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 PCC

é

pau
licéia
desva
irada
é
pedra

rio
de
andrade
é
fim
jobim
da
picada

(Marilda 2006)

Hoje, quase 20 anos depois, a polícia descobre que o PCC estava planejando matar o ex juiz da Lava Jato, Sergio Moro, e sua família.

Leitura de poemas do Vinícius de Moraes



Bárbara Lia e eu estaremos lendo poemas nossos e de Vinicius de Moraes durante a 32ª Semana Literária SESC. Teremos a honra de ser acompanhadas pelo saxofonista Ederson Renaud.



E FOI ASSIM:

Bárbara Lia e Marilda Confortin - as que leram poemas do Vinícius (e de nossa autoria, também)

Ederson e Marilda - Vinícius em música e verso

Ederson sabe tudo de Vinícius e de sax.


Fotos de Decio Romano.


A Rosa de Hiroshima

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida.
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
(Vinícius de Moraes)

Acróstico para Marilda

de Ana Lúcia Gouvêa da Silva com carinho para Maria Marilda Confortin


Maestrina das letras 
Animadora das palavras
Rimando ou proseando...
Inspiradas e iluminadas
As frases vão se formando!


Mesclando e colorindo
As vezes intrigando e confundindo
Realidade e imaginação
Ilusão ou fascinação...
Lírico, divino ou profano,
Do mundo nada a esconder
A penas... viver e deixar viver!  

 16-07-2012

Mais uma vez a Ana Lúcia, essa poeta linda e querida, me homenageia com seus versos. E mais uma vez, eu agradeço a Deus por ter amigos tão nobres e atenciosos. 

Muito obrigada pelo carinho e por esse belo acróstico,  Ana Lúcia
Link para o blog de Ana: http://poemasanalu.blogspot.com.br/

XX ENCUENTRO INTERNACIONAL DE MUJERES POETAS




Agora é oficial e posso compartilhar essa boa notícia com os amigos e familiares: Fui convidada para representar o Brasil no XX Encontro Internacional de Mulheres Poetas no País das Nuvens - México. 

Recebi o convite e a confirmação do órgão organizador no início desta semana e estou providenciando o que me foi solicitado.

Sei que alguns astros da Via Láctea estão Bilacquiando: “Ora (direis)”, por que a Marildinha? Nem brilhante é. “E eu vos direi, no entanto,” usando palavras da poetamiga Helena Kolody: “Deus dá a todos uma estrela. Uns fazem da estrela um sol. Outros, nem conseguem vê-la”.

O XX Encontro Internacional de Mulheres Poetas de 2012 se realizará de 6 a 13 de Novembro. É presidido pelo poeta Emílio Fuego, do Centro de Estudos da cultura Mixteca, e tem a coordenação e apoio do Consejo Nacional para la Cultura y las Artes (CONACULTA), da Secretaría de las Culturas y Artes del Gobierno de Oaxaca (SECULTA), do Instituto Nacional de Bellas Artes (INAH), da Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM), dos Governos Municipais e comunidades indígenas da região Mixteca do estado de Oaxaca e de maneira muito especial, das famílias que há 20 anos recebem em suas casas, as poetas contemporâneas do mundo selecionadas para esse intercâmbio cultural.

A parte principal do festival será em Oaxaca, mas, acontecerão recitais, palestras e apresentações em escolas, universidades, teatros, praças e igrejas de outras regiões também, culminando com um grande recital no magnífico Palácio Nacional de Belas Artes, na cidade do México. Lá mesmo, onde estão os famosos painéis do Diego Rivera, no mesmo palco onde se apresentaram ícones mundiais como Maria Callas, Pavarotti e onde aconteceu o funeral da Frida Kahlo. Arrepiante!

Essa é a segunda vez que tenho o privilégio de participar desses encontros no México e a quarta vez que represento o país em eventos de poesia (Portugal, Nicarágua e México).


VIVA A POESIA!


Carnaval da Poesia - Nicarágua


Eu declamando no "poetamóvel", em Granada



Livro de poesias Busca

Ao ler meu livro de poesias "Busca e apreensão", o poeta Vilmar Daufemback, escreveu esse poema:


Reabro aqui minha adega
Na távola, Busca e Apreensão,
Com um tinto que me rega
E me entrega à prisão.


Prisão dos versos que leio
Onde eterno eu me condeno
A devorá-los sem freio
E deles me apequeno.


Da tua cepa sou mosto
Vinagre de acriazedume,
Sou casta de cheiro betume
Colhida em fim de agosto.


Levanto a ti minha taça
Santè! - desejo pra ti
Da minha adega que escassa
Versos como esses que li.

