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Desabamentos em SP - IMG: Folha Uol

Trágico carnaval paulista

São Paulo cheia de foliões.
Litoral Norte desaba.
Mortes, lama, desolação.

in: AIP

Poetrix - Antologia 7 - Resistir


Acabei de receber os exemplares da sétima Antologia Poetrix. Essa foi concebida durante a pandemia e conflitos políticos. Um registro histórico escrito em três versos. 

Eu sempre doo meus exemplares à bibliotecas e amigos, Então, não vou fazer suspense. Publico abaixo os meus Poetrix que entraram nessa coletânea. A maioria deles foi inspirada em conversas com um amigo. Divido a autoria com ele. Valeu Abreu!

Praga

A gente mata, desmata,
Rouba, oprime, discrimina.
Contra nós não há vacina.


Desatino

Vírus livre. Homem preso.
A velha no catre cisma.
– Cataclisma?


Inevitável Confronto

O medo não protege.
Só protela o duelo.
Ele virá(lizará).


Ninguém disse pra Ela: Fica em casa!
Alheia à lei
Há uma aliá
Na aleia


Vírus (In)tolerante

A ninguém absolve.
Absorve-nos
Sem incriminar nem discriminar.


Confinados em casa(mento)

Beijo insosso.
Abraço frouxo.
Desgosto desgasta.


Prece sem pressa

Está chegando a hora...
Senhor, dai-me o céu!
Mas, não agora.


Não me Covid pra balada

Sou dengosa,
evito mosquitos
e más influenzas.


Impotência

Saber dos fatos, sem poder mudá-los.
Torcer para não acontecer.
Rezar mesmo sem crer.


Solitude

Converso com as paredes.
Nada concreto.
Divagamos do piso ao teto.


Oroboro

A pandemia atenua. Carnaval na rua.
Descalabro!
A cobra morde o rabo.



Confinados, minguamos

Do épico ao pífio.
Monossilábicos.
Quasímodos.

Poetrix + Haicai = Haitrix

A noite de ontem foi muito quente. Infernal!  
Foi a grande estréia poética do Álvaro Posselt nos bares curitibanos. Fizemos nosso "jogral" de Hai-Trix, Delícia! 
O cenário, uma exposição das fotos maravilhosas do Ricardo Pozzo. 

Noite de inverno
um chopinho bem gelado-trix
é servido no inferno
(Álvaro Posselt)
---

Eterno Inferno

Se me chamas
Ascendo aos céus
Ardo em chamas
(marilda confortin)
----
Haverá de ter, no final da jornada
qualquer coisa melhor
que o nada?
(Ricardo Pozzo)

Nhentos tercetos de todos os tipos e autores de sobremesa, sobre a mesa
Daniel Faria e Gegê Félix tocando, cantando e declamando suas composições impecáveis.

Na hora do microfone aberto, os destaques foram os poetas Adriano Smaniotto e o Carlos Henrique ( o Hique). Mandaram muito bem, como sempre. A platéia já sabe até pedir poemas deles pelo título, como se fossem músicas. E é música. Afinada, afiada. De primeira!

Bar cheio de amigos, mensagens e boas vibrações dos que não puderam ir e um poema provocativo do querido multi artista Retta Rettamozo:
 

Ai ai ai

Nosso amor é um hai kai
Mas eu te prometo meto meto
Um amor maior que um soneto
(Retta)



respondi assim pra ele:


Não arRetta, Retta...

Mais que hai kai  poetrix ou soneto
nosso amor é poético, épico, 
não cabe num terceto.
(Marilda)

VALEU!   

Poetrix Wonkademia



Ontem, terça-feira, no Wonka,  Bárbara Lia, Ivan Justem e eu  participamos de um bate-boca poético. De repente a Deisi, me saiu com essa pérola:


Wondacademia
por Deisi Giacomazzi Silva

Marilda atravessou
enquanto
Bárbara Lia

A Deisi resumiu o espírito do VOX Urbe e da Woncademia que acontece todas as terças-feiras no Wonka Bar: Atravessar, versar, virar do avesso, fazer travessuras, brincar, falar sério e principalmente se  divertir. Muito bom.  

Poetrix Vira-latas

Vira-latas
à Marilda Confortin e Manuel Bandeira
por Argemiro Gacia

Revirando o lixo,
menos que um bicho
é um menino.

Argemiro Argemiro de Paula Garcia Filho

Argemiro é geólogo paulistano, poeta, poetrixta, editor. Escreveu o poetrix acima depois de ler um pequeno terceto meu que tratava sobre esse tema. Não nos conhecemos pessoalmente ainda, né Argemiro? Mas nos lemos, muito.

Pérolas do Poetrix


PÉROLAS

Doa-se

coração adestrado
com pedigree, vacinado
só não obedece ao dono
(Lilian Maial)

L-i-m-í-t-r-o-f-e

um que em mim
muito mal localizado
entre o fundo do poço e o olho do tornado
(Aila Magalhães)

Bumerangue

eu voto
tu votas
eles voltam
(Angela Bretas)

Cordeiro da deusa

sob o cutelo
ofereço meu corpo aos teus desejos
- tira o pecado do mundo!
(Goulart Gomes)

Poetrix Gosma


 dois poetrix da amiga Kátia Marchesi

Gosma
Minha solidão anda por paredes
deixando rastros
(melo)dramáticos


Insisto

Não sei fazer dias
Não sei passar horas
Habito nas demoras


PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES (do Vandré, das Abelhas, do Poettrix, do Clonix...)

por Marilda Confortin

Então tá amigos poetrixtas. Vou cutucar esse vespeiro. O problema é que minha vara é curta e não tenho fumegador para me defender das ferroadas dos zangões. Sou tão leiga em apicultura quanto em lingüística. Eu gosto mesmo é do produto final. Sempre comi e me lambuzei do mel cantado e decantado dessas duas artes, sem nunca ter me preocupado com os aparatos utilizados na sua fabricação ou colheita. Mas aí pintou uma nova marca chamada Poetrix e para melhor apreciá-la tive que pesquisar algumas ferramentas, técnicas e variações. Mas não fui muito fundo, não.

