Clarão da lua - música

Essa seresta à moda antiga ganhou o Festival Nacional Canta Serpro em 1984, Belo Horizonte. É... tamo na estrada desde o século passado.
Poema meu, musicado e interpretado por Marco Guiraud - meu ex-marido, falecido em fevereiro/2010. Infelizmente não chegou a ser gravada. Nesse áudio caseiro, o Marco está tocando para ensinar as posições das notas musicais no violão para nosso filho Ébano - o cantor. 



CLARÃO DA LUA
Poema de Marilda Confortin, música de Marco Guiraud, intérpretada por Ébano Guiraud)

O teu clarão entra pela janela
Invade as profundezas do meu coração
Que bate forte, feito bateria
Num concerto ao vivo, cheio de emoção

Me faz lembrar o tempo em que a vida
Era curar feridas feitas pelo amor
Em que habitavas todas as esquinas
Como lamparina a me fazer cantor

Mas que saudades da viola linda
Que te faz infinda como o céu e o mar
Das madrugadas, todas encharcadas
Com beijos de fadas, sempre a me amar

Das caminhadas pela noite adentro
Com tua presença a me acompanhar
Balet mais lindo, vinhas me seguindo
Um passo atrás do outro até quase alcançar

Estou sentindo aquela nostalgia
Parece magia, que me faz sair
Viola em punho, o sangue fervendo
Coração batendo, querendo explodir

Vem minha musa, sou teu seresteiro,
Vem, me toma inteiro, me faz recordar
Mais que amantes, éramos errantes
Sempre que o dia vinha nos matar

Mas que saudades, da viola linda
Que te faz infinda como o céu e o mar
Das madrugadas todas encharcadas
Com beijos de fadas, sempre a me amar

Minhas lembranças vão me absorvendo
E eu quase cedendo, acho que vou chorar
Não sei se vale, mas tô com vontade
De matar saudades de você, luar.

CAMISA DE FORÇA


Ai! Como eu queria chutar o balde...
Largar tudo o que houver no arrebalde
e mandar às favas.
Dormir encoxada com a preguiça,
cuidar bem da premissa:
Nem sempre mangas
precisam ter cavas.

Anair Weirich - Chapecó - SC

(esse "chute no balde" me veio por email, da minha prima, poeta Anair. 
pois é, prima... às vezes, até a poesia aprisiona...)

FINAL DE TARDE - de Tonicato Miranda

Final de tarde

para Helena Kolody

felizes os que morrem com a tarde
finando seu ciclo de claridade e luz
felizes daqueles diante de um copo
a mirar a própria lágrima derretida

felizes os seres estes que mugem
vejo o azul cobalto na flor do maracujá
vejo um prego coberto de ferrugem
e belezas na luz da tarde a soçobrar

felizes os que sabem um sopro soprar
beijando no lábio a musa tão querida
ah esta tarde derramando-se na noite
leva-me contigo onde outras tardes há

feliz aquele que perdoa sua tristeza
nada mais vejo agora no céu a chorar
a folha da palmeira antes pura beleza
foi a casa sonora de um pio de sabiá

não há mais felicidade morando aqui
saudade da janela e de um pé de piqui
arrastando folhas a murmurar: estou aqui
minha cara boba a dizer: eu vi o piqui cantar

o cinza já derreteu todas belezas do ar
e a cor é somente luz, já disse Helena
sinto a lavanda dela a pairar no ar, a pairar
e sua alegria dos dentes à mais longa melena

feliz você que já partiu, não viu esta tarde
onde me ponho a chorar como chaleira velha
saiba, mesmo cinza a tarde é linda como árvore
qual aquela no terreno ao lado a me namorar

Curitiba, 23/2/2011.
TM
Tonicato Miranda

música ... e por falar em lua

Uma bela parceria minha com Jazomar Rocha, do Quintal da Goiabeira. Está no CD SAMBA CURITIBANO E SUAS RAÍZES. Vale a pena conhecer esse trabalho.



E por falar em lua ...
(poema de Marilda, música de Jazomar)

O por do sol ainda sangrava
e no horizonte já despontava
uma lua recém nascida
pálida e desmilinguida.

Pobre lua prematura
Frágil, nua, com frio
Perdida lá nas alturas
Presa ao mar por um fio.

Órfã dos lobos e crateras,
nasceu sem manto de estrelas
sem um seresteiro a espera
para batizá-la na viola.

Boêmios ainda dormindo
Amantes flagrados nus
Nenhum poeta assistindo
Vagalumes sem luz

Pobre lua, luazinha!
Como eu, nasceu sozinha
Sem berço pra se embalar
Sem ninguém para abraçar.

Pra te ninar, luazinha,
eu fiz esta canção
Pra te mimar, menina
Pra amenizar nossa solidão.

Grafitix IRPF

este é do meu baú. mas sempre que começo a fazer o imposto de renda, ele vem à tona.

poesia Chutando o balde


Tudo bem...  Aperte o pause.
Temporariamente tentarei fazer tua vontade.
Vestirei a máscara imposta pela sociedade hipócrita.
Serei submissa, rezarei conforme a missa.
Negarei minhas raízes,
pintarei o cabelo,
arrancarei os pelos,
seguirei teus rituais idiotas.
Tudo bem...
Serei tua Amélia: discreta, apática e quieta.
Vestirei roupa de carola e fingirei orgasmo, se isso te consola.
Assistirei novela, big brother e toda essa balela da televisão.
Mas tem uma condição:
Tens de admitir pública e religiosamente que admiras
essa criatura burra e negligente que me tornarei.
Que é comigo que queres ter filhos.
Herdeiros que, pela lógica,
seguirão nossos trilhos e serão medíocres,
babacas, vulgares, corruptos.
E nos darão netos e bisnetos estúpidos,
que se unirão a outros estrupícios de gente.
Até que, no futuro,
nossa geração decadente e burra
exploda o Planeta.
Topas?
- Topo.
Ta louco!
Meta essa coleira na primeira anta ignorante
que aparecer na tua frente. 
Eu tô caindo fora.
E é agora!

apelo e aroma

Poemas dos amigos paulistas, Edna e Sérgio, do primeiro grupo de poetas virtuais. De virtuais não temos mais nada... sempre nos encontramos por aí, com ou sem poesia. Com sorte nos veremos no congresso Poetas del Mundo, em Blumenau.

Apelo

Desejo surdo

toque em mim
se foi criado mudo
 

Musa ( Edna Della Libera)


Aroma

assim como os místicos que leem
a sorte na borra de café,
assim como a mulher
que é inesquecível,
os poetas também vivem
por um gole.

Momentinho (Sérgio Edvaldo Alves)