XX ENCUENTRO INTERNACIONAL DE MUJERES POETAS




Agora é oficial e posso compartilhar essa boa notícia com os amigos e familiares: Fui convidada para representar o Brasil no XX Encontro Internacional de Mulheres Poetas no País das Nuvens - México. 

Recebi o convite e a confirmação do órgão organizador no início desta semana e estou providenciando o que me foi solicitado.

Sei que alguns astros da Via Láctea estão Bilacquiando: “Ora (direis)”, por que a Marildinha? Nem brilhante é. “E eu vos direi, no entanto,” usando palavras da poetamiga Helena Kolody: “Deus dá a todos uma estrela. Uns fazem da estrela um sol. Outros, nem conseguem vê-la”.

O XX Encontro Internacional de Mulheres Poetas de 2012 se realizará de 6 a 13 de Novembro. É presidido pelo poeta Emílio Fuego, do Centro de Estudos da cultura Mixteca, e tem a coordenação e apoio do Consejo Nacional para la Cultura y las Artes (CONACULTA), da Secretaría de las Culturas y Artes del Gobierno de Oaxaca (SECULTA), do Instituto Nacional de Bellas Artes (INAH), da Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM), dos Governos Municipais e comunidades indígenas da região Mixteca do estado de Oaxaca e de maneira muito especial, das famílias que há 20 anos recebem em suas casas, as poetas contemporâneas do mundo selecionadas para esse intercâmbio cultural.

A parte principal do festival será em Oaxaca, mas, acontecerão recitais, palestras e apresentações em escolas, universidades, teatros, praças e igrejas de outras regiões também, culminando com um grande recital no magnífico Palácio Nacional de Belas Artes, na cidade do México. Lá mesmo, onde estão os famosos painéis do Diego Rivera, no mesmo palco onde se apresentaram ícones mundiais como Maria Callas, Pavarotti e onde aconteceu o funeral da Frida Kahlo. Arrepiante!

Essa é a segunda vez que tenho o privilégio de participar desses encontros no México e a quarta vez que represento o país em eventos de poesia (Portugal, Nicarágua e México).


VIVA A POESIA!


Carnaval da Poesia - Nicarágua


Eu declamando no "poetamóvel", em Granada



Deu no jornal - Silvério da Costa

Com 4 meses de atraso, posto aqui a nota literária sobre meu último livro "Busca e Apreensão", escrita por  Silvério da Costa, publicada no Jornal Sul Brasil. Essas coisas inesperadas, deixam a gente muito feliz e eu nem sei como agradecer.


JORNAL: SUL BRASIL - 8 DE MARÇO DE 2012
COLUNA: FRONTE CULTURAL
COLUNISTA: SILVÉRIO DA COSTA

A FERA VOLTOU!

“Busca e apreensão, de Marilda Confortin, uma chapecoense radicada em Curitiba há muitos anos, é um livro de poesias que vai além da própria poesia, porque penetra nos meandros da psicologia, do destino do ser humano e das contradições da vida, servindo de embocadura para chegar à reflexão sobre a condição humana e a existencialidade, com tudo que tem direito, tendo o humor refinado e sarcasmo como linha de frente.

Marilda explora os diferentes caminhos da poesia, vinculados ao cotidiano, com uma forma de abarcar temas diversos, embora prevaleçam os de cunho mundano-erótico-libidinosos, regados a doses etílicas que deixam qualquer Baco de quatro, como forma de libertação.

“Busca e Apreensão” é um livro que olha para o passado, sem sair do presente, para revelar o futuro, porque enfoca o dia a dia do ser humano através de uma linguagem multifacetada e poliédrica, criando uma harmonia pluridimensional, com o envolvimento de grandes nomes da poesia universal como Florbela Espanka, Liminski, Neruda, Maiakówski e outros, misturando poemas prolixos com poemas sintéticos, como os que fazem parte do Movimento Internacional Poetrix (poemas de três versos), do qual Marilda é uma das principais cultoras. Ela é uma poeta plural, heterogênea, que mistura, sem pejo, tradição com modernidade, para elaborar suas ideias e transformá-las em poemas cujos versos têm, muitas vezes, uma só palavra, ou menos que isso, fragmentando-os, e unindo-os, e superpondo-os, formando novas configurações.

Marilda Confortin é uma poeta irrequieta, que busca na desordem do universo (seu e dos outros) o material para sua realização substancial, sem meias palavras, deixando claro o seu inconformismo com a lida e com a vida, sem falar das peleias metafísicas. Sua poesia é o resultado da inventividade e da insubmissão, usando para isso uma linguagem pícara e de duplo sentido, exercitada em jogos frasais e trocadilhos, valorizando a semântica e fazendo confluir para a concretização da poesia, uma poesia sem adereços, sem elucubrações e com endereço certo. As suas ferramentas são a sensibilidade e a competência, que a têm projetado para o Brasil e para o mundo. Parabéns! Vejam:

MÁ NOTÍCIA

O gato subiu no telhado
A casa caiu
O Universo entrou em entropia
E eu aqui esse frio
Fazendo poesia
De um lado pra outro
Onça enjaulada
Ainda não entendeu
Como caiu na cilada.

