La Mer - de Tonicato Pereira

La Mer 
para Jairo Pereira e Achille Claude Debussy

choro neste dia claro estas incontidas marinhas lágrimas
na ponta da pedra debruço-me em minhas vagas de mágoas
depois vou até os píncaros deste incandescente azul celeste
junto-me ao vôo do gavião e ao seu prestigioso bico agreste

Debussy e seus timbres marolam águas, marés indo e vindo
é La Mer no alto de mim, o céu daqui é este precipício lindo
vontade de me jogar céu abaixo, mar adentro, no olhar da raposa
para brilhar na água com o pó de ouro do poema de Cruz e Souza

mas não, Oh! Grilhões, por que me apertam como a um parafuso
meus pés presos ao chão estão, minha cara presa ao horário fuso
sou apenas a inveja dos pássaros no céu, das baleias no mar
dos acordes do músico a dedilhar notas em mim, soltas a farfalhar

preciso doar o ruído do vento ou a planície a quem passar manso
aquele que pingar sobre mim o amor ou a morte como descanso
preciso partir meu corpo em milhentos pedaços doando-o à minhoca
dá-me o penúltimo sorriso da flauta, para ir feliz a minha última toca

Curitiba, 25/08/2010
Tonicato Miranda

Poetrix na Bienal de São Paulo

Poetrixtas unidos jamais serão vencidos!

Antonio Carlos, Marília Baetas, Carmelita, José Walber, Vicente Cariri, Goulart Gomes, Regina Lyra, Rosa Pena, Marilda Confortin


Fiquei olhando aquela imensidão gente e de livros e por um momento duvidei do que dizem por aí: “O brasileiro não lê”. Se não lê, como é que publicam tantos livros? Porque existem tantas feiras? Se desse prejuízo, porque esse mercado estaria tão aquecido? As editoras não fazem caridade...

Os espíritos e os vampiros invadiram a Bienal. Com certeza, os livros mais vendidos foram o do Chico Xavier e os da série "Crepúsculo", de Stephenie Meyer. Outro tema muito explorado, foi a culinária.

Um estande que também atraiu  muita gente, foi o do livro digital. As crianças ficaram muito curiosas com os aparelhinhos de leitura digital. É o futuro.  

 Lilian Maial e eu


Goulart Gomes, pai do Poetrix, eu e Rosa Pena que lançou seu livro de crônicas Tarja Branca, uma leitura muito agradável.
Até que enfim conheci pessoalmente essa turma. Nossa amizade já dura uma década. Quem disse que não se faz amizades sinceras e duradouras nas Internet?

Nossas antologias foram lançadas com sucesso. Deixo aqui umas iscas do Poetrix. Se gostarem, eu tenho exemplares para a venda.

H2OMEM

Calor, frio, sede, fome.
Excesso e escassez.
Difícil o guri virar homem.
(Rosa Pena)

BABEL

no alto da torre
sob o céu, ela e eu:
mistura de línguas
(Goulart Gomes)

LAVADEIRA

esfrego o peito na pedra
coração pra quarar
tua marca não sai
(Lílian Maial)

VIDAS CRUZADAS

... e só tu caminhas
pelas curvas e linhas
da palma de minha mão
(ACM - Antonio Carlos Menezes)

PULMÃO DO MUNDO

eterna esperança
ah! Mundo bandido,
a Amazônia expirra
(Marília Baetas)

SECA

Na sede que me abafa
Procura intensa pelo líquido
O leito do rio sem água
(Regina Lyra)


NATUREZA MORTA

no oco do tronco decepado
uma arara ferida
choca um machado
(Marilda Confortin)

Tchello de Barros



Cálice de silêncio

Cálice de silêncio
 
matei minha saudade a grito
a soco
a pontapé
chute no saco
tacle no pescoço
pontaço no peito
sete tiros da cabeça ao pé
depois da chacina
já sem a gana assassina
chorei atrás da porta
de saudades da morta
mesmo sabendo que ia dar em nada
chorar sobre a lágrima derramada

Antonio Thadeu Wojciechowski