Prosa Ser poeta

Ser poeta

Dizem que dia 20 de outubro, é dia do poeta. 
Foi ontem. 
A poesia não me trouxe nenhum presente, nenhuma lembrança do passado. 
Nem apareceu. 
Devia estar ocupada com poetas maiores.
Recebi vários poemas de amigos e percebi que não fui a única a ser desprezada pela musa.
Na ânsia de homenageá-la, muitos dos seus súditos escreveram qualquer coisa, como estou fazendo agora. 
Nada espetacular. Nada de novo. Fazer o quê, né?
Poeta é mesmo um ser que não cabe em si.


Poesia Último almoço




Último almoço

(Quem vai pagar a conta
dessa falta de fome
que nos consome?)

Não há mais nada interessante
nas paredes do restaurante.
Os velhos marujos de gesso
nos conhecem pelo avesso.
A coleção de nós de corda de navios
combina com nossos laços frios.
As teclas do piano
desafinaram com os anos.

Nada mais nos desafia,
Não nos afinamos mais.

Somos um quadro antigo,
jogado às moscas,
num restaurante falido.

Não adianta disfarçar,
falando do tempo.
Não vai chover,
nem esquentar,
nem esfriar.

Não há mais tempo.

os bêbados amam de mais, Wojciechowski


Novo livro de poesia do Thadeu.
Vamo lá no Parangolé, tomá um goró com o polaco e garantir nosso gole de bom humor e cultura.
Data: Quinta-feira, 14 de outubro, 20h30min. (O Bar abre às 18h)
Local: Café Parangolé - Rua Benjamin Constant, 400, Centro, Curitiba.

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um pedacinho do início do livro do polaco da Barreirinha


"Dia desses, andando no cu da madrugada,
tão bêbado, trôpego, triste e comovido,
que imaginei estar sofrendo na lombada
todas as dores deste mundo sem sentido.

O céu ía alto. Na rua, um asfalto de merda
ampliava os riscos de eu me esborrachar no chão,
mas, na hora, sem saber de nada disso, achei certa
a decisão de ir em frente e, quer queira ou não,

com bêbado não se discute, ainda mais quando
ele é você mesmo. Assim, nós, ou melhor, eu,
saí a procurar um bar aberto e, fumando,
já nem lembrava mais do que me aborreceu...."

Rádio Encontro


Gloria Kirinus, Marina Colasanti, Eleonora Fruet, Marilda Confortin, Roseana Murray

Postado por: DENISE TONIOLO no site Cidade do Conhecimento 
Fonte: SMCS

As escritoras Marina Colasanti, Gloria Kirinus, Marilda Confortin e Roseana Murray foram convidadas do Rádio Encontro, programação desta quarta-feira (6) no Encontro da Rede Municipal de Bibliotecas Escolares, no Centro de Convenções de Curitiba.

O Rádio Encontro é uma entrevista em formato de programa de rádio com auditório, que foi conduzida pelo radialista Sílvio de Tarso e acompanhada pela secretária Municipal da Educação, Eleonora Bonato Fruet.

O Encontro da Rede Municipal de Bibliotecas Escolares terminará nesta quinta-feira (7) e envolve 1.200 profissionais para incentivarem a prática da leitura e da escrita nas escolas e na comunidade.

"O contato com os autores é uma oportunidade para os profissionais enriquecerem o repertório e oferecerem o melhor da literatura para os 140 mil crianças e adolescentes da rede municipal de ensino", disse Eleonora.

A Rede Municipal de Bibliotecas Escolares de Curitiba foi criada em 2007 e é formada por 175 unidades, com acervo de aproximadamente 780 mil livros.

O crescimento da rede surpreendeu a escritora Marina Colasanti, ganhadora do Prêmio Jabuti deste ano na categoria Poesia. "Há algum tempo conheci o trabalho feito nos berçários das creches municipais e fiquei comovida, pois sabemos da importância da presença do livro na primeiríssima idade. Agora fiquei feliz em sabe da multiplicação dos pães, do crescimento de toda a rede", disse Marina.

