Poesia Dia insosso

Dia insosso

O dia amanheceu de mansinho
sem alarde,
como um passarinho
que acorda tarde.
Não deu um piu,
não se anunciou,
não fez frio
nem esquentou.

E foi passando assim
bem devagar
como se durasse uma eternidade.


Lá pelas dezessete
tomei um pingado
comi um chineque
que dia gozado...

A hora do Ângelus
passou sem trombetas
e no mesmo trilho
a noite veio,
preta, sem brilho.
Que dia mais feio.

O sono perdeu o trem das onze
quem sabe chegue de madrugada
já estou meio zonza
de tanto não fazer nada.