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Prêmio "Marilda Confortin" de poesia RH CRIATIVO

Pois é... virei prêmio, acreditam?! Isso não acontece frequentemente com poetas vivos. Cheguei a desconfiar que estava morta e não sabia.   
Mas a verdade é, que quase morri de emoção três vezes: Ao saber, pelo cumpadi Danié, que meu nome foi dado ao prêmio do II Concurso RH Criativo, da prefeitura de Curitiba; e ao ler os 120 poemas inscritos e ao entregar o troféu aos classificados. Tudo muito emocionante. Haja coração.
E para ver/ouvir os poemas premiados no lançamento do  livro: https://www.youtube.com/watch?v=DywnPVuOY0s

Posto abaixo algumas fotos da premiação.

Troféu aos classificados

Comissão julgadora


Exposição dos 20 poemas selecionados


Agradecendo a homenagem


Poetas ganhadores do concurso e autoridades municipais


Jantar comemorativo, com roda de viola e poesia

Artista Fúlvio Pacheco, grafitando-me.


VIVA A POESIA, VIVA DANIEL FARIA
 E LONGA VIDA AO RH CRIATIVO  

Teaser do RH Criativo

Noite de FRIDA Kahlo

Wonka realiza noite literária em homenagem a Frida Kahlo

Publicado em 23/09/2013 - http://www.gazetadopovo.com.br/cadernog/conteudo.phtml?id=1410751&tit=Wonka-realiza-noite-literaria-em-homenagem-a-Frida-Kahlo

A pintora mexicana Frida Kahlo (1907-1954) será homenageada na noite literária Vox Urbe, amanhã, a partir das 21 horas, no Wonka Bar (R. Trajano Reis, 326, São Francisco), (41) 3026-6272. 

A poeta Marilda Confortin e a empresária Ieda Godoy, proprietária do Wonka, farão leituras bilíngues do diário da artista e haverá também shows de bolero com Laís Mann, Jeff Sabbag, Rogério Leitum e Endrigo Bettega. 

No cardápio, quitutes mexicanos ao encargo de Helena Marguerita, da Feira do Largo da Ordem. 

A decoração temática trará ainda a exposição Soy Frida, com fotos de Ieda Godoy sob as lentes de Alessandro Reis, Karla Gironda e Thiago Ponzio. Os ingressos custam R$ 10.

Ieda Godoy e Marilda Confortin -  las Fridas




Mi Diego:

Espejo de la noche.

Tus ojos espadas verdes dentro de mi carne. 
Ondas entre nuestras manos.
Todo tú en el espacio lleno de sonidos - en la sombra y en la luz.  
Tú te llamarás Auxocromo, el que capta el color. 
Yo Cromoforo, la que da el color. 
Tú eres todas las combinaciones de los números. La vida.
Mi deseo es entender la línea, la forma, la sombra, el movimiento. Tú llenas y yo recibo. 
Tu palabra recorre todo el espacio y llega a mis células que son mis astros y va a las tuyas que son mi luz. (Frida Kahlo)


 



FOI UMA NOITE MARAVILHOSA!

saudades dos amigos de Coyoacan

 

Salada e Leitura

Tinha esquecido dessa. Revirando meus guardados, encontrei muita coisa... 

Clique na imagem para ler meu texto "Salada e leitura" publicada também no Jornal da Secretaria de Educação do Governo do Paraná
 

Leitura de poemas do Vinícius de Moraes



Bárbara Lia e eu estaremos lendo poemas nossos e de Vinicius de Moraes durante a 32ª Semana Literária SESC. Teremos a honra de ser acompanhadas pelo saxofonista Ederson Renaud.



E FOI ASSIM:

Bárbara Lia e Marilda Confortin - as que leram poemas do Vinícius (e de nossa autoria, também)

Ederson e Marilda - Vinícius em música e verso

Ederson sabe tudo de Vinícius e de sax.


Fotos de Decio Romano.


A Rosa de Hiroshima

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida.
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
(Vinícius de Moraes)

A fera voltou, por Silvério da Costa

JORNAL: SUL BRASIL - 8 DE MARÇO DE 2012
COLUNA: FRONTE CULTURAL
COLUNISTA: SILVÉRIO DA COSTA


A FERA VOLTOU!

