Passos no final da tarde - de Tonicato Miranda

de Tonicato Miranda 
às mulheres que amo e sempre amarei

Quando vou andando
no final da tarde
caminho sempre solto
totalmente envolto
pelo calor se esvaindo
de um Sol que já não arde
Quando vou andando
no final da tarde
vou sempre pensando
nela e nos pássaros
a seguir meus passos
indo por pedras sem alarde
Quando vou andando
no final da tarde
de um dia bonito assim
que não queria ver o fim
penso como a vida é breve
e quão bela esta parte
Quando vou andando
no final da tarde
sinto no peito uma alegria
sou esta luz a gritar o dia
retardando para não deixar
a noite vir e roubar esta arte
Quando vou andando
no final da tarde
o coração parece todo pulsa
esta bela emoção avulsa
tenho saudade de ainda há pouco
sou um marciano sem Marte
Quando vou andando
no final da tarde
vou com meu músico mais dileto
tocando a música muito perto
meus ouvidos ouvem mais
músicas vindas desta tarde
Quando vou andando
no final desta tarde
vou amando como jamais amei
este amor de plebeu ou de rei
parece vai explodir-me no peito
de tanto que padece em amar-te
Quando vou andando
no final da tarde...
Curitiba, 29/11/2011
Tonicato Miranda

salada & leitura

Salada e leitura

Por Marilda Confortin


Ler é como comer salada. Todos sabem que é um alimento indispensável para a saúde do corpo e para o desenvolvimento da inteligência, mas poucos comem. E para piorar, muitos passam esse desgosto, esse desprazer para seus filhos, netos e alunos. Aí quando a criança fica fraquinha, apática e atrasada, os adultos começam rezar aquela velha ladainha: “tem que ler, tem que ler”. Rezar sem fé não adianta. Falar sem crer é mentir. Teorizar sem praticar é demagogia.  

Todos nós somos atraídos pela apresentação do prato de salada e pelo ritual do preparo. Se a criança vê diariamente um adulto satisfeito na cozinha, escolhendo as melhores folhas, misturando cores e formas diferentes, experimentando, sorrindo de prazer e arrumando a mesa com aquele belo prato em destaque, com certeza vai querer comer aquela salada gostosa. E não desenvolverá preconceitos contra pepinos, abacaxis e rúculas, porque saberá que algumas amarguras e acidezes são os temperos da salada da vida. São referenciais para doçuras, nos fortalecem e apuram os sentidos.  

Assim é a formação de leitores na escola. Começa pela cozinha, digo, pela biblioteca. 

Deve ser um lugar agradável, iluminado, limpo onde o estudante possa ir e vir mesmo que ainda não esteja faminto. Abrir o apetite é fundamental. Não se deve enfiar livros goela abaixo. É indigesto. A curiosidade e a fome despertarão naturalmente ao observar professores e outros estudantes da sua idade devorando prazerosamente pilhas de livros.

O acolhimento é muito importante. Ninguém deve ser empurrado ou enxotado da cozinha, digo, da biblioteca. O estudante ou professor precisa se sentir querido, acolhido naquele espaço. Precisa saber que aquela sala faz parte da sua escola tanto quanto o pátio, a sala de computadores ou a cancha de esportes. Deve sentir confiança na pessoa que “cuida” da biblioteca, pois sabe que ela é competente, capacitada e principalmente gosta muito de salada, digo, de leitura. 

Nem todas as folhas servem para fazer salada. Algumas são até venenosas ou quando mal escolhidas podem conter ovinhos de preconceitos que se desenvolverão feito pragas na cabeça  do leitor, transformando-o num adulto doente. Por isso é importante escolher muito bem as folhas dos livros servidas na biblioteca.

Mas, nem só de folhas, se faz uma salada. Pode misturar legumes, frutas, massas, molhos, etc. A biblioteca deve oferecer uma diversidade atraente que atenda todos os gostos e idades. Dos paladares iniciantes aos mais sofisticados e introduzir gradativamente outros repertórios no menu. Além dos clássicos repletos de saudáveis e deliciosas folhas de papel, deve-se oferecer também as contemporâneas e recém nascidas folhas de papel virtual, na forma de livros eletrônicos, blogs e portais. Para os resistentes ou aqueles que se atraem mais pelo recipiente do que pelo conteúdo, a biblioteca deve oferecer opções chamativas, no formato de contação de história, recital e varal de poesia, gincana e oficina, clubes e grêmios literários, filmes, música, dança, teatro, pintura, escultura, jogos, computador, enfim, depois que pegar gosto e descobrir que se pode adquirir conhecimento de muitas maneiras, o estudante não dará mais tanta importância para a cor ou formato da tigela da salada. 