Vilmar Daufemback





Emocionada aqui, Vilmar. Muito obrigada

MAR(ILDA) - por Sérgio Edvaldo

Amigos são tudo de bom. Sérgio Edvaldo é um poeta de Presidente Prudente.  Costumamos nos encontrar nos saraus da vida. Me presenteou com esse poema. Obrigada, querido.
---------
Uma pausa na resenha sobre a teoria de Piaget.
(é por isso que saiu assim... rs... beijos)

MAR(ILDA)


sentada na areia
em tardes de Itapuã,
a menina contemplava
o mar.

cheia de si naus
vazia de solidão urbana,
com...tem...pla...va
o mar e suas ondas
sem garrafas-correio...

sentada na areia
em tardes de Itapuã,
a menina passsssss...mou-se
em ver como era pequeno o mar
(na medida de um abraço)...

e cheia de si naus
no peito um batel, leme lento,
a menina se lembrou que Moisés
abrira o mar vermelho,
e riu eternamente...

o mar menstruava
azul em seus olhos.

(Sérgio Edvaldo - 6/11/2011)
Sérgio em Armação - SC - no Sarau do Lancelot
 

Presente de Ana Lúcia Gouvêa da Silva

Recebi o poema abaixo de uma leitora, poeta, chamada Ana Lucia. Ela usou somente os títulos dos meus poemas publicados no livro Busca e apreensão para fazer essa bela construção poética. Muito interessante e criativa. Resumiu meu livro e meus sentimento. Fiquei bem quietinha, só curtindo. Ana estranhou meu silêncio, perguntou se eu não tinha recebido, ou se não tinha gostado. Bom, eu não sei o que fazer nessas horas... me calo. Depois que passa, só posso dizer que é muito bom ser homenageada (ou HomenaGeada, como disse o Retta).
Receber esse retorno de leitores, anônimos e amigos é meio assim como ser algemada na cama e receber prazer, imóvel, gratuito... rs. Me permito o orgasmo silencioso e guardo todos esses carinhos recebidos no melhor lugar do meu coração. Pra poder me aquecer nos períodos de estio, guardo também aqui, no blog, no menu das coisas de amigos. Revisito sempre que preciso me fortalecer ou quando me bate a saudade.

Busca e apreensão

por Ana Lúcia Gouvêa da Silva 

             
Procura-me
garoto tolo.
Quando eu te encontrar novamente,
na morada, sem medidas.
Ouriço, coisa besta.


Inconveniente,
quase amor a flor da pele...
Amor e ódio,
dolorosa lembrança!

Poesia abortada, olhar suicida
poço...
Validade vencida.
Fingida.

Ato de punição,
vinho velho,
pesadelo,
descrença.
Ato de contrição.

Hoje, amanhã
Segredo.
Com fusão...
Vítima, dia após dia...

A lua e eu,
submissão criminosa.
Sinais da noite,
conversas com um velho rio...

Estradinha de terra,
óleo sobre a tela...
Temporal.
O acaso não existe por acaso

Um brinde aos poetas!




MUITO OBRIGADA ANA.
BLOG DA ANA LUCIA: www.poemasanalu.blogspot.com 

Chuva

Este poema é de autoria de Cleci Rita Confortin, minha irmã querida. Encontrei-o no baú, esquecido por ela e por mim. Dei-lhe uma roupagem visual e resolvi expô-lo no blog para homenageá-la.

Mulheres cantam mulheres

MULHERES CANTAM MULHERES
COM ROSANA E ANA CLAUDIA
DIAS 6, 11, 12 E 13/11

Essas duas cantoras/compositoras, farão um show em homenagem às mulheres. No repertório, composições próprias e parcerias com outras compositoras, tais como: Alice Ruiz, Edinéia, Ethel, Mari Lopez, Yara e Marilda. 

Obrigada pela homenagem e pela parceria, Ro e Ana

O poema meu que elas musicaram foi esse: 

Antecipe-se

Antes,
que seja cedo
e o medo me excite.
Antes que eu hesite
e me negue,
seja breve,
me fascine
antes que seja tarde.

Antes,
que seja um erro
mais que um ledo engano.
Antes que eu faça planos
e desista,
insista,
me domine
antes que seja tarde.

Antes,
uma grande mentira
melhor que meias verdades.
Antes que eu perca a vaidade
e me iniba,
decida,
me intime
antes que seja tarde.