“Busca e apreensão, de Marilda Confortin, uma chapecoense radicada em Curitiba há muitos anos, é um livro de poesias que vai além da própria poesia, porque penetra nos meandros da psicologia, do destino do ser humano e das contradições da vida, servindo de embocadura para chegar à reflexão sobre a condição humana e a existencialidade, com tudo que tem direito, tendo o humor refinado e sarcasmo como linha de frente.


Marilda explora os diferentes caminhos da poesia, vinculados ao cotidiano, com uma forma de abarcar temas diversos, embora prevaleçam os de cunho mundano-erótico-libidinosos, regados a doses etílicas que deixam qualquer Baco de quatro, como forma de libertação.

“Busca e Apreensão” é um livro que olha para o passado, sem sair do presente, para revelar o futuro, porque enfoca o dia a dia do ser humano através de uma linguagem multifacetada e poliédrica, criando uma harmonia pluridimensional, com o envolvimento de grandes nomes da poesia universal como Florbela Espanka, Liminski, Neruda, Maiakówski e outros, misturando poemas prolixos com poemas sintéticos, como os que fazem parte do Movimento Internacional Poetrix (poemas de três versos), do qual Marilda é uma das principais cultoras. Ela é uma poeta plural, heterogênea, que mistura, sem pejo, tradição com modernidade, para elaborar suas ideias e transformá-las em poemas cujos versos têm, muitas vezes, uma só palavra, ou menos que isso, fragmentando-os, e unindo-os, e superpondo-os, formando novas configurações.


Marilda Confortin é uma poeta irrequieta, que busca na desordem do universo (seu e dos outros) o material para sua realização substancial, sem meias palavras, deixando claro o seu inconformismo com a lida e com a vida, sem falar das peleias metafísicas. Sua poesia é o resultado da inventividade e da insubmissão, usando para isso uma linguagem pícara e de duplo sentido, exercitada em jogos frasais e trocadilhos, valorizando a semântica e fazendo confluir para a concretização da poesia, uma poesia sem adereços, sem elucubrações e com endereço certo. As suas ferramentas são a sensibilidade e a competência, que a têm projetado para o Brasil e para o mundo. Parabéns!

extraído de: http://www.literaturacatarinense.com.br/marilda/materias.htm



Silvério Ribeiro da Costa é brasileiro naturalizado. Nasceu em Porto, Portugal, mas reside no Brasil há muito tempo. Publicou dezenas de livros, participou de mais de sessenta antologias, escreve poesia, prosa, resenhas, notas e crítica literária. Faz parte de diversas instituições culturais do Brasil e exterior, entre elas a IWA-International Writers Association and Artists, com sede em Ohio-E.U.A. Tem trabalhos publicados em revistas e jornais de vários países e já foi traduzido para o Espanhol, Francês, Inglês, Italiano, Esperanto e Grego.
Assina coluna Fronte Cultural, no Jornal Sul Brasil.




Mujeres Poetas en el país de las nubes 2012


Então... não terá moleza no XX Encuentro Internacional de Mujeres Poetas no México. Logo no dia seguinte à minha chegada, antes mesmo da abertura do Encontro, já farei uma leitura numa das casas de cultura, juntamente com Blanca Salcedo da Argentina e Theodoro, do Chile. Olha que programação interessante:



Nos dias 4 a 6, acontecerão as reuniões, debates, oficinas e recitais sob o tema "La República en la vóz de sus poetas" - no centro histórico da cidade do México.
De 7 a 12, a programação será um sufoco. Cada dia em uma cidade diferente. Participarei de todos os recitais e oficinas:

Día 7 - Región Mixteca
- Talleres y recitales en las escuelas de la comunidad de Santo Domingo Yanhuitlán y - Recital de Inauguración en el Ex Convento de Sto. Domingo
 
Día 8 - Villa Tamazulapam del Progreso
- Recital en la Escuela Normal para Maestras
- Recitales, pláticas y talleres en las escuelas de la comunidad
- Recital en el Templo de Nuestra Señora de la Natividad

Día 9 - Nochixtlán y Teposcolula
- Recital en la Capilla Abierta
- Reunión con autoridades municipales
- Regreso a Yanhuitlán
- Recital de Clausura en el Ex convento de Santo Domingo

Día10 - Ciudad de Oaxaca
- Reunión de trabajo
- Recital Museo del Palacio de Gobierno

Día 11 - Monte Albán
- Recitales, pláticas y talleres en las escuelas de la comunidad
- Reunión de trabajo, evaluación y recital de despedida

Día 12 - Recital Universidad La Salle
- y retorno a la Ciudad de México

é uma maratona poética pra ninguém botar defeito. Vou precisam mesmo  dessas asas...