Fácil despertar o gosto pela salada e pela leitura, não é? Esse foi o desafio dos nossos pais e professores. Somos filhos do século passado. Por isso a maioria de nós come pouca salada (só quando adoece) e lê menos ainda (só livros de auto-ajuda para amenizar as dores ou apostilas de macetes para passar nos concursos).  Somos uma geração raquítica...

Se a receita acima pareceu difícil, veja o que esse novo milênio espera de nós, de nossos filhos e de nossos alunos:  

- O indivíduo que não desenvolver a capacidade de acessar a informação nas mais diferentes e complexas mídias, estará fora do mercado de trabalho;
- O indivíduo que souber acessar a informação, mas não conseguir compreendê-la, criticá-la, classificá-la em boa ou má, útil ou inútil, estará fora do mercado.
- O indivíduo que souber acessar e compreender a informação, mas não conseguir traduzí-la de forma objetiva e clara, na forma verbal e escrita, estará fora do mercado
- O indivíduo que souber acessar, compreender, traduzir, mas for tímido ou egoísta suficiente para não compartilhar e não produzir novas informações, será demitido ou falirá sua empresa. 

Este é o desafio da nossa geração: Formar cidadãos leitores e escritores, capazes de acessar, compreender, produzir, reproduzir e compartilhar informações, sem explodir o planeta.
Sem energia para encarar? Coma mais salada. Leia e escreva mais...

MAR(ILDA) - por Sérgio Edvaldo

Amigos são tudo de bom. Sérgio Edvaldo é um poeta de Presidente Prudente.  Costumamos nos encontrar nos saraus da vida. Me presenteou com esse poema. Obrigada, querido.
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Uma pausa na resenha sobre a teoria de Piaget.
(é por isso que saiu assim... rs... beijos)

MAR(ILDA)


sentada na areia
em tardes de Itapuã,
a menina contemplava
o mar.

cheia de si naus
vazia de solidão urbana,
com...tem...pla...va
o mar e suas ondas
sem garrafas-correio...

sentada na areia
em tardes de Itapuã,
a menina passsssss...mou-se
em ver como era pequeno o mar
(na medida de um abraço)...

e cheia de si naus
no peito um batel, leme lento,
a menina se lembrou que Moisés
abrira o mar vermelho,
e riu eternamente...

o mar menstruava
azul em seus olhos.

(Sérgio Edvaldo - 6/11/2011)
Sérgio em Armação - SC - no Sarau do Lancelot
 

Apurando os sentidos


Manhãs têm gosto de orvalho.
Pequenos Quixotes lutam contra as ondas. 
Crianças: Adultos ensaiando tsunamis.
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A tarde tem cor de sol.
Garotos pedalam na orla curvilínea. 
Adolescentes: Homens praticando amor com suas magrelas.
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A noite tem cheiro de maresia.
Namorados ensaiam pecados nos muros. 
Amor: plânctons que fluoresce no escuro.
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Bienal 

Muita gente falando ao mesmo tempo
e as palavras - mudas
presas nos livros.

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Praça da Poesia

Primeiros estranhamentos: Jovens poetas manoeldebarrosando insignificâncias.
Últimos entranhamentos: Velhos poetas ainda buscando significados nos signos.

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Poetas X críticos
O crítico fala, embasa, explica e disseca a poesia como se fosse rã.
O poeta cala, engasga, extirpa e seca suas tripas como se fosse lã.

(Marilda Confortin - 10ª Bienal do Livro - Salvador - BA - 11/11)

Crônicas de Itapuã I

O sol nem acabou de derreter no mar de Itapuã e lá veio aquele fiapo de lua, uns três palmos atrás seguindo a mesma trilha. Mas não há de ver que está correndo atrás do sol, aquela baianinha arretada? Pensa que não vi, é? Vão se esconder no escuro, lá embaixo da noite, né...

Adalberto há mais de uma hora sentado na mesma pedra que eu, assuntou:

- Ta ouvindo a pedra que ronca?