Os investimentos da Prefeitura incluíram a construção, reforma ou ampliação de salas, compra de material e acervo e formação contínua de agentes de leitura.


PROGRAMAÇÃO DE QUINTA-FEIRA

Das 8h às 12h
Local: Centro de Convenções (rua Barão do Rio Branco, 370, Centro)
Apresentação: Nas Asas da Poesia, com João Bello, Susi Monte Serrat e grupo
Palestra: Poesia, Encantamento e Arte, com Marilda Confortin
Café na Feira: Dança Árabe, com Núbia Cabral, e contação de histórias, com Elisiany Chaves
Palestra: Ler ou Não Ler Shakespeare, Eis a Questão!, com Liana de Camargo Leão
Encerramento: O Forféu do Mundaréu, com o Grupo Mundaréu
Das 13h30 às 17h30 e das 18h30 às 22h30
Local: Centro de Capacitação da Secretaria Municipal da Educação (rua Dr. Faivre, 398)
MEU NOVO LIVRO DE POESIAS
Este livro é o resultado de um mandado de busca emitido contra os poemas que cometi nos últimos anos. Apreendidos e julgados, foram condenados a sairem do anonimato. 
à venda pelo site da editora:
http://www.protexto.com.br/livro.php?livro=317

e/ou no


Acervo Almon - Rua Saldanha Marinho, 459
Centro - Curitiba - PR
http://www.acervoalmon.com.br

ou solicite-me por email
marildaconfortin@yahoo.com.br

Preço: R$ 29,00



Palestar é preciso


E por falar em poesia...
Hoje estive num colégio estadual falando sobre poesia e prosa para um grupo de adolescentes do ensino médio. Estavam na semana cultural e podiam optar por vários tipos de assunto, como teatro, musica, esportes, pintura etc.
Fiquei surpresa quando vi mais de 20 alunos entrando livremente na sala, tanto pela manhã quanto à tarde, para ouvir poesia. O mundo ainda não está perdido, pensei.
Nos primeiros minutos, muito agitados, testando meus limites, fazendo questão de mostrar aquele ar de desinteressados natural dos adolescentes estampado no rosto sem espinhas (os tempos mudaram...).

Fui jogando iscas. Interpretando poesias e prosas curtas, observando as expressões até perceber que tipo de tema mais interessava àquele grupo. Estranho... Eles se aquietavam quando eu lia poemas de rebeldia, de dor, de desamor. E também quando a prosa (li algumas crônicas), utilizava palavras consideradas pedagogicamente incorretas, isto é, palavrões, gírias. Lancei mão desse tipo de linguagem para atraí-los. Depois foi fácil. Já estavam fisgados e ouviam tudo o que eu queria dizer. Até poemas de amor e ecologia.

Na próxima semana, falarei para 1200 professores. Agentes de leitura que trabalham nos  Faróis e Bibliotecas Escolares de Curitiba, uma rede de bibliotecas que ajudei a implantar. Estou apreensiva. Que tipo de assunto atrairá a atenção desses professores? O tema que me propuseram foi “Poesia Encantamento e Arte – Tecendo uma rede de leitores”. 

É engraçado... costumo recitar em bares, cafés, inaugurações, para um público adulto, heterogêneo, que nem imagina que vai tropeçar numa poesia. E faço naturalmente, sem me preocupar.  Mas, com para um  público de crianças, adolescentes ou professores fico deveras apreensiva... A figura do professor ainda me intimida.  Tenho a impressão que estão sempre tentando extrair minha raiz quadrada, fazendo a análise sintaxe do meu texto, procurando erros ortográficos no meu sujeito oculto...

Mas, vamos lá. Estarei em ótima companhia. Muitos outros escritores e artistas estarão tentando “encantar” esses professores durante os três dias do III Encontro da Rede de Bibliotecas Escolares de Curitiba, para que continuem motivados e interessados em tecer uma grande rede de leitores. O que será mais difícil para mim, será dizer "bom dia" e não "boa noite" como estou habituada

ESCRITORES CONVIDADOS

Adélia Woelner
Alexandre França
Glória kirinus
Liana Leão
Marilda Confortin
Marina Colasanti
Roseana Murray

TRÊS POETRIX

SÓ PRÁ NÃO PERDER A PRÁTICA


Mês(mice)

Mais um mês finda.
Dele, não bebi nenhuma taça
que valesse um só estalo de língua.