Tipo assim: Li que alguns apicultores usam máscara de filó, com chapéu de algodão e outros usam máscara de arame, com chapéu de palha. No poetrix, alguns autores fazem uso de metáforas e tropos enquanto outros preferem paródia e pastiche. Tem especialistas no MIP que conhecem bem a diferença entre essas ferramentas e podem explicar melhor que eu, como e quando utilizá-las. Como apreciadora de poetrix, quero mais é sentir o gosto do mel no meu pão de cada dia.

Lembrei do Leminski numa de suas palestras. Ele disse que poeta é quem sente a poesia, não importa se escreva, publique ao não. E reforçou dizendo que quem não tem senso de humor não acha graça da piada. Todo mundo riu alto. Bando de puxa-sacos. Aí percebi que senso de humor não se mede pelo volume da gargalhada e que nem sempre quem ri por último ri melhor (sempre tem um bobo pago para rir alto nos programas de auditório, perceberam?) Mas voltemos às abelhas.

Sei que a grande contribuição ecológica da apicultura é provocar a fecundação utilizando o pólen, isso é: a polinização; E qual é a grande contribuição cultural do poetrix, senão polemizar provocando a fecundação da poesia? (O quê? Polêmica não é derivada de pólen? Putz! Então acabei de criar um neologismo. Desculpem.)

Os aprendizes, quando sentem o perfume de uma flor no pote de mel, podem pensar que o produto é falsificado. É não, gente! É que as abelhas costumam visitar a mesma flor várias vezes. Leitores desavisados também podem sair dizendo que as canções de exílio de Casimiro de Abreu, Murilo Mendes, Carlos Drummond de Andrade, Eduardo Alves da Costa, José Paulo Paes e tantas outras, são todas plágio da Canção do Exílio de Gonçalves Dias. São não, gente! É que os poetas costumam visitar as mesmas flores várias vezes.

O geólogo e poeta Argemiro Garcia, ao ler um poetrix de minha autoria, lembrou de um belo poema de Manoel Bandeira e escreveu: 

Vira-latas
a Marilda Confortin e Manuel Bandeira

Revirando o lixo,
menos que um bicho
é um menino. 

Inversão de valores
Marilda Confortin

Cachorro e seu mendigo
Olhares de compaixão
... para o cão

O Bicho, de Manuel Bandeira

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.


Plagiamos? Não! visitamos a mesma flor nascida na pobreza da nossa podre sociedade. Nem toda rosa é perfumada. A de Hiroshima era?  

O Poetrix, não só pratica a polinização(ou devo chamar de simulacro? Intertextualidade? Recorrência temática?), como incentiva a re-visita, a releitura e até criou uma categoria chamada Clonix.

Um clonix, nunca pode vir desacompanhado do poetrix que o originou. Não precisa nem explicar o motivo. É só ler o belo exemplo da Eliana e Lilian e, como diz no Segundo Manifesto Poetrix: "Vamos privilegiar a inteligência do leitor! Que ele morda, mastigue, engula e faça a digestão. Que se vire!"

MÃE

a teu colo sempre volto
quando a tristeza
me mima
(Eliana Mora)

MÃE

a teu colo sempre volto
quando há tristeza
menina
(Lílian Maial)

Gostaram? Eu também. E tem mais. Babei com as Cirandas. E o Segundo Manisfesto? "Nada se cria, tudo se copia, concluíram Bakhtin e Chacrinha. Então, vamos hiper, intra e intertextualizar, sejamos dialéticos, digitais e dialógicos. Queremos a inter/ação, queremos o simulacro, a paródia, o pastiche, o duplix, o triplix, o multiplix, o grafitrix, o clonix, o concretrix"

Poetrix não é brinquedo não. Ou a gente procura entender o significado de cada uma dessas palavras, pesquisa aí na Internet a história do Chacrinha,do Bakhtin, Kristeva, Calvino, Oswald, Drummond e do bispo que comeu sardinha, entra no espírito e diz um verso bem bonito, ou, diz adeus e vai simbora. Sem essa de ficar por aí, atirando um pau no gato e dizendo que o MIP incentiva o plágio. Que pobreza de espírito!

Uma curiosidade: "O Prof. Dr. Zander descobriu que uma abelha visita no mínimo 10 flores em um minuto. Ela precisa de 10 minutos para voltar de uma colheita. Visita, portanto, 100 flores. Ela faz, diariamente, 40 colheitas. Isso quer dizer que ela visita 4.000 flores por dia". Copiei essa informação do endereço: www.breyer.ind.br.

Querem saber quantas flores são polinizadas diariamente por uma colméia? Ou querem levar um susto e saber quantos poetrix foram escritos em 3 anos de existência do MIP e multiplicar pelo número de pessoas que leram esses poetrix na internet? Isso é que é polinização.

Ah, só para piorar: o título desta postagem é um plágio ou revisita a famosa música censurada do Geraldo Vandré?  

Qual era mesmo o motivo de eu estar escrevendo esse texto?

Publicado em 24/11/2006 às 21h38
Movimento Internacional Poetrix