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 PCC

é

pau
licéia
desva
irada
é
pedra

rio
de
andrade
é
fim
jobim
da
picada

(Marilda 2006)

Hoje, quase 20 anos depois, a polícia descobre que o PCC estava planejando matar o ex juiz da Lava Jato, Sergio Moro, e sua família.

Dias de adiar

 

Há dias
em que tudo o que eu queria
era alguém que só me desse silêncios.
Não carecia me amar. Dispenso.

É que há dias
em que a vida fingida
passa por mim e nem liga.
Faz de conta que não me conhece.

São nesses dias,
que eu queria alguém inteiro,
que não me repassasse e-mails
cheios de vazios
nem me telefonasse
arrombando meus ouvidos
com frases prontas,
palavras tetra chaves
e conselhos paulocoelhos.


Alguém que soubesse que a vida
é feita de dias assim.

Dias em que se cala
e se dorme juntinho no sofá da sala
ouvindo B.B. King.

Porque há dias, meu amigo,
que até os poemas de amor são doloridos.

Marilda Confortin

Às vezes acho que te amo


img: Cleto de Assis


Às vezes acho que te amo, mas logo passa


É quando chovo.
Tremulo
umedeço
emulo terra no cio
in vulva veritas, choro.

Mas, quando estio
evaporo-te.

Às vezes acho que te amo, mas logo passa

É quando acordo.
Rebooto
reinstalo sabores
saberes
lembranças.


Reluto deletar-te
E salvo-temporariamen-te


É quando me rio.
Diluo
fluo
deságuo em teus braços afluentes.
Esqueço que és
somente um riacho.

Às vezes acho que te amo.

É quando sonho.
Extasio
perco o olhar no vazio
onde vive a saudade
das coisas morridas.

Mas, logo passa.

Tem sempre
um maldito mosquito
que voa de repente
trazendo-me de volta
à realidade.

Morte

 

Não tenho pressa de partir

cruzo os braços e me delicio no ócio

meu vício predileto

Sou voyeur da poesia

Com sorte,

a morte me encontra

tão distraída

quanto a vida


(marilda confortin)

Un brindis!

Poema de marilda confortin, lido por Lina Zeron, contido na live "coctel molotov de poemas incendiários", de Lina Zeron e Hoz Léudnadez, México, em 2020.




Las mujeres de la casa de la torre

 Projeto da uruguaia Graciela Leguizamón, cujo objetivo era responder o poema Tlaloc, do poeta mexicano Arturo Jiménez. 

Foram selecionadas 12 poetas de diversos países para participar do projeto. Eu fui uma delas. 

Os poemas, acompanhados de uma obra de arte que ilustrava o texto, participaram da exposição "las mujeres de la casa de ala torre", também chamada de "las nuevas Dullcinéia", no Uruguai e na Argentina. 

 


O trecho do poema de Arturo que me coube responder foi esse: 


... Mujer de barro húmedo y rojo,
¿no eres el polvo que giraba sobre las nubes lejanas?
¿el agua transparente detrás del relámpago?
antes que tú vinieras
el aire estaba hueco como un cántaro de espumas y espejismos
y entre la niebla sin forma
como un pez ciego, obscuro, te esperaba,
¿quién era, quién soy? Arturo Jiménez


E minha resposta poética foi essa:

¡Cállate, mortal!
¡No despiertes los dioses con tus preguntas!
Ellos son etéreos.
Nada saben sobre los seres de barro
Moldeados por las manos de los hombres.
Tú me imaginaste y me esculpiste.
Tu sabes quien eres, quien soy yo y donde estoy, hombre.
Tan sólo necesitas acordarte.
Olvida todo lo que aprendiste
y tócame, ciego, en braille.
Aguza el tacto y trilla el camino húmedo
que te conduces a mi útero.
Ya lo recorriste una vez,
cuando aún no tenías esta forma.

¡Adéntrame!
Durante un espacio de tiempo
que ningún sistema métrico define
no serás hombre, ni mujer, tampoco Dios.
No necesitarás de palabras
para traducir el silencio del universo,
ni del arco iris para que te acordes de los colores,
ni de las nubes para que percibas la dimensión del cielo.

