DIA DA ÁGUA 22 DE MARÇO

Com tantas enchentes e tsunamis no mundo, foi difícil comemorar o dia internacional da água. Para afastar a tristeza por alguns instantes, deixo aqui um poema do bom e velho poeta português,  Manuel Maria Barbosa du Bocage.


A Água

Meus senhores eu sou a água
que lava a cara, que lava os olhos
que lava a rata e os entrefolhos
que lava a nabiça e os agriões
que lava a piça e os colhões
que lava as damas e o que está vago
pois lava as mamas e por onde cago.

Meus senhores aqui está a água
que rega a salsa e o rabanete
que lava a língua a quem faz minete
que lava o chibo mesmo da raspa
tira o cheiro a bacalhau rasca
que bebe o homem, que bebe o cão
que lava a cona e o berbigão.

Meus senhores aqui está a água
que lava os olhos e os grelinhos
que lava a cona e os paninhos
que lava o sangue das grandes lutas
que lava sérias e lava putas
apaga o lume e o borralho
e que lava as guelras ao caralho

Meus senhores aqui está a água
que rega rosas e manjericos
que lava o bidé, que lava penicos
tira mau cheiro das algibeiras
dá de beber ás fressureiras
lava a tromba a qualquer fantoche e
lava a boca depois de um broche.
( Bocage)

-=-=--=
e pra pedir perdão pela heresia deste post, rezo minha oração, subordinada que sou ao poetrix:


Água ben(di)ta

que farte aos beatos e ateus
que lave teus pecados
e também os meus


Amém.