Das flores lá dos Confortins, Mauro Barbosa


Mauro Barbosa é um poço de queridice. E não sou só eu que digo isso. Pergunte a qualquer um, seja homem ou mulher ou criança que o conheça. Ele tem um abraço sempre pronto para receber os amigos e um sorriso farto e contagiante. Suas músicas sempre nos dão um upgrade.
É por isso que ele, e só ele, consegue ver e encantar sereias... Ai ai ai, Mauro. Me bate uma saudade de ti e dessa galera toda... 
Mauro fez uma música pra mim. Fiquei tão emocionada... Fico meia encabulada de mostrar. Não mereço essas homenagens que me fazem em vida. Será que morri e não me avisaram? 
Mas, se eu não posto esses presentes, aqui no meu repositório, como vou lembrar de quem eu era e dos amigos amados que eu tive antes de envelhecer e perder a memória? 
Criei um slide e ilustrei com imagens do lugar onde costumo me esconder de vez em quando: Lá pras bandas de Chapecó, nos matos cheios de flores dos Confortins. Maurão, obrigada querido. Perdoem a qualidade, não sei usar essas ferramentas do Youtube.


DAS FLORES LÁ DOS CONFORTIN
Mauro Barbosa


E aqui embaixo, tá ele cantando sereias no Bardo Tatára, acompanhado pelo Gerson. 


Cuca: Intérprete curitibano foi-se...

CUCA - cantando nosso samba triste e sem nome

Se foi nosso Cuca... que tristeza.  Faleceu nos primeiros dias de maio de 2010. Era um dos melhores  cantores da  noite Curitibana.

Tantos anos ouvindo-o e eu nunca falei seu nome completo.... só o apelido: "CUCA". Ele cuidava de mim nas noites de boemia. Conhecia todos os malandros de Curitiba e se um deles se aproximasse, ele já vinha pra me salvar. 

Cuca nem precisava de instrumentos musicais para acompanhar. Era dono de um vozeirão capaz de calar até os faladores mais  compulsivo dos bares.

Além da saudade, comigo ficou apenas uma fotografia de uma "quinta dos infernos" lá no Villa das Artes onde cantou nos últimos anos e uma gravação caseira de um samba triste e sem nome, composto  por mim, pelo Marco Guiraud (meu marido, também faleceu em fevereiro deste ano),  e pelo s parceiros Washington e Clio Abreu. Fizemos muitas músicas juntos. Chamávamos essa parceria de "5 mares e um rio".  Mas esse é o samba mais triste que compusemos... tão triste que nem nome tem. Até me dá vontade de chorar. Cuca queria gravar essa música. Gravou, mas, só na minha memória e dos parceiros dessa composição. É... Está sendo um ano de muitas perdas esse tal de 2010..

Posto aqui esse samba, como um réquiem  para o Marco e para o Cuca.

SAMBA TRISTE E SEM NOME
Autores: Marco Guiraud, Marilda Marilda Confortin, Washington e Clio Abreu
Intérprete: Cuca


Nada para mim traz alegria
hoje foi só mais um dia
sem flores no meu jardim
sigo tão tristonho meu caminho
só restou aquele espinho
de um amor que teve fim

a esperança é a última a morrer
mas, para sobreviver
quanto ela se transforma!

eu sonhei amor mais que perfeito
que ironia - o meu peito
com migalhas se conforma


Quase poema e música

Quase

Parece que foi ontem.
Eternidade.
Ontem fez um ano.
Ou quase.

Quase morri, quando vi
nosso caso implodir:
Camicase.

Quando te vi sumir,
nas brumas de Avalon,
pensei ser o fim
― o Armagedom.
Mas, sobrevivi,
ou quase.

Teu rosto foi ficando vago,
Como a lembrança de um sonho,
num quadro.

Teu posto ainda está vago,
mas logo reponho.
Tenho um estoque de amor
guardado, novinho em folha.
Prontinho pra dar
para quem ocupar o teu lugar.

É... amor,
a vida é feita de quases
frases, fases.
Essa já passou,
ou quase.

Rafa Gomes foi fisgado por esse poema, quando eu ainda estava escrevendo, lá no Bardo Tatára. Ele pegou o rascunho da minha mão e falou: É meu! Você escreveu pensando em mim, porque acabei de acabar meu namoro. Vou fazer um reggae
Bom, na verdade eu estava escrevendo pro meu filho, que também tinha acabado o namoro, mas, quem sou eu pra discutir com o Rafinha... 
E ficou linda a música. Até ganhou um festival. Ouçam aí: 

QUASE
letra de Marilda Confortin
música de Rafael Gomes


Direção: Rafael Lopes
Direção de Fotografia: Rafael Lopes / Catarina
Edição: Rafael Lopes
Cameras: Helen / Catarina / Rafael Lopes
Roteiro: Mineiro / Rafael Lopes
Video produtora: MF Brothers
Agradecimentos: Marilda, Tatára, Mineiro, Guto Teixeira,
Daniel Peçanha, galera da "Segunda Autoral" e Isabela Freitas. 