 


haicai ou poetrix, por Aroldo Murá

Na edição do dia 23/11, o colunista  Murá postou uma matéria no Indústria & Comércio, falando sobre minha poesia. Que honra!
Aí está, em arquivo do Indústria&Comércio: https://www.diarioinduscom.com.br/hai-kai-ou-minimalismo-poetico/



Se você disser à poeta Marilda Confortin que ela escreve hai-kais, pode até perdê-la como amiga. Ela é daquelas que faz questão de levar rigorosamente a sério a conceituação de “hai-kai”, forma poética originária do Japão e que tem regras muito específicas. A grande maioria dos poetas, no Brasil, faz “kai-kai” como bem entende: desde que sejam versos de três linhas já são rotulados como tal. Marilda, ao contrário, faz parte e defende o movimento Poetrix, que produz textos poéticos de três linhas, mas chamando-os de “poesia minimalista”.


NAS ESCOLAS
Este ano, Marilda e outros poetas do movimento Poetrix foram às escolas, ministrar oficinas de poesia. Dias 23, 24 e 25 ela estará ministrando as últimas oficinas de Poetrix, na Escola Municipal Mirazinha Braga Braga (a convite da prof. Magali Fressato) e na Escola Municipal Nympha Peplow (a convite da prof. Lucia Felix Pedri), para alunos das 5º séries, “gurizada muito criativa”, segundo a poeta. Ela mesma é bastante versátil, pois conseguiu ser analista de sistemas (já aposentada), sem deixar de ser poeta e cronista. Nascida e crescida em ambiente rural na cidade de Chapecó – SC, teve pouco acesso aos livros na infância. O primeiro contato que teve com a poesia foi na forma oral, por um tio que a ninava recitando poemas de Olavo Bilac.


EM CURITIBA
Aos quinze anos candidatou-se a tirar pó dos livros da biblioteca do Seminário Diocesano próximo à sua casa. Naquele trabalho descobriu os livros. Encantou-se com a palavra. Em 1975 mudou para Curitiba, onde criou raízes e filhos. Estudou na UFPR, trabalhou como analista de sistemas, e nos últimos anos como diretora do Departamento de Tecnologias e Difusão Educacional da Secretaria de Educação, onde foi responsável pela implantação de uma rede de mais de 180 bibliotecas, merecendo o prêmio “Objetivos do Milênio/2009”. Participou da Primeira Antologia Poematrix, e de outras antologias.


LIVROS E EVENTOS
Marilda representou o Brasil em dois eventos internacionais de Poesia: X Encuentro Internacional de Mujeres Poetas no México e Festival Internacional de Poesia de Granada, Nicarágua. Publicou cinco livros, alguns textos avulsos, uma peça de teatro, participou de várias antologias nacionais e internacionais. Recebeu prêmios literários e outros como letrista. Atualmente tem mais de 50 textos musicados. Pertence à Academia José de Alencar e ao Movimento Internacional Poetrix, onde é uma das coordenadoras e incentivadoras mais ativas. Poesia recita em qualquer espaço, bares, teatros, escolas, feiras, festivais de poesia e locais públicos. Mas não digam que são hai-kais!



Deu no jornal - Silvério da Costa

Com 4 meses de atraso, posto aqui a nota literária sobre meu último livro "Busca e Apreensão", escrita por  Silvério da Costa, publicada no Jornal Sul Brasil. Essas coisas inesperadas, deixam a gente muito feliz e eu nem sei como agradecer.


JORNAL: SUL BRASIL - 8 DE MARÇO DE 2012
COLUNA: FRONTE CULTURAL
COLUNISTA: SILVÉRIO DA COSTA

A FERA VOLTOU!

“Busca e apreensão, de Marilda Confortin, uma chapecoense radicada em Curitiba há muitos anos, é um livro de poesias que vai além da própria poesia, porque penetra nos meandros da psicologia, do destino do ser humano e das contradições da vida, servindo de embocadura para chegar à reflexão sobre a condição humana e a existencialidade, com tudo que tem direito, tendo o humor refinado e sarcasmo como linha de frente.

Marilda explora os diferentes caminhos da poesia, vinculados ao cotidiano, com uma forma de abarcar temas diversos, embora prevaleçam os de cunho mundano-erótico-libidinosos, regados a doses etílicas que deixam qualquer Baco de quatro, como forma de libertação.