Eu só queria saber por que Deus
Deu sete vidas pros gatos
E só uma pra mim.


SOBRE HOMENS E DEUSES

Cala-te homem!
Não molestes os deuses
Com tuas perguntas tolas sobre as mulheres.
Os deuses são etéreos.
Nada sabem sobre seres de barro
Modelados por mãos humanas.

Tu me imaginaste e me esculpiste.
Tu sabes quem sou e onde estou.
Por que me buscas tão distante?

Esquece tudos o que sabes
E toca-me, cego, em braile.
Aguça o tato e trilha o caminho úmido
Que te conduz ao útero.

Já o percorreste uma vez
Quando eras esperma.
Lembras?

Adentra-me.
Por alguns instantes
Não será homem nem mulher.
Serás Deus.

Quando te liquidificares em mim
Saberás que a vida começa
Numa pequena morte.
Chão e ar te faltarão
Mas estarás mais seguro que nunca
Porque saberás que é aqui
Dentro de mim
Que te inicias e acabas.

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Silvério Ribeiro da Costa é brasileiro naturalizado. Nasceu em Porto, Portugal, mas reside no Brasil há muito tempo. Publicou dezenas de livros, participou de mais de sessenta antologias, escreve poesia, prosa, resenhas, notas e crítica literária. Faz parte de diversas instituições culturais do Brasil e exterior, entre elas a IWA-International Writers Association and Artists, com sede em Ohio-E.U.A. Tem trabalhos publicados em revistas e jornais de vários países e já foi traduzido para o Espanhol, Francês, Inglês, Italiano, Esperanto e Grego.
Assina coluna Fronte Cultural, no jornal Sul Brasil, em Chapecó,SC. http://www.jornalsulbrasil.com.br/site/

EMERGÊNCIA DENTÁRIA - por José Marins


Voltei ao dentista no mesmo dia. Avisei a secretária que iria no final da tarde. Só tenho horário para daqui 20 dias – insistiu.
Trata-se de uma emergência – pedi.
De pé na sala de espera, só retirava a mão da boca para repetir: isso não  podia ter acontecido. Espanto e curiosidade nos olhares. Quando saiu o último cliente, pulei para dentro do consultório.
 – O que houve? –  perguntou o dentista.
 – Perdi meu assovio!
 – Podemos procurar, aviso à faxineira. Como era?
 Sentei na cadeira.
 – Perdi-o com a restauração!
 – Como assim?
 – Não consigo assoviar depois disso. Era de estimação...
 Ele riu, eu fiz cara de sério.
 – Como vou me comunicar com o meu canário? Eram uns dez tipos de
afinações.
O dentista girou a primeira lixa, a segunda, a broquinha de alta rotação.  Eu tentava assoviar a cada tentativa, nada. Dispensou a secretária com  voz irritada sob a máscara. Pedi calma, a coisa podia piorar.
Mexeu, remexeu e os dentes (esses da frente que gente normal usa pra sorrir) não voltavam ao padrão anterior. Vieram silvos mixos, nada de agudos silvestres.
Finalmente ele disse: Por que não me avisou? É tudo o que posso fazer. Só recuperei um ou outro trinado de aborrecer tico-tico.
Perdeu o cliente.
Uma dentada num churrasco levou as resinas.
Achei um doutor em dentística com boas indicações.
 – O senhor restaura assovios? – perguntei ao senhor de óculos foscos.

José Marins

A pedrada do amor, por Tonicato Miranda

A pedrada do amor
para a mulher manada

que tal um passeio
neste final de tarde
pode vir, o Sol já não arde
eu sei, sua pele é branca
a minha segue morena
que tal um sorvete
na lanchonete da esquina
experimenta o de pistache
deixa eu pago quebrei a banca
a sorte não é mais pequena
que tal um beijo doce depois
pode melar o rosto ou parte
dele pode ser no canto da boca
tenho no bolso um lenço de seda
mas prefiro guardar a umidade
que tal sorrir estas pestanas
um banco para sentar a la carte
passos estranhos a desfilar e a louca
passando ali sem roupa, a bêbada
pernas a remexer com e sem alarde
que tal depois um silêncio
sua mão sobre a minha com arte
a brisa tremendo sua voz rouca
meus ais prisioneiros como pedra
doida por se atirar nesta tarde
Tonicato Miranda