Contou que nasceu em Cachoeira e agora mora em Salvador. Todo o dia 25 de junho, Cachoeira vira capital da Bahia, me disse orgulhoso de sua terra natal. Me contou sua vida toda. Não foi uma história triste, não.

Crônicas de Itapuã II

Outra coisa muito boa foi uma cachacinha que tomei. Indicada pelo Bojan, um esloveno que trabalha seis meses aqui e seis meses na Eslovênia. Ele e sua mulher Liomar gerenciam a Pousada Poesia onde me hospedei. Eita lugarzinho gostoso. Bem que eu podia morar aqui, namorar aqui, morrer aqui.
lendo o livro Minha guerra alheia, da Marina Colassanti - na piscina da pousada que tem vista pro mar e um portãozinho no muro que já dá na areia.

Crônicas de Itapuã III


Ontem fui passear de SalvadorBus, um ônibus turístico de dois andares, igual ao de Curitiba.

O ponto do ônibus era perto da praça do Vinícius. Passei lá e dei um abraço nele. Contei que você anda ouvindo o Samba da Benção, que tem saudades da Bahia de outros tempos, que tem andado muito triste e isto me preocupa. Ele deu aquele sorriso de poeta fingidor e começou a falar aquela parte da música que os homens adoram e as mulheres detestam:“Uma mulher tem que ter qualquer coisa além de beleza. Qualquer coisa de triste, qualquer coisa que chora, qualquer coisa que sente saudade. Um molejo de amor machucado, uma beleza que vem da tristeza, de se saber mulher, feita apenas para amar, para sofrer pelo seu amor e pra ser só perdão”.

Pópará, seu Vinícius e seu Ton(icato). É melhor ser alegre do que ser triste, vissi? Isso de mulher ser feita pra sofrer pelo seu amor e ser só perdão é resquício da escravidão. Masoquismo puro. E homem que idolatra esse tipo de mulher é aquele tipo que casa com uma Amélia pra ter filhos e tem dúzias de amantes pra conseguir sobreviver (pensa que é Vinícius). E se não tem, fica azedo, mal humorado e tão infeliz quanto a esposa. 

Ele disse que é por isso que estou sozinha. Pode ser, meu poeta. Mas não vou me fazer de besta só pra segurar marido, não. Estar só é uma arte, uma necessidade, todo poeta sabe disso. Somando todos os momentos que passei acompanhada por pessoas interessantes que depois seguiram seu rumo, cheguei a conclusão que tenho mais horas felizes do que a maioria das mulheres casadas que conheço. Até porque a maioria das esposas não conhece o próprio marido e a maioria dos maridos deixa de se interessar pela esposa assim que ela se torna mãe.  Viver uma vida inteira com uma pessoa só e não conhecê-la é um desperdício de vida, é quase um crime. Mas isso não tem importância nenhuma nesse momento. Vamos mudar de assunto, poeta. Que tal dar uma volta em Itapuã, tomar uma cachacha de rolha...

Vinícius não pode passear comigo. Estava todo amarrado, preso em fitas de isolamento. Disseram que prenderam ele porque andou aprontando umas por aí e não que mais ficar plantado naquela praça conversando com turista besta feito eu. Senti pena dele preso daquele jeito. Que dó. Um poeta que sempre prezou tanto pela liberdade...

Tardes em Itapuã IV - Orixás

O tempo virou mesmo. Os últimos dias foram  de vento forte e chuva. Muita chuva. O povo daqui diz que fui eu, a curitibana, que trouxe esse temporal fora de época pra cá. Poderosa eu. Só não consegui fazer o tempo esfriar.  Tudo esquenta por aqui...
A pousada tem uma biblioteca. A maioria dos livros é de engenharia e no idioma esloveno. Na pousada Poesia, na rua da Poesia não tem livros de poesia. Pode? Inconcebível. Já registrei minha queixa e os simpáticos donos da pousada vão tratar de por poesia nas prateleiras e paredes.  Começando pelos meus livros de deixei eles.
Tempo feio...
_ O Tempo dá, o Tempo tira, o Tempo passa e a folha vira.

Quem me falou isso foi uma soteropolitana chamada Jacira...

Boia Fria


Poema de Hercio Afonso de Almeida

(Foto: Daniella Rosário)
São dobras por onde ando,
em passos, relento.

Vejo gente, vejo sobras,
cumprem penas, passo lento.