VALEU RAFA

Largando da Ordem - como se fosse Marilda Confortin

LARGANDO DA ORDEM
(como se eu fosse Marilda Confortin)
por ELIAN WOIDELO

Esse guri, Elian, várias pessoas pensam que ele é meu filho. E é assim que eu o considero. Exceto quando merece um puxão de orelha e o pai dele está por perto, já que ambos são músicos e vivemos esbarrando uns nos outros nos bares da vida. Daí, inspirado no meu velho poema "Largo Esquerdo da Ordem", ele me dedica esse "Largando da Ordem"


Largo larga de mim
Sou um amante chato
Sempre corro atrás
Nos bebedouros
No cavalo que baba a palavra
Santa da fé proibida
Oculto é meu olhar
Neste dia frio
Em cujas sombras tomam meu ser
Meu não ser
Meu vencer
Me vê mais um por favor?
O meu dia ainda é pedindo piedade aos
pombos que vagueiam a procura da
verdade.
Verdade é erro é engano
É aquilo que faz química em meu
coração curitibano


Esse poema faz parte de um livro do Elian, um jovem  jornalista de vinte anos, que escreve poesia, prosa, canta, toca, compõe, fala 4 idiomas, tem muita pressa de viver e recita poesias por aí, comigo ou sem migo, mas sempre meu amigo. Te cuida, querido!

EXPONDO AS VÍSCERAS - JB do Lago


 Um olhar sobre poemas de Marilda Confortin e JB Vidal
 por João Batista do Lago

http://joaopoetadobrasil.wordpress.com/2008/08/21/expondo-as-visceras/

Tenho escrito, muito vagarosamente, uma tese sobre a coisa poética visceralista, aquilo que entendo como sendo poesia visceral; ou seja, a poesia que surge do instinto do instante (G. Bachelard) em toda a sua brutalidade fenomenal; a poesia que insurge contra verdades exatas ou absolutas, produzidas a partir de um lirismo de tipologia cartesiana ou kantiana; a poesia que se inscreve e escreve a política e a história na “carne do mundo”, onde o real se mistura à realidade, subvertendo assim a realidade dada, ajustando a poesia e o poeta ao campo de mundanidade – (Merleau-Ponty).


Evidentemente que enfoco tudo a partir de uma abordagem epistemológico-fenomenológico-existencial (se é que assim posso conceituar), partindo sempre de fenômenos imagéticos, noutras palavras, dos desenhos ou das imagens que “o texto poético” causa em mim: sou, assim, um caçador de imagens ou um arqueólogo de sombras existentes nas carnes poéticas. O que quero inferir com esta minha frase é que, não tenho quaisquer preocupações com “campos psicológicos ou psicanalíticos”. Acho-os, em verdade, representações de puro “significantes vazios”.

Neste artigo, e de forma extremamente superficial, tentarei demonstrar este arcabouço epistemológico-fenomenológico-existencial, partindo da poética de dois poetas que “caminham” por este espaço: Marilda Confortin e J.B. Vidal. Dela utilizarei a poesia “Hoje Estou Naqueles Dias…”; e dele, a poesia “Ofertório-Dor”. Ah! Como eu gostaria de ter escrito essas duas poesias! E mesmo sem tê-las escrito tenho a “impressão” que elas foram escritas por mim! E mesmo sem tê-las escrito elas estão em mim “encarnadas” com todos os seus campos de “mundanidade”, com todos os seus “pré” e “pós” políticos e históricos, me levando a cada leitura às imagens já registradas, bem assim, à criação de novas imagens a serem criadas. E é tudo que peço aos leitores: que captem as imagens contidas em ambas: Vejamo-las:

HOJE ESTOU NAQUELES DIAS…
Marilda Confortin

Dias em que o corpo
me castiga
por eu ter exercido
o poder divino
de me negar a dar à luz.

Estou naqueles dias
de terra amaldiçoada
que não fecundou
nenhuma semente
dentre as milhares
que foram plantadas.

Estou naqueles dias em que choro…
Como quando Ele se arrependeu
de nos ter dado ventres férteis
e inconseqüentes
e chorou,
chorou tanto que seu pranto
afogou todas as pragas que nasceram
nos dias que antecederam
aqueles dias de dilúvio

Hoje estou naqueles dias
em que Deus me usa
para abortar a humanidade.
Me deixe chorar, sofrer e sangrar só.


