..." e só funciona Curitiba se eu quiser" - Osso

Ouvi esse poema lá pelos idos de 2002. Foi quando conheci o Osso e a Cláudia, um casal simpático de músicos curitibanos, que me foi apresentado ou melhor presentado, pelo Raymundo Rolim. No mesmo dia, pedi para o Osso me dar uma cópia do seu poema. Ele escreveu um trecho do poema num guardanapo do Café & Cultura. Dias desses, revirando meus guardados, encontrei-o (o poema). O Osso e a Cláudinha faz séculos que não encontro. Onde estão essas figuras? Saudade...


PARO TODO O MOVIMENTO DO ESTADO
E SÓ FUNCIONA CURITIBA SE EU QUISER
Autor: Osso - poeta e músico curitibano



Se eu chegar em Curitiba aperreado
Faço logo um tremendo sururu
Eu adentro o palácio Iguaçu
Paro todo o movimento do estado
Vou mandar sair todos os deputados
De um em um pra o lugar aonde quer
Pra o lugar que melhor lhes aprouver
E com eles podem ir os seus favores
Vou mandar prender todos os vereadores
E só funciona Curitiba se eu quiser.

Itaipu vou deixar desmantelado
Vou quebrar as barragens e as turbinas
Quebro quadros e depois quebro bobinas
Para todo o movimento do estado
Transformador um por um deixo quebrado
Eu rebento toda torre que puder
Transmissão e toda linha que tiver
Eu estouro toda ela em meio dia
De Itaipu nunca mais sei energia
E só funciona Curitiba se eu quiser.
Prendo guarda civil, prendo soldado
Comandante e chefe do estado maior
O tenente, o capitão, cabo e major
Paro todo o movimento do estado
Vou deixar todo mundo bem pasmado
Acabando as forças armadas que houver
Tranco os bancos, deixo as zonas sem mulher
Tapo as águas do rio Piquirí
Corto o curso do rio Ivaí
E só funciona Curitiba se eu quiser.

Prendo médico, prefeito e advogado
Prendo juiz de direito e promotor
A embaixada, o senado e o governador
Paro todo o movimento do estado
Os correios, a imprensa, o consulado
Emissora eu não deixo uma sequer
Fecho as favelas, o Guairá, a Emater
Paro o trânsito, não passa mais ninguém
Da rodoferroviária não sai mais trem
E só funciona Curitiba se eu quiser.