Cuando te licuares en mi,
te sentirás como el agua cristalina que brota de la noche,
iluminada por los relámpagos.
Y callarán todas tus preguntas,
cesarán tus angustias.
Te faltarán el suelo y el aire
y te sentirás más seguro que nunca.

Y no importará saber
quien soy yo o quien eres tú.
Porque te recordarás que es aquí,
dentro de mi,
que todo empieza y termina.
(marilda confortin - novembro de 2002)


Poema baseado na obra TLALOC de Arturo Jimenez

Poesia, Simplicidade

Img: @eileengidman.com

Simplicidade



Ontem almocei normal:
Arroz, feijão, sangue de jornal.

Hoje, não.

Consumi pastelão,
sessão da tarde,
lambida de cão.

De sobremesa,
beijo de neto,
suspiro de filha,
visita surpresa.

Hoje, não vi jornal.
O dia fica melhor só com poesia
secando no varal.

Poesia Dia da mulher

 8 de março


Boa ou má,
bela ou fera,
fértil ou estéril,
jovem ou anciã:
mulher,
é
mulher
todos os dias
e não fêmea efêmera
de um (c)oito de março qualquer.

(marilda confortin)

Poesia il dolce far niente

Atendendo a pedidos de colegas que estão para se aposentar e gostaram das minhas quadrinhas definindo o que é o Il dolce far niente, que li no dia da premiação do II Concurso de Poesias RH Criativo, posto aqui na íntegra. 

A imagem, é um quadrinho que minha filha pintou e pendurou na minha varanda. 

Pratiquem, amigos!


IL DOLCE FAR NIENTE
(Marilda Confortin)

O “dolce far niente” é uma arte. Exige disciplina, concentração. Há coisinhas a fazer por toda a parte. É difícil resistir a tentação.

Imagine perder o momento exato do beija-flor pousando no hibisco, só porque você foi lavar um prato ou varrer meia dúzia de ciscos.

Cultivar a prória cebola, salsa, alho, flores, verduras, manjericão...pensa que não dá trabalho? Olhe os calos nas minhas mãos!

Pastorear nuvens que pastam sobre o mar não é pra qualquer Pessoa. Elas dispersam, num piscar. Basta um ventinho à toa.

Não é fácil liberar o pensamento para que voe livre como gaivota. Nem resgatá-lo do mar turbulento quando ele foje explorando nova rota.

Diminuir o peso dos fardos, aumentar a leveza da mente
Adoçar os momentos amargos, é a dieta do dolce far niente.

Encontrar significado nas insignificancias, como Manuel de Barros sempre fez. Resgatar a curiosidade da infância e o olhar de supresa da primeira vez.

Contar as estrelas noite afora, ouvir o que o silêncio tem a dizer, descobrir com quem a lua namora e onde se esconde ao amanhecer.

Ver a aurora deslizando pelo muro, invadindo a casa, sorrateiramente, varrendo todos os cantos escuros, como uma faxineira competente.

Fazer um jantar elaborado num dia qualquer, à esmo. Não para agradar o namorado, mas para agradar a si mesmo.

Ler todo o dicionário impresso só para encontrar uma boa rima e depois, incubar o verso pra ver se nasce uma obra prima.

Ler um autor desconhecido, ver um filme sem indicações, conversar com  um velho amigo sem segundas intenções.

O ponto do dulce far niente é muito difícil de acertar. Depende de cada ingrediente que durante a vida você cultivar.

Saber apreciar esse nepente não é privilégio da aposentadoria. Não se aprende assim, de repente. Há que se praticar um pouco a cada dia. 




Tercetos de primavera

Fiz um breve curso de fotografia, com a professora Midori. As fotos deviam ser tiradas dos arredores do trabalho, na Secretaria de Educação. Ilustrei algumas minhas, com pequenas poesias.   


















