Poetrix





Natureza morta

No tronco decepado
arara ferida
choca o machado

Domingo de Ramos

Folhas (vidas)secas - autor da foto: Meira

      
DOMINGO DE (graciliano) RAMOS


O que seria de nós
sem paixão e fé?
- Vidas secas

Haicai de Álvaro

Tive um dia farto
ao apagar a luz, minha sombra
tomou conta do quarto

Álvaro Posselt - Curitiba

Poetrix Wonkademia



Ontem, terça-feira, no Wonka,  Bárbara Lia, Ivan Justem e eu  participamos de um bate-boca poético. De repente a Deisi, me saiu com essa pérola:


Wondacademia
por Deisi Giacomazzi Silva

Marilda atravessou
enquanto
Bárbara Lia

A Deisi resumiu o espírito do VOX Urbe e da Woncademia que acontece todas as terças-feiras no Wonka Bar: Atravessar, versar, virar do avesso, fazer travessuras, brincar, falar sério e principalmente se  divertir. Muito bom.  

Vida - Antonio Thadeu Wojciechowski

... talvez hoje seja meu aniversário... meu pai fez tantas confusões nas certidões dos filhos que não tenho certeza. Mas, adotei esse dia pois acredito que minha mãe não tenha se enganado. Entre tantas mensagens maravilhosas que recebi dos amigos, selecionei esta que segue abaixo. Um poema do Thadeu. Nosso maior poeta com certeza. Obrigada polaco da barreirinha.
Vida

um ano a mais
um ano a menos
que diferença faz
quando já somos
mais ou menos
mais suaves
mais sábios
mais fortes
mais justos
e de mais a mais
cromossomos

um ano a mais
um ano a menos
a vida é cais
e lá vão nossos sonhos:
barcos pequenos

um ano a mais
um ano a menos
lendo os sinais
nos esquecemos
e quando nos lembramos
é tarde demais

um ano amais
outro odiais
um ano demais
outro de menos
um ano tanto fez
outro tanto faz
um ano como nunca houve outro
um ano sem pagar e só levando o troco

um ano que vem
um ano que vai
e os mesmos ais
mais amenos

Antonio Thadeu Wojciechowski

..." e só funciona Curitiba se eu quiser" - Osso

Ouvi esse poema lá pelos idos de 2002. Foi quando conheci o Osso e a Cláudia, um casal simpático de músicos curitibanos, que me foi apresentado ou melhor presentado, pelo Raymundo Rolim. No mesmo dia, pedi para o Osso me dar uma cópia do seu poema. Ele escreveu um trecho do poema num guardanapo do Café & Cultura. Dias desses, revirando meus guardados, encontrei-o (o poema). O Osso e a Cláudinha faz séculos que não encontro. Onde estão essas figuras? Saudade...


PARO TODO O MOVIMENTO DO ESTADO
E SÓ FUNCIONA CURITIBA SE EU QUISER
Autor: Osso - poeta e músico curitibano



Se eu chegar em Curitiba aperreado
Faço logo um tremendo sururu
Eu adentro o palácio Iguaçu
Paro todo o movimento do estado
Vou mandar sair todos os deputados
De um em um pra o lugar aonde quer
Pra o lugar que melhor lhes aprouver
E com eles podem ir os seus favores
Vou mandar prender todos os vereadores
E só funciona Curitiba se eu quiser.

Itaipu vou deixar desmantelado
Vou quebrar as barragens e as turbinas
Quebro quadros e depois quebro bobinas
Para todo o movimento do estado
Transformador um por um deixo quebrado
Eu rebento toda torre que puder
Transmissão e toda linha que tiver
Eu estouro toda ela em meio dia
De Itaipu nunca mais sei energia
E só funciona Curitiba se eu quiser.
Prendo guarda civil, prendo soldado
Comandante e chefe do estado maior
O tenente, o capitão, cabo e major
Paro todo o movimento do estado
Vou deixar todo mundo bem pasmado
Acabando as forças armadas que houver
Tranco os bancos, deixo as zonas sem mulher
Tapo as águas do rio Piquirí
Corto o curso do rio Ivaí
E só funciona Curitiba se eu quiser.

Prendo médico, prefeito e advogado
Prendo juiz de direito e promotor
A embaixada, o senado e o governador
Paro todo o movimento do estado
Os correios, a imprensa, o consulado
Emissora eu não deixo uma sequer
Fecho as favelas, o Guairá, a Emater
Paro o trânsito, não passa mais ninguém
Da rodoferroviária não sai mais trem
E só funciona Curitiba se eu quiser.

Chuva

Este poema é de autoria de Cleci Rita Confortin, minha irmã querida. Encontrei-o no baú, esquecido por ela e por mim. Dei-lhe uma roupagem visual e resolvi expô-lo no blog para homenageá-la.

ÓLEO SOBRE TELA - MÚSICA DE GEGÊ FÉLIX + POESIA DE MARILDA



Óleo sobre tela

Pouso meus olhos sobre telas de Van Gogh.
Deito-me ao lado do ceifador
e adormeço sobre feixes de trigo.
Cena familiar.
Cedo ao sonho.
Retrocedo à infância.
Vejo-me criança, pura
feito a loucura do pintor.
Inerte, braços abertos,
fingindo-me espantalho
no meio do trigal maduro.
Um gérmen ainda.
Nem sabia o que era poesia
e já sentia.
Os pássaros pensam
que meu cabelos brancos
são feixes de palha.
Espanto-os.
Da janela do sanatório,
Van Gogh se espanta e pinta
corvos sobre o campo de trigo.
Acordo.
Kurosawa sonha comigo.

COSAS DE MUJER - POESIA

Faísca de vida



Fazia tempo que eu não via a lua,
não saia à rua,
não entrava na tua.

É que com o tempo,
o tempo fechou.
a neve caiu
e eu fiquei assim...
a ver navios.

Não fosse o relâmpago dos teus olhos
eu nem lembraria
que um dia existiu céu.

Marilda/abril/2011