OFERTÓRIO-DOR
de jb vidal

a dor que ofereço não foi provocada
nem apascentada por mim e a solidão
veio com a chuva, c’os raios
com os anéis de saturno, na cauda do meteoro
fez poeira de lágrimas
e instalou-se nesta podridão
soube então da dor de parir
e parido fui,
da dor da fome e fome senti
da dor do sangue e o sangue correu
em minha’lma gnóstica
a dor assumiu e sobreviveu

quero então oferecer
esta dor maior que o corpo
mais que desprezo e humilhação
mais que guerras e exploração
mais que almas aleijadas
mais que humanos em farrapas degradação

ofereço a dor do amor que amei
da partida sem adeus
da saudade sem sentir
da espera inquietante
do futuro irrelevante
da ânsia divina de morrer


Convido-te agora, caro leitor, para, comigo, construir as imagens que ressaltam destas duas poesias. Mas, antes levantemos uma questão que se me parece indispensável e fundamental para a pintura deste quadro: em que ponto os dois “sujeitos” que falam na poesia cruzam e se entrecruzam nos seus caminhares? Em qual “casa” eles se “encarnam” para construírem o “equilíbrio” para poder deblaterarem suas dores? Qual a cor e a espessura da tinta que ambos utilizam para pintarem seus quadros ou simplesmente “um” quadro? Qual o enunciado dos discursos desses sujeitos? Quais “nuanças” reside entre ambos?

Resgatemos, pois, as imagens que ressaltam destas duas poesias: a) o ponto de cruzamento e entrecruzamento dos dois “sujeitos” que falam nas poesias é, exatamente, o ponto da libertação de suas dores. E com que força eles gritam essa libertação! É tanta e quanta que (penso!) nenhum ser humano escapa ou escapará das palavras vérsico-sálmicas de ambos: (Marilda) – Hoje estou naqueles dias/em que Deus me usa/para abortar a humanidade./Me deixe chorar, sofrer e sangrar só. (Vidal) – ofereço a dor do amor que amei/da partida sem adeus/da saudade sem sentir/da espera inquietante/do futuro irrelevante/da ânsia divina de morrer.

Há ou haverá sublimação maior que esta, ou seja, em que os dois “sujeitos” que falam nas poesias se oferecem como “um cristo” oriundo da mundanidade, para “abortar a humanidade (Marilda); da ânsia divina de morrer” (Vidal)? Que imagem (ou imagens?) fenomenal! Só mesmo os poetas conseguem considerar a imaginação como potência maior da natureza humana.

Mas continuemos construindo as imagens que nos sugerem os poetas. Consideremos agora a segunda questão: b) em qual “casa” eles se “encarnam” para construírem o “equilíbrio” para poder deblaterarem suas dores? Eis aqui a questão central: antes de ser “jogado no mundo”, somos “abrigados” na “casa”. Ou seja: antes de tudo – de tudo mesmo – somos “encarnados” na mundanidade das casas. Somente a “casa”, e em especial a “casa natal”, nos fornece os elementos essenciais para o processo de aprendizagem e de apreendidade do mundo. Que imagem fenomenal, caro leitor! Ao ponto de me fazer lembrar da Alegoria da Caverna, de Platão (e traçar uma analogia, aqui e agora, sobre isso tornaria este artigo muito extenso). Quem de nós, porventura, por um instante sequer, não já projetou ou projeta a “sua” casa como “campo de concentração de segurança”? Com certeza todos! Mas, qual é a “casa” dos “sujeitos” que falam nas poesias? É a casa primeira: o corpo. É no corpo que habita a poesia. É no corpo que habita o poeta. É no corpo que a poesia é encarnada. É no corpo que o poeta é encarnado.

Você, caro leitor, pode até imaginar que eu estou falando de um campo metafórico. Contudo ouso dizer-te: não! Não estou aqui me referindo a metáforas – muito embora ela se configure implicitamente -; mas à existência dos “sujeitos” das poesias que fazem (e dão) sentido; falo da existencialidade; falo do real e da realidade, desse mesmíssimo real que subverte a realidade, para ser a realidade do real: a casa-corpo no seu pleno movimento de formas que surgem a cada instante do fundo de si: (Marilda) – Dias em que o corpo me castiga; (Vidal) – Esta dor maior que o corpo. Que imagens! Que imagens! Fantásticas! Perceberam o movimento dialético dos versos que são, per se, construtores de novas imagens? Senão vejamos: (Marilda) – corpo X castigo; (Vidal) dor X corpo. Quantas imagens surgem na mente a partir dessa dicotomia dialética!