“Busca e Apreensão” é um livro que olha para o passado, sem sair do presente, para revelar o futuro, porque enfoca o dia a dia do ser humano através de uma linguagem multifacetada e poliédrica, criando uma harmonia pluridimensional, com o envolvimento de grandes nomes da poesia universal como Florbela Espanka, Liminski, Neruda, Maiakówski e outros, misturando poemas prolixos com poemas sintéticos, como os que fazem parte do Movimento Internacional Poetrix (poemas de três versos), do qual Marilda é uma das principais cultoras. Ela é uma poeta plural, heterogênea, que mistura, sem pejo, tradição com modernidade, para elaborar suas ideias e transformá-las em poemas cujos versos têm, muitas vezes, uma só palavra, ou menos que isso, fragmentando-os, e unindo-os, e superpondo-os, formando novas configurações.

Marilda Confortin é uma poeta irrequieta, que busca na desordem do universo (seu e dos outros) o material para sua realização substancial, sem meias palavras, deixando claro o seu inconformismo com a lida e com a vida, sem falar das peleias metafísicas. Sua poesia é o resultado da inventividade e da insubmissão, usando para isso uma linguagem pícara e de duplo sentido, exercitada em jogos frasais e trocadilhos, valorizando a semântica e fazendo confluir para a concretização da poesia, uma poesia sem adereços, sem elucubrações e com endereço certo. As suas ferramentas são a sensibilidade e a competência, que a têm projetado para o Brasil e para o mundo. Parabéns! Vejam:

MÁ NOTÍCIA

O gato subiu no telhado
A casa caiu
O Universo entrou em entropia
E eu aqui esse frio
Fazendo poesia
De um lado pra outro
Onça enjaulada
Ainda não entendeu
Como caiu na cilada.

Eu só queria saber por que Deus
Deu sete vidas pros gatos
E só uma pra mim.


SOBRE HOMENS E DEUSES

Cala-te homem!
Não molestes os deuses
Com tuas perguntas tolas sobre as mulheres.
Os deuses são etéreos.
Nada sabem sobre seres de barro
Modelados por mãos humanas.

Tu me imaginaste e me esculpiste.
Tu sabes quem sou e onde estou.
Por que me buscas tão distante?

Esquece tudos o que sabes
E toca-me, cego, em braile.
Aguça o tato e trilha o caminho úmido
Que te conduz ao útero.

Já o percorreste uma vez
Quando eras esperma.
Lembras?

Adentra-me.
Por alguns instantes
Não será homem nem mulher.
Serás Deus.

Quando te liquidificares em mim
Saberás que a vida começa
Numa pequena morte.
Chão e ar te faltarão
Mas estarás mais seguro que nunca
Porque saberás que é aqui
Dentro de mim
Que te inicias e acabas.

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
Silvério Ribeiro da Costa é brasileiro naturalizado. Nasceu em Porto, Portugal, mas reside no Brasil há muito tempo. Publicou dezenas de livros, participou de mais de sessenta antologias, escreve poesia, prosa, resenhas, notas e crítica literária. Faz parte de diversas instituições culturais do Brasil e exterior, entre elas a IWA-International Writers Association and Artists, com sede em Ohio-E.U.A. Tem trabalhos publicados em revistas e jornais de vários países e já foi traduzido para o Espanhol, Francês, Inglês, Italiano, Esperanto e Grego.
Assina coluna Fronte Cultural, no jornal Sul Brasil, em Chapecó,SC. http://www.jornalsulbrasil.com.br/site/

Rádio Encontro


Gloria Kirinus, Marina Colasanti, Eleonora Fruet, Marilda Confortin, Roseana Murray

Postado por: DENISE TONIOLO no site Cidade do Conhecimento 
Fonte: SMCS

As escritoras Marina Colasanti, Gloria Kirinus, Marilda Confortin e Roseana Murray foram convidadas do Rádio Encontro, programação desta quarta-feira (6) no Encontro da Rede Municipal de Bibliotecas Escolares, no Centro de Convenções de Curitiba.

O Rádio Encontro é uma entrevista em formato de programa de rádio com auditório, que foi conduzida pelo radialista Sílvio de Tarso e acompanhada pela secretária Municipal da Educação, Eleonora Bonato Fruet.

O Encontro da Rede Municipal de Bibliotecas Escolares terminará nesta quinta-feira (7) e envolve 1.200 profissionais para incentivarem a prática da leitura e da escrita nas escolas e na comunidade.

