5 poemas de amor e ódio

Cinco poemas de amor e ódio escrito a 2 mãos apaixonadas
Por: Douglas Pereira e Marilda Confortin


I

Não há mais laços.
Só sobraram os nós.
Rotos, partidos.
Soçobramos nós.
Bagaços, feridos.

E quem tira essa ira que nem sei onde mora?

Tem hora que sinto na boca,
no oco do estômago,
no buraco do peito,
no escuro do olho,
nem sei direito.

Se eu me der um soco, você vai embora?

Preciso expurgar você de meu corpo,
vivo ou morto.

Como arrancar você de mim,
se estou cheia de você?
Se tem farpas suas em todos os meus cantos,
em todos os meus contos,
em todos os meus versos.

Se tem restos de sua saliva na minha boca,
estrepes de você nas minhas unhas,
ódio de você infeccionando minha alma.

Como tirar você da minha vida,
se não tenho mais vida?

Quando se odeia o próprio amor,
não se quer matar
se quer é morrer(Marilda)

II

Morrer não adianta.
Cada farpa de mim
continuará em tua alma
e ainda que o fim fosse
um fato consumado
eu perduraria no teu pó
além do tempo en que fui amado.

Se tu queres ser o nó
eu serei a corda
onde está amarrado
teu ódio e tua ira
que eu chamo de amor
e alimenta o gosto
que minha boca tem provado.

Se vais me odiar até a morte
hei de matar-te toda noite
e acordar dia a dia
no teu seio acomodado(Douglas)


III

Tu mentes!
Tua mente é doente
teu beijo envenena
teus braços, algema
teu semen, praga.

Te amei com suavidade vaga,
lambi teu suor,
salguei tua carne,
mas hei de te odiar
com fúria das tempestades,
te queimar com a ira dos raios
e povoar tuas noites com pesadelos.

Quando acordares ao meu lado,
com teu corpo dolorido,
vais desejar ter morrido, bandido! (Marilda)

IV

Se digo mentiras
é por que gostas de ouvi-las
sussurradas em teu ouvido,
de costas,
enquanto minha doença te infecta
e meu veneno te cura
meus braços te prendem
e tua pele sua
untando-me de ti
iluminando raios
cantando trovões com canções
em fá sustenido
e quando eu acordar dolorido
vais me ver ao teu lado
e ao invés de bandido
dirás: - Bom dia, querido! (Douglas)

V

Então venha, desgraçado!
Me detenha, meu amado!
Arranca essa mágoa
que de mim se apossa,
extraia essa dor
que me empossa a boca
cessa o estertor
que embarga essa voz rouca.
Impeça meu grito,
minha fuga,
meu suicídio.

Te amarei por hora,
morrerei depois
com sempre foi(Marilda)