Acabei de receber os exemplares da sétima Antologia Poetrix. Essa foi concebida durante a pandemia e conflitos políticos. Um registro histórico escrito em três versos.
Eu sempre doo meus exemplares à bibliotecas e amigos, Então, não vou fazer suspense. Publico abaixo os meus Poetrix que entraram nessa coletânea. A maioria deles foi inspirada em conversas com um amigo. Divido a autoria com ele. Valeu Abreu!
Praga
A gente mata,
desmata,
Rouba, oprime, discrimina.
Contra nós não há
vacina.
Desatino
Vírus livre. Homem preso.
A
velha no catre cisma.
– Cataclisma?
Inevitável
Confronto
O medo não protege.
Só protela o duelo.
Ele
virá(lizará).
Ninguém disse pra Ela: Fica em
casa!
Alheia à lei
Há uma aliá
Na aleia
Vírus
(In)tolerante
A ninguém absolve.
Absorve-nos
Sem
incriminar nem discriminar.
Confinados em
casa(mento)
Beijo insosso.
Abraço frouxo.
Desgosto
desgasta.
Prece sem
pressa
Está chegando a hora...
Senhor, dai-me o céu!
Mas,
não agora.
Não me Covid pra balada
Sou dengosa,
evito
mosquitos
e más influenzas.
Impotência
Saber
dos fatos, sem poder mudá-los.
Torcer para não acontecer.
Rezar
mesmo sem crer.
Solitude
Converso com as
paredes.
Nada concreto.
Divagamos do piso ao
teto.
Oroboro
A pandemia atenua. Carnaval na
rua.
Descalabro!
A cobra morde o rabo.
Confinados, minguamos
Do épico ao pífio.
Monossilábicos.
Quasímodos.