É um sorriso falho,
morto, sem dentes.
É um olhar pedinte,
uma vontade em súplica.

É a mão calejada,
enxada perdida,
uma cana queimada,
um corte, tanta gente.

E rola o filme
e passa a vida.
Arde o fogo
na queima da cana.

É o sangue que rola,
a mão que despede,
a boia que esfria,
o filho que desperta.

E vejo tudo, contemplo.

E passa gente
e passa cão.

Ninguém vê!
É tudo sempre igual.

(do livro: Minha primeira vez - Brincando no horizonte da palavra)

Manipulação - Sérgio Edvaldo





o amor tem olhos
sabedoria farmacêutica:
não entende patavina
do que está escrito
nas linhas da vida,
mas acerta na dosagem...
e a droga amor sempre cura!


(Sérgio Edvaldo Alves)

Tristeza na bandeja
- de Tonicato Miranda


 Minhas lágrimas para você são assim:
duas gotas doces, três gotas rosa-alface
lenço perfumado, cinco sorrisos distraídos
não há tristeza no meu olhar, nem face
Na prateleira da geladeira tem uma goiaba
guaraná e queijo, o vento gelado de ontem
muitos vazios e a lembrança doce da amada
o seu pudim pedindo a boca: vem aqui, vem
Minha tristeza pensando nela é jazz puro
dedos de pianista martelando com vigor
música sem ter tempo para apagar o dia
ou avançar noites, pois é tarde, é amor
Apenas quando a canção acalma e deita
dispondo-se sobre a mesa, como bandeja
lá onde muitas são frutas e notas musicais
uma última lágrima cai, minha voz gagueja
Vou sair desta sala devagar como quem
nela não entrou, nada provou, ou deixou
vou partir com o sax e o piano – piano, piano
deixando só quem nunca me amou, ou, ou,ou...
Curitiba, 4/9/2011.
TM

Poetrix na Feira de Livros


Feira de livros em Santa Cruz
 

Manhã setembrina.
Abelhas volteando sobre meu livros.
Será que sai mel?
 (Anair Weirich)

 =0=

Na Feira de Santa Cruz

Enxame de leitores.
Poesia poliniza.
Poesia polemiza.

 (Marilda Confortin)

=0=

Abelha no livro
O zangão anda zangado
Colméia sem bóia.

Abelhas nos livros
Faltam flores na floresta
Consciência morta.
  (Vilmar Daufenbach) 


 =0=
Essas foram algumas das brincadeiras escritas nesse final de semana com poetas chapecoeneses. Anair, prima, na feira do Livro em Santa Cruz, teve seus livros atacados por abelhas (seus livros são perfumados) enquanto travava uma conversa sobre o Poetrix com um escritor local. E Vilmar, diz que não sabe escrever poetrix nem haicai por isso criou um novo tipo de terceto terá como regra falar de concreto, asfalto, plástico ou algo que impacte no meio ambiente.  Kigo urbano, Vilmar?  😅

Na terra de Condá
os postes nascem de sementes.
Árvore cá não dá.
(Vilmar Daufenbach)

=0=

Vil Mar

Zangão não faz mais mel.
Só poesia concreta,
ferroada e fel.
(Marilda Confortin) 

SEQUENCIAL PARA UMA CONTEMPLAÇÃO ABSTRATA

Altair de Oliveira

Pressinto a festa que infesta os olhos
que bebem saias que sugerem vôos
de flores tintas que animam cores
de aves raras com motivos vivos
que giram loucos nesta dança rouca
e tomam a tarde feito revoada
inesperada de alegrados risos
de nove noivas soltas na calçada.

Poema de Altair de Oliveira – publicado no livo "O Embebedário Diverso."