Poema dolorido


Participei do Show Reverbero, de Amanda Lyra, no Teatro Regina Vogue. Nesta cena, eu interpreto um poema muito dolorido, de minha autoria, postado mais abaixo. 
A atriz que está contracenando comigo é Ana Luiza Krieger. 

 



POEMA DOLORIDO


Não há mais laços.
Só sobraram os nós.
Rotos, partidos.
Soçobramos nós.
Bagaços, feridos.

Quem tira de mim essa ira que nem sei onde mora?
Tem hora sinto na boca, no oco do estômago,
no buraco do peito, no escuro do olho.
Não sei direito.
Se eu me der um soco, tu vais embora?

Preciso te expurgar do meu corpo,
vivo ou morto!

Como te tirar de mim,
se estou cheia de ti?
Se tuas farpas estão cravadas
em todos os meus cantos,
em meus contos, meus versos.

Se tem restos de tua saliva na cárie do meu dente
Estrepes de tua carne nas minhas unhas;
Se teu esperma ainda escorre nas minhas pernas.

Me diz como!

Como te tirar da minha vida
se não tenho mais vida?

Quando se odeia o próprio amor,
não adianta matar para esquecer
é preciso morrer
para acabar com a dor!

(Marilda Confortin)
 

Poesia Restos de ontem


RESTOS DE ONTEM

(Marilda Confortin ouvindo Edith Piaf - non, je ne regrette rien) 



Très bien...
cá estamos nós
a sós,
entre papéis de presentes,
enfeites desfeitos,
Noéis e laços de Natal.


Tudo continua igual.
"Non, rien de nouveau"
O mundo não acabou
a profecia Maia se enganou
e mais uma vez
vamos comer
les restes d´hier.


Vesti um peignoir
para combinar com a lingerie
que você me deu
exscusez-moi, mon amour
nem cheguei a tirar.
Dormi antes de você
apagar o abajour.


Fiz um patê
com as sobras do peru,
um sagu de cabernet sauvignon,
pudim de pão, rabanada
e uma salada de agrião.


“Non, rien de rien
Non, je ne regrette rien”


Eu também não, meu bem.
Por você
eu comeria todo dia
“restê d´ontê”


haicai Coletânea



Lançamento da Coletânea de Haicais

A LÂMPADA E AS ESTRELAS

O livro reúne 10 autores, contém 200 poemas, e presta uma homenagem à poeta Helena Kolody no centenário de seu nascimento.

LOCAL: MUSEU GUIDO VIARO – Rua XV, 1348 (em frente à Reitoria).
DATA: dia 31 de agosto de 2012, sexta-feira, às 19 horas.

OS AUTORES:
 A. A. de Assis, Alvaro Posselt, José Marins, Marilda Confortin,
Rosalva Freitas Brüsch, Rosângela Jacinto, Sandra Benato,
Sérgio Francisco Pichorim, Suzana Lyra Strapasson e Vanice Ferreira,
agradecem a sua presença.
=-=
 Boêmio bebum
garrafa numa mão
e rosas na outra.
(marilda) 

Poesia Gota a gota Marilda Confortin

GOTA A GOTA

Nasci.
Era um poço raso, vazio;
com cinco filtros perfeitos
e um sexto,
que às vezes fazia sentido.

Através deles,
como um dreno ao viés,
a vida me foi preenchendo: gota a gota.

Primeiro, assentou pedras, as mais pesadas,
depositadas bem no fundo da infância.
Serviram para controlar a umidade da alma
e fixar meus pés no chão.

(Nasci tão leve e líquida. Não fosse esse peso,
eu seria um pássaro ou um peixe.)

Depois, a vida pregou-me outras peças.
Encaixou-as umas sobre as outras,
deixando raros intervalos entre elas.
Por esses vãos,
circularam rios de sentimentos.

E assim,  foi fazendo seu trabalho.
Construindo-me.
Habitou-me de amigos, amores, filhos.
Ergueu paredes, dividiu-me.
Plantou jardins, porões, sótãos, teias.
Quando percebi, estava cheia.

Comecei a escavar-me.
Estou quase no  fim.
Purgando: gota a gota
Abrindo espaços dentro de mim.

(marilda confortin)