Passemos para a terceira questão proposta por mim: c) qual a cor e a espessura da tinta que ambos utilizam para pintarem seus quadros ou simplesmente “um” quadro? Muito embora fosse prudente falar dos vários quadros que poderiam ser pintados, sugiro que me acompanhem no raciocínio de apenas uma imagem. Os “sujeitos” que falam nas poesias nos sugerem quadros pintados com a cor vermelha em suas “nuanças” várias. Mas aqui podemos ressaltar (também!) que tais “nuanças” não sejam pura e tão-somente matizes figuradas. Não. A cor vermelha que sobressai da imagem que crio é sangue puro… vivo… correndo por todas as veias e saltando por todos os poros para significar uma matiz existencialista, como nos mostra esta estrofe da poesia “Ofertório-dor”, do poeta JB Vidal:

soube então da dor de parir
e parido fui,
da dor da fome e fome senti
da dor do sangue e o sangue correu
em minha’lma gnósticaa dor assumiu e sobreviveu

ou como nos diz a poeta Marilda Confortin em sua poesia “Hoje Estou Naqueles Dias…”:

Estou naqueles dias em que choro…
Como quando Ele se arrependeu
de nos ter dado ventres férteis
e inconseqüentes
e chorou,
chorou tanto que seu pranto
afogou todas as pragas que nasceram
nos dias que antecederam
aqueles dias de dilúvio

Que imagens! Que imagens! Fantásticas imagens! Fenomenais!

São imagens assim que nos remetem à inferição de Gaston Bachelard: “a Filosofia da Poesia (…) deve reconhecer que o ato poético não tem passado, pelo menos um passado próximo ao longo do qual pudéssemos acompanhar sua preparação e seu advento (…). A imagem poética não está sujeita a impulso. Não é o eco de um passado. É antes o inverso: com a explosão de uma imagem, o passado longínquo ressoa de ecos e já não vemos em que profundeza esses ecos vão repercutir e morrer. (…) a imagem poética tem um ser próprio, um dinamismo próprio. (…) a imagem poética terá uma sonoridade de ser. O poeta fala no limiar do ser. (…) a imagem poética é, com efeito, essencialmente variacional. (…) a imagem não tem necessidade de um saber (…) é uma linguagem criança. (…) Nada prepara uma imagem poética: nem a cultura, no modo literário; nem a percepção, no modo psicológico”.

Talvez pensando nessas palavras de Gaston Bachelard foi que C.-G. Jung declarara: o interesse desvia-se da obra de arte para se perder no caos inextricável dos antecedentes psicológicos, e o poeta torna-se um caso clínico , um exemplar que porta um número determinado da psychopathia sexualis. Assim, a psicanálise da obra de arte afastou-se do seu objeto, transportou o debate para um âmbito geralmente humano, que não é de forma alguma específico do artista e principalmente não tem importância para a sua arte”.

Quanto às duas últimas questões por mim propostas – Qual o enunciado dos discursos desses sujeitos? Quais “nuanças” reside entre ambos? -, caríssimos leitores, se vocês perceberem bem elas se encontram imbricadas no contexto do texto. Transformaram-se, naturalmente, em questões intertextuais.

João Batista do Lago, poeta e crítico Maranhense
Blog do João: http://joaopoetadobrasil.wordpress.com/



Morcegos amarelos


Poema de Tonicato Miranda
para Marilda Confortin
a poesia quando vem a mim
vem assim
aos poucos
de manso
para mansinho
de um ganso
para o patinho
contornando tocos
desviando dos loucos
ativando meus sentidos
mudando minha cor interior
recuperando dados perdidos

a poesia quando vem a mim
bem assim
vem bailando
de vestido rodado
saia de chita e fitas
pés descalços
amassando o tablado
fandango pulsando
meu coração e o sangue
jorrando em todos os meus rios
arrastando tudo das margens
enchente forte em todas as imagens

a poesia quando vem a mim
aranha vistosa
às vezes lânguida
às vezes cândida
quase sempre cheirosa
mas pode também ser
revolucionária, guerreira
mesmo quando vem de mulher
arrebatando meu olhar e este mar
que há dentro de mim qual concha
abrigando pérolas que desconheço

a poesia quando vem a mim
vem assim
muda meu jeito
açoita meu peito
deixa-me triste ou quieto
passeando por bem perto
quase recolhido, na gruta escondido
eu e meus morcegos amarelos e belos

Tonicato é meu pareceiro de escrita de contos e cartas literárias. Tonicato foi proprietário de uma das mais curitibanas livrarias desta cidade, a Ipê Amarelo. Tonicato é arquiteto de ciclovias. Tonicato é poeta, proseador e um grande amigo.


