RUA 13


O beco é escuro…
Rua 13…Rua 13…
Bocas que sugam sangue
Olhos que choram sangue
Solidão e miséria.

É noite…
Sinto qu’é noite.

Não porque o sol s’escondesse
Não porque a sombra descesse
Mas porque no meu coração
O brado dessa miséria
Se fundiu, se faz sentir.

É a noite que nos arrasta.

Não é só a noite…

É noite. Uma noite espessa, sem paz.
Sem Deus, sem afagos,
Sem nacos de pão, sem nada.

Uma noite sem distâncias…
Apenas noite.

Mas por trás dos altos montes
A aurora vem surgindo.

Tudo o que à noite perdemos
O dia nos traz novamente.
Surgem aves chilreantes
Badalar manso de sinos
Cantos suaves do mar.

No alto da Rua 13
Brilha tremendo uma luz.

É o sol…A esperança,
Que um dia aquela rua
De almas sem luz e sem sol
Também veja o alvorecer.