Pedra bruta

 
Não sei se o que escrevo é poesia. Sério. Sou muito vadia para as coisas sérias. Se tiver que trabalhar a escrita para ficar bonita, to fora. Agora, se brota eu colho. Semeio fins. Se joio ou trigo não ligo. Lavro. Aro. Arre! Comigo é no grito, no braço, no instinto. Se flui, sorvo. Se estorva, vomito. A mente capta. Às vezes com sente. Noutras só mente. A gramática me poda, mas não mata. Erro sem culpa. Desculpa se ofendo. Vendo os olhos e escrevo. Cega enxergo por dentro. Sentimento não tem acento nem regras. Nasci do pecado. Tem um lugar reservado pra mim, lá nos confortins dos diabos. 
Marilda confortin

Sobre nós e elos

Gravação ao vivo da Rádio Rock, da minha parceria com Edgar Renee. Esse guri é muito bom. Ainda vão falar muito dele nessa cidade. Tenho certeza. Espero o CD, Edgar

Por uma Hogwart em cada bairro - Goulart Gomes

por Goulart Gomes*

 Que podemos esperar de uma criança que teve os seus pais assassinados por um bandido, que carregará pelo resto da vida as cicatrizes – no corpo e na alma – desse crime e que, além disso, é humilhada pelos parentes mais próximos e obrigada a dormir em um cubículo sob a escada da casa, que leva ao andar superior? Muito. Se ela tiver acesso uma boa Escola. Se você lembrou do bruxinho Harry Potter, acertou.

A Escola de Hogwart transformou a vida do garoto, que poderia estar condenado a ser um fracassado. Lá, ele esteve em contato com o Conhecimento, que leva ao Saber, estudando disciplinas que foram decisivas em sua epopeia, preparando-o para ser um grande bruxo (ou um grande profissional, se preferir). Mas não apenas isto. Na Escola de Hogwart ele teve a oportunidade de conhecer grandes mestres, que também lhe deram lições de coragem, honestidade, sinceridade, altruísmo e confiança.

Foi na Escola que ele fortaleceu amizades que durarão para sempre, pessoas que sempre estão ao seu lado nos momentos mais felizes, e nos mais difíceis, também. Afinal de contas, amigo é para sorrir e para chorar, juntos. Na Escola ele teve que se defrontar com inimigos, e realizar mais um aprendizado:  ser digno e leal, mesmo quando os adversários não comungavam com estes valores.

A Escola transformou a vida de Harry, positivamente. É por isso que precisamos ter uma Hogwart em cada bairro, de cada cidade do país. Boas escolas, com professores preparados, valorizados e dedicados a contribuir para transformar cada aluno em um heroi da sua própria história: cidadãos respeitáveis, que se não salvarão o mundo, como Harry, poderão transformá-lo significativamente, vencendo as vilãs que jamais deveríamos dizer o nome: a Ignorância, a Miséria e a Desigualdade.

Além do mérito de ter conseguido fazer com que milhões de jovens despertassem o prazer pela leitura, Joanne Kathleen Rowling, a autora da série, nos deixou um grande legado ao demonstrar como a Escola é um maravilhoso espaço de transformação social e de formação de cidadãos livres, construtores do seu próprio Destino.

* Goulart Gomes é escritor, professor voluntário e teve bons mestres. (Texto disponível em www.goulartgomes.com)


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GOULART GOMES, o criador do Poetrix
2011: 27 ANOS DE LITERATURA 

Retrato na parede - de Tonicato Miranda


de Toncao Miranda, para Tonicato Miranda
poderia ir à selva; à relva; à trégua; a léguas de vidas
mar adentro, céu afora, aos píncaros, ao subterrâneo
fugindo poderia lampiar o caminho com despedidas
mas pra quê se a saudade dói, se há um tango sincero
pendurado no ouvido, deixando-me louco, instantâneo
vou ficando por aqui, reforçando o solitário e triste elo
lambendo qual cachorro guapeca as próprias feridas
vou ficando por aqui, a cara mais face do que crânio
no retrato da parede, sou narciso re-inventando o belo

bagagem literária

Mala pronta. Embarcando com Daniel Faria para fazer uma poesiarada em Ivaiporã, no encerramento do PDE dos professores do Estado. Pé na estrada!

BAGAGEM LITERÁRIA? 

Bobagem...
Nessa viagem, leve um coração leve
e sobre-tudo, um olhar de veludo

(marilda confortin)

Poetrix + Haicai = Haitrix

A noite de ontem foi muito quente. Infernal!  
Foi a grande estréia poética do Álvaro Posselt nos bares curitibanos. Fizemos nosso "jogral" de Hai-Trix, Delícia! 
O cenário, uma exposição das fotos maravilhosas do Ricardo Pozzo. 