"O contato com os autores é uma oportunidade para os profissionais enriquecerem o repertório e oferecerem o melhor da literatura para os 140 mil crianças e adolescentes da rede municipal de ensino", disse Eleonora.

A Rede Municipal de Bibliotecas Escolares de Curitiba foi criada em 2007 e é formada por 175 unidades, com acervo de aproximadamente 780 mil livros.

O crescimento da rede surpreendeu a escritora Marina Colasanti, ganhadora do Prêmio Jabuti deste ano na categoria Poesia. "Há algum tempo conheci o trabalho feito nos berçários das creches municipais e fiquei comovida, pois sabemos da importância da presença do livro na primeiríssima idade. Agora fiquei feliz em sabe da multiplicação dos pães, do crescimento de toda a rede", disse Marina.

Os investimentos da Prefeitura incluíram a construção, reforma ou ampliação de salas, compra de material e acervo e formação contínua de agentes de leitura.


PROGRAMAÇÃO DE QUINTA-FEIRA

Das 8h às 12h
Local: Centro de Convenções (rua Barão do Rio Branco, 370, Centro)
Apresentação: Nas Asas da Poesia, com João Bello, Susi Monte Serrat e grupo
Palestra: Poesia, Encantamento e Arte, com Marilda Confortin
Café na Feira: Dança Árabe, com Núbia Cabral, e contação de histórias, com Elisiany Chaves
Palestra: Ler ou Não Ler Shakespeare, Eis a Questão!, com Liana de Camargo Leão
Encerramento: O Forféu do Mundaréu, com o Grupo Mundaréu
Das 13h30 às 17h30 e das 18h30 às 22h30
Local: Centro de Capacitação da Secretaria Municipal da Educação (rua Dr. Faivre, 398)

Palestar é preciso


E por falar em poesia...
Hoje estive num colégio estadual falando sobre poesia e prosa para um grupo de adolescentes do ensino médio. Estavam na semana cultural e podiam optar por vários tipos de assunto, como teatro, musica, esportes, pintura etc.
Fiquei surpresa quando vi mais de 20 alunos entrando livremente na sala, tanto pela manhã quanto à tarde, para ouvir poesia. O mundo ainda não está perdido, pensei.
Nos primeiros minutos, muito agitados, testando meus limites, fazendo questão de mostrar aquele ar de desinteressados natural dos adolescentes estampado no rosto sem espinhas (os tempos mudaram...).

Fui jogando iscas. Interpretando poesias e prosas curtas, observando as expressões até perceber que tipo de tema mais interessava àquele grupo. Estranho... Eles se aquietavam quando eu lia poemas de rebeldia, de dor, de desamor. E também quando a prosa (li algumas crônicas), utilizava palavras consideradas pedagogicamente incorretas, isto é, palavrões, gírias. Lancei mão desse tipo de linguagem para atraí-los. Depois foi fácil. Já estavam fisgados e ouviam tudo o que eu queria dizer. Até poemas de amor e ecologia.

Na próxima semana, falarei para 1200 professores. Agentes de leitura que trabalham nos  Faróis e Bibliotecas Escolares de Curitiba, uma rede de bibliotecas que ajudei a implantar. Estou apreensiva. Que tipo de assunto atrairá a atenção desses professores? O tema que me propuseram foi “Poesia Encantamento e Arte – Tecendo uma rede de leitores”. 

É engraçado... costumo recitar em bares, cafés, inaugurações, para um público adulto, heterogêneo, que nem imagina que vai tropeçar numa poesia. E faço naturalmente, sem me preocupar.  Mas, com para um  público de crianças, adolescentes ou professores fico deveras apreensiva... A figura do professor ainda me intimida.  Tenho a impressão que estão sempre tentando extrair minha raiz quadrada, fazendo a análise sintaxe do meu texto, procurando erros ortográficos no meu sujeito oculto...

Mas, vamos lá. Estarei em ótima companhia. Muitos outros escritores e artistas estarão tentando “encantar” esses professores durante os três dias do III Encontro da Rede de Bibliotecas Escolares de Curitiba, para que continuem motivados e interessados em tecer uma grande rede de leitores. O que será mais difícil para mim, será dizer "bom dia" e não "boa noite" como estou habituada

ESCRITORES CONVIDADOS

Adélia Woelner
Alexandre França
Glória kirinus
Liana Leão
Marilda Confortin
Marina Colasanti
Roseana Murray

Poetrix, um terceto que nasceu no Brasil - por Mariana Braga



Há duas semanas, fui procurada por Mariana Braga, repórter do Jornal Comunicação da Universidade Federal do Paraná.  Queria conhecer o Poetrix,  Não nos conhecíamos. Marcamos na frente da sala de empréstimos da Biblioteca Pública. Fazia um frio inesperado como só Curitiba sabe fazer.

