Óleo sobre tela
Pouso meus olhos sobre
telas de Van Gogh.
Deito-me ao lado do
ceifador
e adormeço sobre feixes
de trigo.
Cena familiar.
Cedo ao sonho.
Retrocedo à infância.
Vejo-me criança, pura
feito a loucura do
pintor.
Inerte, braços abertos,
fingindo-me espantalho
no meio do trigal
maduro.
Um gérmen ainda.
Nem sabia o que era
poesia
e já sentia.
Os pássaros pensam
que meu cabelos brancos
são feixes de palha.
Espanto-os.
Da janela do sanatório,
Van Gogh se espanta e
pinta
corvos sobre o campo de
trigo.
Acordo.
Kurosawa sonha comigo.