Noite de inverno
um chopinho bem gelado-trix
é servido no inferno
(Álvaro Posselt)
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Eterno Inferno

Se me chamas
Ascendo aos céus
Ardo em chamas
(marilda confortin)
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Haverá de ter, no final da jornada
qualquer coisa melhor
que o nada?
(Ricardo Pozzo)

Nhentos tercetos de todos os tipos e autores de sobremesa, sobre a mesa
Daniel Faria e Gegê Félix tocando, cantando e declamando suas composições impecáveis.

Na hora do microfone aberto, os destaques foram os poetas Adriano Smaniotto e o Carlos Henrique ( o Hique). Mandaram muito bem, como sempre. A platéia já sabe até pedir poemas deles pelo título, como se fossem músicas. E é música. Afinada, afiada. De primeira!

Bar cheio de amigos, mensagens e boas vibrações dos que não puderam ir e um poema provocativo do querido multi artista Retta Rettamozo:
 

Ai ai ai

Nosso amor é um hai kai
Mas eu te prometo meto meto
Um amor maior que um soneto
(Retta)



respondi assim pra ele:


Não arRetta, Retta...

Mais que hai kai  poetrix ou soneto
nosso amor é poético, épico, 
não cabe num terceto.
(Marilda)

VALEU!   

Anair Weirich - poeta chapecoense

Anair é uma batalhadora. Vive da venda de seus livros e de ministrar palestras e oficinas principalmente em escolas e feiras de livros. Sempre tendo a poesia como foco principal. 
Está virando especialista na área motivacional e infanto-juvenil. Admiro-a. Foi ela quem me deu um ponta-pé na bunda pra eu começar a mostrar as coisas que escrevo. Foi ela quem inscreveu um poema meu num concurso nacional, onde tive a surpresa de ser classificada. Não sei se isso foi bom ou ruim, mas ela foi responsável por arrancar  meus textos dos discos rígidos dos computadores e espalhar minha senha poética por aí. 

E aqui está ela, declamando um dos seus poemas infanto-juvenís numa escola.

Tudo encurta

Por Vilmar Daufembach

Esse inverno tudo encolhe:
O pensamento não vem,
As palavras se detêm,
E toda a nudez se tolhe.


Encurta o riso, o humor,
E tão pouco amor se faz,
Quase nada nos apraz,
Todo osso sente dor.

Corpos deitam separados,
Pés gelados, bundas frias,
Mãos passeiam arredias,
Não reagem, os agrados.

Os banhos são torturantes,
Que se danem os asseios!
Pois que lacram todos os seios
Em seus bojos redomantes.

Deitam as matas ciliares
Sobre a fonte da entranha,
Ao mergulho, não se assanha:
Barram as redes circulares.

Cá no sul da nossa esfera
Cede o verde ao branco giz,
Tanto frio torna petiz
O que já pequeno era.

Casacões, mantas de lãs,
Ceroula, boné, pijama...
Como é bom ficar na cama
Nessas gélidas manhãs.

Esse frio que aqui impera
Desgrenha, enruga, arrepia,
Hibernar, melhor seria,
Só voltar na primavera.


Presente de Ana Lúcia Gouvêa da Silva

Recebi o poema abaixo de uma leitora, poeta, chamada Ana Lucia. Ela usou somente os títulos dos meus poemas publicados no livro Busca e apreensão para fazer essa bela construção poética. Muito interessante e criativa. Resumiu meu livro e meus sentimento. Fiquei bem quietinha, só curtindo. Ana estranhou meu silêncio, perguntou se eu não tinha recebido, ou se não tinha gostado. Bom, eu não sei o que fazer nessas horas... me calo. Depois que passa, só posso dizer que é muito bom ser homenageada (ou HomenaGeada, como disse o Retta).
Receber esse retorno de leitores, anônimos e amigos é meio assim como ser algemada na cama e receber prazer, imóvel, gratuito... rs. Me permito o orgasmo silencioso e guardo todos esses carinhos recebidos no melhor lugar do meu coração. Pra poder me aquecer nos períodos de estio, guardo também aqui, no blog, no menu das coisas de amigos. Revisito sempre que preciso me fortalecer ou quando me bate a saudade.

Busca e apreensão

por Ana Lúcia Gouvêa da Silva 

             
Procura-me
garoto tolo.
Quando eu te encontrar novamente,
na morada, sem medidas.
Ouriço, coisa besta.


Inconveniente,
quase amor a flor da pele...
Amor e ódio,
dolorosa lembrança!

