 20 e 21 de junho, recebi a visita de alguns poetas amigos de outros estados. Fazemos parte de grupo de poetas amadores que se conheceu através da Internet, lá pelos idos do ano dois mil e que periodicamente se visita para unir-se aos poetas locais, ler poesias e fazer novas amizades. Já tivemos encontros de poesias formais, com mais de uma centena de pessoas em vários lugares como, por exemplo: Porto Alegre, Armação, Barra Velha, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte. Ultimamente, nos reunimos sem protocolo, sem pretextos, sem grandes combinações, quando dá vontade, pra matar a saudade, com qualquer tempo, com qualquer quantidade de pessoas e em qualquer cidade do Brasil. Quem quiser se juntar a nós, fique a vontade para se manifestar.
Sábado, foi dia de (re)conhecer Curitiba e passar a tarde no Café Quintana



Sergio (Presidente Prudente), Edna (São Paulo), Thamar (Brasília), eu e Cleide (SP)

Hugo chegou meio atrasado, mas conseguiu tomar um café e matar a saudade, né Hugo?

À noite, foi para ler poesias no Jocker, comer farofa de pinhão, tomar vinho e até dançar. No próximo, prometo escolher um local mais adequado à poesia... desculpem. Ms tenho uma reclamação à fazer: cadê as fotos de toda a turma? Angela, Janice, Deny, Sergio, Cris, vocês tiraram um monte de fotos do grupo todo que estava no Jockes... me enviem por favor.



(...) Amigos são artigos de luxo
amigos são bruxos
da distância e do tempo
amigos são elementos
que contam na hora agá
amigos são maná
faróis no nevoeiro
são arco e aqueiro
na precisão do alvo
amigos estão a salvo
das tempestades da vida...
(Anair Weirich)

Edna, a eterna Musa paulista do grupo foi a responsável por nos reunir aqui em Curitiba, no meio do caminho. Quem veio conferir os correntistas em potecial, foi Cleto, o dono do Banco da Poesia (ver link ao lado)
O já consagrado poeta Manoel de Andrade, mostrou seu companheirismo a nós, poetas amadores, comparecendo ao encontro e nos brindando com belas declamações do seu último livro Poemas para a Liberdade.

 “E agora, eis-me diante da poesia,
         Assistindo desabar as velhas torres do encanto…
         Perplexo, que posso ainda?
         Sou apenas um olhar melancólico diante da esperança.”

Sérgio trouxe seus poemas rápidos e certeiros.

Cleide, Thamar, eu, também fizemos leituras. Só faltou quem fotografasse...rs

Quem vem pra Curitiba, não toma um submarino e não rouba o canequinho do Bar do Alemão, não veio pra Curitiba. Essa turma de poetas já tem uma coleção completa de canequinhos. Já são quase curitibanos



Fica aqui mais um registro de pessoas normais, que têm em comum o gosto pela poesia, o prazer da amizade e o eterno desafio de encurtar distâncias.


arte e haicai de Tchello d'Barros
uma gata preta
namora um gato branco
numa tarde cinza


POETRIX



Paradoxo

Todos os dias o amanhecer intima a viver
A correria do dia a dia me enterra viva. 
 - até ao anoitecer

Poesia Na morada


Na morada


Na minha casa não tem compartimento secreto
nem lugar proibido.
Minha casa é um livro aberto,
com meus amigos divido.

Na minha casa tudo combina com o clima e o astral.
O chinelo havaiana nunca reclama de morar debaixo da cama
com um velho sapato social.

As fotos dos filhos estão por toda parte
Exibo sim, são minhas obras de arte.

Uma erva daninha nasceu na floreira
cresceu trepadeira, não posso arrancar.
Um pé de gerânio abriu a cortina
e na surdina deixou o sol entrar.

Os livros povoam a sala, banheiro, armários,
gavetas e estantes.
São meus companheiros, eternos amantes.
Nunca vão me abandonar.

Lá em casa tem creme pra cabelo seco,
molhado, pixaco, loiro, ruivo e preto.
Tem óleo, toalha e escova de dente.
Vá que alguém de repente precise pernoitar.

Na parede tem um desenho de lápis de cor
sobre papel almaço.
Tem muito mais valor
do que a obra de Picasso.

Na cristaleira não tem cristal
Mas tem cachaça, tequila, mescal
Um vinho barato, licor de pequi
E uma última dose de bacardi.

Tenho tudo que preciso no meu Cinema Paradiso:
Poderoso Chefão, Telma e Louize,
Tomates verdes e fritos, Café Badgá
e assim, La nave vá.