sou feito de curitiba, por Thadeu Wojciechowski


e o Thadeu escreveu essa homenagem a todos os artistas de Curitiba:

sou feito de curitiba


já quis morar em nova york das muitas gentes
amsterdam de todos os bagulhos
tóquio dos mil sóis nascentes
e até são paulo coberta de entulhos
mas não, fui ficando por aqui mesmo
o mundo é pequeno pra mais de uma cidade
e minha vida é tudo que tenho
curitiba entrou nela e, pra minha felicidade,
no seu ecossistema existiam potys leminskis
soldas prados trevisans mirans vellozos
ivos alices buenos buchmanns guinskis
koproskis rogérios pilares franças rettamozos
paixões backs bárbaras shoembergers hirschs
minha mãe meu pai tios avós irmãos primos
pessoas do mundo inteiro como meus vizinhos

já quis morar em outros planetas, outras galáxias
mas eu sou feito de curitiba da cabeça aos pés
corre em minhas veias seus bosques, ruas, praças
vanzolins, marildas, coronas, diedrichs, josés
em cada uma de minhas moléculas, átomos, partículas
collins kolodys lours farias tataras cardosos
leprevosts góes vulcanis smaniottos claudetes
dantes flávios recchias bettegas setos viralobos
sneges justens pryscillas arnaldos octávios bergers
e fui ficando cada vez mais parecido com curitiba
e fui algemado a essa minha alma gêmea
estrela de cada dia estendida por toda minha vida
minha mulher, minha puta, minha santa, minha fêmea
eu, do berço ao túmulo, minha caminhada inteirinha
antonio thadeu wojciechowski, polaco da barreirinha


Esse é o cara. Poeta maior de Curitiba.  Antonio Thadeu Wojciechowski , o verdadeiro polaco da Barreirinha. O meu mestre, Saboro Nossuko. Olha esse diálogo:

- Mestre,

o dia-a-dia sempre me emociona.
O sol aceso como uma lâmpada,
o céu a nos servir de tampa,
o vento que a tudo detona.
- É, essas coisas existem!
- Mas o senhor não vê beleza nelas?
- Vejo graça no que dizes!
- Como assim?
- Na inocência de tuas comparações,
na fragilidade de tuas conclusões.
- Mas tenho lido tanto, mestre.
Será que nunca vou aprender?
- Cala boca, idiota!


Duas horas após profundo silêncio,
o mestre retoma:
- O que aprendeste neste tempo?
- Só uma coisa, mestre.
- E que coisa foi essa?
- Não te interessa!
- Estás começando a virar um mestre!


O livro do Thadeu "Saboro Nossuko", ocupou por um tempo bem curto, o lugar de honra da minha casa: a primeira prateleira do banheiro. Quando um livro está na primeira prateleira, significa que todos os membros da família e amigos estão lendo. Quando some do banheiro, é sinal que algum visitante surrupiou porque gostou também. 

Obrigada pela honra de me citar no poema, Thadeu.

FALANDO DE VOCÊ


de Vaneska M. Pegoraro,
para Marilda Confortin

FALANDO DE VOCÊ

Cabeça baixa,
passos firmes,
bom dia com a voz rouca,
perfume ao vento.

Às vezes nem isso ouvíamos,
depois de algum tempo,
ouvia-se um suspiro,
como quem pensa em algo que não volta.

Às vezes a risada entrava primeiro,
depois a festa de lhe ver animada
tomava conta de tudo.

Cabeça baixa,
passos firmes...
Sabíamos que a reunião havia sido mais que cansativa.

Às vezes o cigarro, seu companheiro inseparável
 se queimava entre seus dedos,
queimando junto cada palavra não dita,
cada injustiça sofrida.

Cabeça baixa,
passos firmes,
perfume ao vento,
sorriso aberto,
dedos sempre em figa.

Às vezes era nítida a vontade de foragir-se
desse mundo, de si própria, ouso dizer!

Às vezes não permitia ser sensível,
deixando que as pessoas lhe agradassem.

Se para muitos era uma forma de puxar-lhe o “saco”
para outros era a sincera vontade
de fazer um mimo para quem se quer bem.

Às vezes as pessoas simplesmente passam,
e logo são esquecidas.
Às vezes, algumas pessoas marcam a vida da outra
sem nem mesmo ter noção disso,

Às vezes, pessoas como você
ficam gravadas no coração, na alma,
não por algum motivo especial ou heróico,
mas por ser uma pessoa que tem amor incondicional pela vida.