Estudantes alegres, cobertos por casacos largos e cachecóis coloridos, amarrados com nós criativos, entravam e saíam da Biblioteca aos pares, trios, montes, tropeçando em mim, sem me ver.
Senti saudades de quando eu freqüentava a Biblioteca Pública e também achava que o mundo era só meu e de quem estivesse comigo naquele instante.

- Mariana? 
- Marilda?

Sim, éramos nós.  Escolhemos uma mesa e conversamos muito, sem pressa. Seus olhos brilhantes e curiosos lembravam o olhar de meus filhos, pequenos, quando eu lhes contava uma história nova. Ela ainda não estava contaminada pela pressa dos jornalistas, pela limitação das laudas, pelos cronogramas e pelas matérias encomendadas. Ela escolheu escrever uma matéria sobre Poetrix. Uma poesia nova. Uma nova história. Que maravilha! E ainda melhor: Disse-me que faria um “tubo de ensaio”. Imaginei uma sementinha de poesia germinando dentro de um tubinho de vidro, crescendo, espreguiçando-se como um pé de feijão, sob o olhar deslumbrado de uma criança. É isso que ela faria. Depois de reunir a informação necessária, ela mesma se submeteria à experiência de produzir poetrix e contar aos outros quais foram suas dificuldades, facilidades, sensações e emoções. Mariana revelou-se uma poetrixta. Leiam abaixo a matéria e o resultado do "tubo de ensaio".

A partir daqui, o texto é dela. Obrigada, Mariana por  nos presentear com essa experiência.  


Poetrix, um terceto que nasceu no Brasil

Gênero poético tem apenas uma década e é muitas vezes chamado de "filho bastardo" do Haicai

Reportagem: Mariana Braga
Edição: Carolina Goetten 
matéria publicada em 19/05/2010 (disponível nos arquivos da UFPR):
http://www.jornalcomunicacao.ufpr.br/node/8208

              

sol cores e flores
na Festa da Primavera
saia da menina
(Débora Novaes de Castro)


Al dente 
 
Não há futuro ao ponto
Quando o presente
É mal passado
(Marilda Confortin)

 
À primeira vista, um leitor disperso incluiria os dois tercetos acima no mesmo tipo de classificação, pela forma aparentemente semelhante como foram construídos graficamente. Mas basta uma reflexão um pouco mais atenta para notar distinções essenciais nos poemas, que são enquadrados em gêneros diferentes de poesia: Haicai e Poetrix, respectivamente.

“O Haicai é um terceto estruturado há milhares de anos e tem formatação de 5-7-5, com no máximo 17 sílabas poéticas”, descreve a poeta Marilda Confortin, membro do Movimento Internacional Poetrix. A métrica 5-7-5 correlaciona versos e sílabas: o primeiro verso, no haicai, deve ter cinco sílabas poéticas, seguido de um segundo com sete e o terceiro, conclusivo, com cinco. Dentro da categoria minimalista, o Poetrix não pode ultrapassar 30 sílabas poéticas, mas não determina normas para a distribuição destas sílabas dentro do poema. “O objetivo é dizer muito com o mínimo de palavras”, explica Marilda.

A partir desse entendimento, os tercetos de Paulo Leminski, por exemplo, são erroneamente chamados de haicais, porque a essência do gênero poético milenar, oriental e de métrica rigorosa não era seguida à risca. No artigo "Poetrix: um jeito brasileiro de fazer tercetos", a escritora Lilian Maial explica que o haicai se consagrou como poema descritivo: enquanto tal, costuma identificar a estação do ano – no Japão, chamada de kigo – em que acontece o momento retratado nos versos.

Outras diferenças
A poeta Kathleen Lessa explica algumas diferenças fundamentais entre as duas vertentes poéticas.

Quanto ao tema

O haicai versa sobre a natureza: estações do ano, flores, frutos, animais, tempo, clima, mudanças, etc. Ele “acontece” no momento em que é escrito. É como um flash fotográfico, apresentando a inspiração que o autor captou ao observar uma cena, obrigatoriamente no tempo presente.
O poetrix tem temática livre e pode acontecer no passado, presente ou futuro 

 
 
Quanto ao narrador

No haikai, o autor não interfere na ação. Só observa e narra o momento
No poetrix o autor pode aparecer, interferir, falar de si, expor sentimentos.