Oni(m)potência

Creio em Deus, mas
temo que Ele
seja ateu.

Olhar suicida

Fixo no vazio
entre morte e vida

um fio

La Mer - de Tonicato Pereira

La Mer 
para Jairo Pereira e Achille Claude Debussy

choro neste dia claro estas incontidas marinhas lágrimas
na ponta da pedra debruço-me em minhas vagas de mágoas
depois vou até os píncaros deste incandescente azul celeste
junto-me ao vôo do gavião e ao seu prestigioso bico agreste

Debussy e seus timbres marolam águas, marés indo e vindo
é La Mer no alto de mim, o céu daqui é este precipício lindo
vontade de me jogar céu abaixo, mar adentro, no olhar da raposa
para brilhar na água com o pó de ouro do poema de Cruz e Souza

mas não, Oh! Grilhões, por que me apertam como a um parafuso
meus pés presos ao chão estão, minha cara presa ao horário fuso
sou apenas a inveja dos pássaros no céu, das baleias no mar
dos acordes do músico a dedilhar notas em mim, soltas a farfalhar

preciso doar o ruído do vento ou a planície a quem passar manso
aquele que pingar sobre mim o amor ou a morte como descanso
preciso partir meu corpo em milhentos pedaços doando-o à minhoca
dá-me o penúltimo sorriso da flauta, para ir feliz a minha última toca

Curitiba, 25/08/2010
Tonicato Miranda

Poetrix na Bienal de São Paulo

Poetrixtas unidos jamais serão vencidos!

Antonio Carlos, Marília Baetas, Carmelita, José Walber, Vicente Cariri, Goulart Gomes, Regina Lyra, Rosa Pena, Marilda Confortin


Fiquei olhando aquela imensidão gente e de livros e por um momento duvidei do que dizem por aí: “O brasileiro não lê”. Se não lê, como é que publicam tantos livros? Porque existem tantas feiras? Se desse prejuízo, porque esse mercado estaria tão aquecido? As editoras não fazem caridade...

Os espíritos e os vampiros invadiram a Bienal. Com certeza, os livros mais vendidos foram o do Chico Xavier e os da série "Crepúsculo", de Stephenie Meyer. Outro tema muito explorado, foi a culinária.

Um estande que também atraiu  muita gente, foi o do livro digital. As crianças ficaram muito curiosas com os aparelhinhos de leitura digital. É o futuro.  

 Lilian Maial e eu


Goulart Gomes, pai do Poetrix, eu e Rosa Pena que lançou seu livro de crônicas Tarja Branca, uma leitura muito agradável.
Até que enfim conheci pessoalmente essa turma. Nossa amizade já dura uma década. Quem disse que não se faz amizades sinceras e duradouras nas Internet?

Nossas antologias foram lançadas com sucesso. Deixo aqui umas iscas do Poetrix. Se gostarem, eu tenho exemplares para a venda.

H2OMEM

Calor, frio, sede, fome.
Excesso e escassez.
Difícil o guri virar homem.
(Rosa Pena)

BABEL

no alto da torre
sob o céu, ela e eu:
mistura de línguas
(Goulart Gomes)

LAVADEIRA

esfrego o peito na pedra
coração pra quarar
tua marca não sai
(Lílian Maial)

VIDAS CRUZADAS

... e só tu caminhas
pelas curvas e linhas
da palma de minha mão
(ACM - Antonio Carlos Menezes)

PULMÃO DO MUNDO

eterna esperança
ah! Mundo bandido,
a Amazônia expirra
(Marília Baetas)

SECA

Na sede que me abafa
Procura intensa pelo líquido
O leito do rio sem água
(Regina Lyra)


NATUREZA MORTA

no oco do tronco decepado
uma arara ferida
choca um machado
(Marilda Confortin)