Cabeça baixa,
passos firmes...
peito aberto para desvendar o que quer que seja,
isso é falar de você, para você e,
com você sempre estarei, enquanto permitir.

Vaneska M. Pegoraro
16/12/2009

Vaneska trabalhou comigo na Secretaria de Educação.  Observadora, inteligente, sensível. Sacava meu humor só pelo barulho dos meus pés entrando no departamento. Às vezes tentava me acalmar, mas, sou meio ouriço... em vez de aceitar, eu largava espinhos pra cima dela. Grande amiga. Mesmo não pertencendo mais à equipe de trabalho, não esquecerei de você e desse quarteto fantástico de pedagogas competentes. 
Obrigada e me perdoe por ser tão dura. São ossos desse ofício. No bar a gente tira a máscara.
da esquerda: Vaneska, Angela, Marilda, Janice

Crise existencial

Crise existencial

                              Na despedida da Marilda



                        Trilhar o desconhecido
Gritar o que te sufoca
Demonstrar tua raiva
Sair desse marasmo

Calar quando não tem certeza
Sucumbir ao que te emociona

Hibernar tua angústia
Magoar-se com a injustiça
Ignorar o que te consome

Viajar ao seu íntimo

Hibernar quando necessário
Ligar quando tiver vontade
Refletir sobre o que te preocupa
Estressar-se com o que não concorda
Sorrir quando tua alma quiser se desvelar

Rir quando teu corpo pedir

Chorar sem o sentimento de fraqueza
Entregar-se sem medo do fracasso
Temer a maldade alheia

Sonhar com a perfeição impossível
Assumir tua responsabilidade
Despir essa vergonha
Mostrar a tua cara

Arriscar sem garantias
Duvidar do que te prometem
Desejar o que te faz bem

Curtir os pequenos prazeres
Viver com alegria
Aprender a cada momento
  
Angela Cristina Cavichiolo Bussmann - 15.12.2009

Não, eu não morri, gente. Só me aposentei... 
Obrigada, Angela. Vai ficar tudo bem, querida. 


Marilda poeta, por Fajardo

MARILDA POETA

Por Cláudio Fajardo

Ela ensina as palavras a falarem
Ela ensina as palavras a amarem
Ela ensina as palavras a andarem
Soltam-se e andam sozinhas
Andam pela vida,
vão pelas ruelas,
pelas estradas de chão,
pelo fim do caminho.


Amam no Largo da Ordem
Soltam-se dos dicionários
Animam-se, animam
Animam o animal homem,
Mulheram a vida.


Recebi essa homenagem do ilustre paranaense Cláudio Fajardo, atual diretor da Biblioteca Pública do Paraná, que sempre dá espaço para a poesia. Um homem ligado à luta revolucionária, professor universitário, crítico, poeta e amante dos livros.
Fiquei muito emocionada com o poema e só depois de três dias, consegui me distanciar do alvo e lê-lo como como se não fosse dedicado a mim, sentindo a força da palavras, a beleza das metáforas, a construção inteligente e sensível do poema. Como eu disse ao Mauro Barbosa, eu nem sabia que o Fajardo me sabia... É provável que ele nunca leia esse comentário agradecido, mas isso não importa. Meu carinho e admiração por ele é eterno.
Fajardo, sua companheira Nanci e eu, no bar Kapelle


O que fica, então?

Para Marilda

De Everly Canto, para Marilda



Portas abrem e fecham...
Anoitece e "endiece"...
Ganha-se e perde-se...
Nasce-se e morre-se...
Tudo vem e vai...
dinheiro, trabalho,
stress, sinusite,
dor de cabeça, preocupação....

O que fica então?
A amizade, carinho, amor...
O sabor do bom vinho,
A lembrança da cerveja gelada,
O descobrir sentada ao nosso lado a grande amiga,
A coragem, a poesia, a fé e...
TUDO DE BOM QUE VOCÊ É, MARILDA!!!!!!


Everly foi uma dessas boas surpresas que a vida reserva pra gente. Trabalhávamos lado a lado, de cabeça baixa, envolvidas em assuntos sérios, complexos, estressantes. Não lembro quanto tempo demoramos para prestar atenção uma na outra. Mas, lembro que um dia, pegamos carona com o filho dela. Ele nos  apresentou o Inferno, uma tequila que mudou o rumo de nossa amizade. Acabamos numa cervejaria, provando todos os tipos de cerveja que existia. Caíram todas as máscaras, todos os deuses, todos os conceitos e preconceitos. Não somos mais companheiras de trabalho. Somos amigas. Somos irmãs. Pro que der e vier.