Quanto às rimas

No haicai tradicional, a rima não é admitida (a menos que seja interna, no verso);
No poetrix, a rima é opcional.

Ao contrário do Poetrix, que instiga, o haicai não deve deixar dúvidas para o leitor. Segundo Marilda, é um terceto contemplativo. “Se ele diz que as folhas estão no chão, elas realmente estão no chão”, assinala a escritora. “O poetrix é mais nosso. É mais livre”.

Os tercetos tropicais foram organizados pelo poeta baiano Goulart Gomes no gênero Poetrix. Marilda explica que o novo gênero de terceto, criado em 1999, admite ironia, metáforas, neologismo e estrangeirismo, não aceitos em haicais, além de ser urbano e atemporal. A etimologia deriva de Poe (poesia) e Trix (três).

Ter definido um novo gênero de terceto não significa que existe uma guerra entre haicaístas e poetrixitas. “Nós não somos uma frente de combate ao haicai. Temos muito respeito. O poetrix é um terceto que resolveu assumir sua diferença e não ficar brigando”, assinala a poeta.

Existem outros detalhes que distinguem os dois tipos poemas. O haicai não admite título, enquanto este é muitas vezes um complemento do Poetrix. “Ele [o poetrix] conversa muito com todas as mídias”, ressalta Marilda.

 O mínimo é o máximo

Pelas figuras de linguagem e pluralidade de sentidos, não basta que alguém leia um poetrix em voz alta para outra pessoa. Muitas vezes o terceto lança mão de jogos de palavras que só podem ser compreendidos através da leitura, como no caso do poema (con)tato, de Marilda Confortin:

(con)tato

dedilho improvisos
 teu corpo jaz(z)ido
 acorda blues

A nova vertente poética conquista cada vez mais adeptos. O Poetrix já fez surgir mais de cem mil poemas na internet, realiza prêmios às melhores poesias e começa a se tornar referência literária no Brasil e no mundo. Nos versos, trabalha-se a intensidade literária, os termos non-sense, a crítica, o erotismo, a intertextualidade - o máximo de conteúdo em até 30 sílabas poéticas.

Movimento Poetrix

“O hai-kai é uma pérola; o poetrix é uma pílula”. É assim que o coordenador do Movimento Internacional Poetrix (MIP), Goulart Gomes, distingue o recente gênero de poesia. Ele explica na Bula Poetrix que esse tipo de poema é "um projétil em direção ao alvo”.

A Bula (uma espécie de beabá Poetrix) surgiu depois de a novidade confundir alguns leitores e poetas que pediram por uma organização das regras estruturais do gênero de poema. Além da regulamentação das características que devem estar presentes no Poetrix, Goulart Gomes lançou O MIP, que surgiu em 2000 e tem o objetivo de divulgar os poemas e seus autores.

Goulart é professor, mestre e doutor em Literatura e autor premiado. Mas embora o fundador do movimento seja envolvido com ambiente acadêmico, isso não é regra entre os poetrixistas: o Poetrix é arte de qualquer profissão. “Existem professores, mas também médicos. Eu sou analista de sistemas”, conta Marilda Confortin. Para ela, poesia é para todos os bons leitores. Alguns desses poetrixistas possuem poemas publicados nas antologias Poetrix, que ano passado chegou à 3ª edição.

O Poetrix já é rebelde por sua própria essência, e dentre os próprios poetrixistas houve quem se manifestou para ampliar as características do poema, que são aceitas pelo MIP. Carlos Fiore criou o Tautotrix, baseado no tautograma. Ou seja, é um Poetrix que se utiliza de palavras que começam pela mesma letra:

Pulsação

Podem pintar poemas,
Prosas, poesias, palavras.
Pessoas pensam. Pulsam.

Existem outras formas múltiplas desse gênero de poema, como o Duplix criado por Pedro Cardoso e Tê Soares, que apresenta dois Poetrix se entrelaçando através da intertextualidade.


