Ab-sinto-me

depois do terceiro copo, você vê as coisas
como elas realmente são: Terríveis
Oscar Wilde


Ab-sinto-me


Como se tivesse bebido um litro inteiro de absinto.
Estou sob os defeitos da terceira idade.
Uma calamidade.


Eu devia ter parado na primeira dose, aos doze,
quando o mundo era como eu queria que fosse.

Ou lá na curva da juventude,
onde, segundo Wilde, no segundo copo
a gente vê as coisas como elas não são.


Meu erro foi acreditar nele.

Ele parou de beber com pouca idade
vendo as coisas como são no terceiro copo:
só um porre.


Se ele passasse do quarto copo,
saberia que, na verdade, as coisas são bem piores.


Não vou me matar, não, amigas.
Não sou suicida.
Sou curiosa, teimosa e compulsiva.
Vou beber dessa vida até a última gota
porque acredito que ela tenha uma relação íntima
com o efeito do absinto.


Pressinto que, no quinto copo,
as coisas estarão como me sinto
dentro do corpo depois de cinco décadas:
decadente, indecente.

Mas, no fim do litro,
findo o líquido,
estarei em equilíbrio.
Livre e leve como pluma.


E o copo e o corpo
não terão importância alguma.

Poetrix









Baunilha

Do espanhol: vainilla.
Da orquídea: pequena vagem; vaginha.
Toda essa viagem e ainda não achou o ponto G?

Você foi meu



Você foi meu

Porto inseguro

Potro indomável

Porte ilegal

Meu

Preto futuro

Parto impossível

Prazo final.

Três poetrix




Mais um dia

Curitiba céu cinzento.
Não agüento dias assim.
Quero Domingos pintados de azul-Marins.

(lendo os livros O Tempero do Tempo, de Domingos Pelegrini
e Fazendo o Dia, de José Marins)



A noite sendo

uma noite ca(olha)
um sapo coaxa
e a poesia “se acha” 

(ouvindo chove chuva, de Jorge Ben. Tá bom:Jor)


Quanto mais te menosprezo
menos preso
te aprecio

(ouvindo J.B. Vidal recitar seu poema "Coma")

dia da mulher

8 de março


Boa ou má,
bela ou fera,
fértil ou estéril,
jovem ou anciã:
mulher,
é
mulher
todos os dias
e não fêmea efêmera
de um (c)oito de março qualquer

Dois poetrix

Algo errado...

Ele me quer a seu lado.
Mas não quer me ter
em cima nem baixo.


Azedume

Não me fale de amor!
Estou de mau humor
e odeio rima pobre.

Poetrix Bagagem literária


Bagagem literária? Bobagem!

Nessa viagem
leve um coração leve
e sobretudo um olhar de veludo