Poesia abortada, olhar suicida
poço...
Validade vencida.
Fingida.

Ato de punição,
vinho velho,
pesadelo,
descrença.
Ato de contrição.

Hoje, amanhã
Segredo.
Com fusão...
Vítima, dia após dia...

A lua e eu,
submissão criminosa.
Sinais da noite,
conversas com um velho rio...

Estradinha de terra,
óleo sobre a tela...
Temporal.
O acaso não existe por acaso

Um brinde aos poetas!




MUITO OBRIGADA ANA.
BLOG DA ANA LUCIA: www.poemasanalu.blogspot.com 

Nada há além da arte e do belo – ampliando conceitos

A arte “underground”, desde Andy Warhol, artista de expressão mediana, mas superestimado por alguns grupos culturais, que produziu alguns ícones tidos pela mídia como de forte impacto social. A arte indígena, massacrada em sua inocência pela estética do mercado de consumo ocidentalista. O próprio artesanato utilitarista ou não. Todos foram sendo dizimados pelos ditames das culturas dos vencedores. No entanto, resgates foram realizados por antropólogos, por indigenistas, por museólogos; resultando, então, na montagem de acervos especiais, quando não em sala ou edificação exclusivas para este tipo de arte de um povo ou de parte dele.

Homen na geada ou Homenageada?

Rettamozzo e Marilda Confortin no Wonka

Mas não é que o Retta resolveu me homenagear e andou musicando uns versos meus?  Eu credito e endosso tudo que o Retta faz seja em tela, verso, prosa ou música.
Ele chamou esse acontecimento de HOMEM NA GEADA - é muito criativo esse artista. Demorou pra cair minha ficha.
Então, sem combinação nem anágua, vamos lá no Wonka amanhã pra vê no que vai dá. Diversão garantida.

Coisas do Retta.

Só acontece nas Segundas Autoriais do Bardo Tatára

    
Isso aconteceu na Segunda Autoral do Bardo Tatára. Gravei um trechinho só, com meu celular, perdoe a qualidade ruim, mas procurei alguma gravação do Jambo na Internet e não encontrei nada. É imperdoável pois ele é muito bom. Fazia mais de um ano que eu não o via/ouvia., ele foi embora de Curitiba... Estávamos com saudade, amigo.

O Jambo tem um estilo de tocar violão clássico misturando com  flamenco e MPB, além de compor e cantar maravilhosamente bem. É o tipo de músico que explora todos os recursos do violão e da vóz, até mesmo onde as cordas não alcançam. Se alguém tiver um clipe melhor dele, por favor me envie, pois esse não está à altura desse "monstro".

Outra novidade dessa segunda autoral, foi a presença do artista Carlos Trincheiras, devidamente caracterizado, pintando ao vivo as músicas que estavam sendo interpretadas no palco.  Carlos é português, morou um tempo em Curitiba, depois correu o mundo fazendo exposições de suas obras. A semelhança do nome não é mera coincidência. Ele é filho de Carlos Trincheiras, o mais famoso coreógrafo do Balet Guaíra. No foto abaixo, ele aparece pintando um exército de samurais enquanto o Jambo tocava e o Rafa Gomes cantava "Quase", a música que tem parceria comigo. No final da noite, suas telas foram leiloadas. Eu comprei essa belezura para presentear ao meu filho Ébano. 
Carlos Trincheiras - pintura de música, ao vivo
 Também filmei com meu celularzinho pra guardar de lembraça a cena inusitada da minha roqueira preferida, a Francine, de pé quebrado,  cheia de ferragens e muletas, cantando com o Tatára.
 

FRASES DO FRAGA

adoro esse cara. só entro no twitter para ler os flagras do Fraga


- Ir da casa pro trabalho, do trabalho pra casa, não é um projeto de vida. É só trajeto.

- Nada de se queixar de frio no trabalho. Lá fora faz a mesma temperatura para os desempregados.

- Língua presa se resolve ao soltar o verbo; rabo preso se resolve ao negar alvará de soltura.

- Pra multiplicar o patrimônio, vale tudo; pra dividir, basta o matrimônio.

- Pediu, levou: opinião não se devolve.

piegas como le gusta

por Raul Pough

deixou-se envolver
pela prenda mais faceira

agora é tarde...

não adianta querer
tapar o sul com a peneira



Quase

Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém (...)

Mário de Sá Carneiro