Mostrando postagens com marcador Thadeu Wojciechowski. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Thadeu Wojciechowski. Mostrar todas as postagens

Vida - Antonio Thadeu Wojciechowski

... talvez hoje seja meu aniversário... meu pai fez tantas confusões nas certidões dos filhos que não tenho certeza. Mas, adotei esse dia pois acredito que minha mãe não tenha se enganado. Entre tantas mensagens maravilhosas que recebi dos amigos, selecionei esta que segue abaixo. Um poema do Thadeu. Nosso maior poeta com certeza. Obrigada polaco da barreirinha.
Vida

um ano a mais
um ano a menos
que diferença faz
quando já somos
mais ou menos
mais suaves
mais sábios
mais fortes
mais justos
e de mais a mais
cromossomos

um ano a mais
um ano a menos
a vida é cais
e lá vão nossos sonhos:
barcos pequenos

um ano a mais
um ano a menos
lendo os sinais
nos esquecemos
e quando nos lembramos
é tarde demais

um ano amais
outro odiais
um ano demais
outro de menos
um ano tanto fez
outro tanto faz
um ano como nunca houve outro
um ano sem pagar e só levando o troco

um ano que vem
um ano que vai
e os mesmos ais
mais amenos

Antonio Thadeu Wojciechowski

os bêbados amam de mais, Wojciechowski


Novo livro de poesia do Thadeu.
Vamo lá no Parangolé, tomá um goró com o polaco e garantir nosso gole de bom humor e cultura.
Data: Quinta-feira, 14 de outubro, 20h30min. (O Bar abre às 18h)
Local: Café Parangolé - Rua Benjamin Constant, 400, Centro, Curitiba.

-+-+-

um pedacinho do início do livro do polaco da Barreirinha


"Dia desses, andando no cu da madrugada,
tão bêbado, trôpego, triste e comovido,
que imaginei estar sofrendo na lombada
todas as dores deste mundo sem sentido.

O céu ía alto. Na rua, um asfalto de merda
ampliava os riscos de eu me esborrachar no chão,
mas, na hora, sem saber de nada disso, achei certa
a decisão de ir em frente e, quer queira ou não,

com bêbado não se discute, ainda mais quando
ele é você mesmo. Assim, nós, ou melhor, eu,
saí a procurar um bar aberto e, fumando,
já nem lembrava mais do que me aborreceu...."

Cálice de silêncio

Cálice de silêncio
 
matei minha saudade a grito
a soco
a pontapé
chute no saco
tacle no pescoço
pontaço no peito
sete tiros da cabeça ao pé
depois da chacina
já sem a gana assassina
chorei atrás da porta
de saudades da morta
mesmo sabendo que ia dar em nada
chorar sobre a lágrima derramada

Antonio Thadeu Wojciechowski

sou feito de curitiba, por Thadeu Wojciechowski


e o Thadeu escreveu essa homenagem a todos os artistas de Curitiba:

sou feito de curitiba


já quis morar em nova york das muitas gentes
amsterdam de todos os bagulhos
tóquio dos mil sóis nascentes
e até são paulo coberta de entulhos
mas não, fui ficando por aqui mesmo
o mundo é pequeno pra mais de uma cidade
e minha vida é tudo que tenho
curitiba entrou nela e, pra minha felicidade,
no seu ecossistema existiam potys leminskis
soldas prados trevisans mirans vellozos
ivos alices buenos buchmanns guinskis
koproskis rogérios pilares franças rettamozos
paixões backs bárbaras shoembergers hirschs
minha mãe meu pai tios avós irmãos primos
pessoas do mundo inteiro como meus vizinhos

já quis morar em outros planetas, outras galáxias
mas eu sou feito de curitiba da cabeça aos pés
corre em minhas veias seus bosques, ruas, praças
vanzolins, marildas, coronas, diedrichs, josés
em cada uma de minhas moléculas, átomos, partículas
collins kolodys lours farias tataras cardosos
leprevosts góes vulcanis smaniottos claudetes
dantes flávios recchias bettegas setos viralobos
sneges justens pryscillas arnaldos octávios bergers
e fui ficando cada vez mais parecido com curitiba
e fui algemado a essa minha alma gêmea
estrela de cada dia estendida por toda minha vida
minha mulher, minha puta, minha santa, minha fêmea
eu, do berço ao túmulo, minha caminhada inteirinha
antonio thadeu wojciechowski, polaco da barreirinha


Esse é o cara. Poeta maior de Curitiba.  Antonio Thadeu Wojciechowski , o verdadeiro polaco da Barreirinha. O meu mestre, Saboro Nossuko. Olha esse diálogo:

- Mestre,

o dia-a-dia sempre me emociona.
O sol aceso como uma lâmpada,
o céu a nos servir de tampa,
o vento que a tudo detona.
- É, essas coisas existem!
- Mas o senhor não vê beleza nelas?
- Vejo graça no que dizes!
- Como assim?
- Na inocência de tuas comparações,
na fragilidade de tuas conclusões.
- Mas tenho lido tanto, mestre.
Será que nunca vou aprender?
- Cala boca, idiota!


Duas horas após profundo silêncio,
o mestre retoma:
- O que aprendeste neste tempo?
- Só uma coisa, mestre.
- E que coisa foi essa?
- Não te interessa!
- Estás começando a virar um mestre!


O livro do Thadeu "Saboro Nossuko", ocupou por um tempo bem curto, o lugar de honra da minha casa: a primeira prateleira do banheiro. Quando um livro está na primeira prateleira, significa que todos os membros da família e amigos estão lendo. Quando some do banheiro, é sinal que algum visitante surrupiou porque gostou também. 

Obrigada pela honra de me citar no poema, Thadeu.