A experiência da repórter Mariana Braga como poeta 
no Universo Poetrix (Tubo de Ensaio)

 

Poetrixando na prática

A sensação de construir versos no formato Poetrix é tão instigante quanto a de lê-los

Poetrixar
Mariana Braga

eu (ar)risco versos
mas algumas palavras f o   g     e          m
perdem-se nas inspirações

Sentei-me à escrivaninha para escrever meus próprios Poetrix, após conversar com a poeta Marilda Confortin na Biblioteca Pública do Paraná e ler Lua Caolha, sua coletânea de poemas do estilo. O amor com que ela se referia ao Poetrix me cativou. Ao folhear diversos livros e arrastar a barra de rolagem de incontáveis sites sobre a vertente poética, fiquei fascinada com os efeitos que esses pequeninos tercetos atingem. Foi quase viciante. Lia um e corria para outro, enquanto algumas ideias me surgiam à mente.

Achei que minha missão seria dizer muito com poucas palavras, mas colocar sentimentos em apenas três versos não é o mais difícil. Poetrix exige muito além da palavra em si. E, pequeno, lança mão de uma linguagem na sua maior intensidade e clama por ousadia ao utilizar todas as ferramentas linguísticas possíveis.

Por ser recente, alimenta-se de todas as mídias, como explica Marilda. Procurei aplicar aos meus poemas imagens que representassem na maior dimensão possível os meus sentimentos ou interpretações. Às vezes, podem aparecer imagens ou sons. Mas boa parte dos poetrix apresentam letras entre parênteses ou mudanças sutis no texto para explorar o sentido da palavra. Utilizei em um poetrix a mudança de tamanho da fonte:

Cidade sou riso?

esconde o sol na manga
o curitibano
frio

Nesse poema, registrei uma impressão que tive ao passear pela Rua XV em uma cinzenta manhã de sábado. Apesar de descrever aquele momento em meu próprio Poetrix, o sentimento narrado é atemporal, aplicável a diversas ocasiões. Caso eu quisesse produzir um haicai, eu talvez não pudesse dar à palavra “frio” mais de um sentido, trazer-lhe ambiguidades e confusões e misturas de significados. "Frio" significaria apenas o registro de tempo e estação do ano e não poderia indicar, ao mesmo tempo, a característica de um personagem. Meu poema ficaria incompleto.

“Quanto mais se extrair de uma palavra tudo aquilo que ela foi feita para dizer, melhor. Sempre tem duplo, triplo, quádruplo sentido". É o que Marilda chama de "privilegiar a inteligência do leitor", que não pode ganhar tudo de bandeja, já pronto. "Queremos que ele mastigue, engula, faça a digestão”.

A estrutura do poema permite a inovação, as aventuras, apostas, riscos, jogos. O título, que não entra na contagem de limite de sílabas métricas, pode interagir com o Poetrix. Em vez de usar a palavra mar em um deles, escrevi As três primeiras letras do meu nome, o que significa que, além de referir-me ao próprio mar, discorro sobre algo que faz parte de mim de uma forma especial.

As três primeiras letras do meu nome

Poesia embalada pela brisa
Água e sal que tem graça
Ah-mar!

Esse Poetrix foi inspirado em um texto que escrevi há alguns meses, constituído por três parágrafos por onde se distribuíam 1.283 caracteres. Sua essência não se perdeu por ter de se apertar em apenas três versos: o que eu queria transmitir de mais importante naquele texto ganhou evidência no formato Poetrix.

Fiz isso porque Marilda me recomendou sintetizar textos ou matérias jornalísticas através do Poetrix. Ela costumava criar poemas para resumir relatórios prolixos. “Estamos em um mundo sem tempo para grandes leituras”, constata a poetrixista. Além de o Poetrix contribuir para facilitar a criação de textos resumidos, é uma saída para quem tem o fator "pouco tempo" como pretexto para a falta de leitura.

Mas, para quem escreve, o melhor parece ser encontrar termos polissêmicos, ironias e jogos de palavras do cotidiano que caibam bem ao papel. Depois de ensaiar alguns Poetrix, meus sentidos estão mais atentos. Poetrixar é a atividade de deliciar-se com tudo o que se vê, ouve e sente. Por isso, eu parafraseio Goulart Gomes: Haicai é uma bela fotografia, mas Poetrix… Poetrix é um delicioso chocolate.


EXPONDO AS VÍSCERAS - JB do Lago


 Um olhar sobre poemas de Marilda Confortin e JB Vidal
 por João Batista do Lago

http://joaopoetadobrasil.wordpress.com/2008/08/21/expondo-as-visceras/

Tenho escrito, muito vagarosamente, uma tese sobre a coisa poética visceralista, aquilo que entendo como sendo poesia visceral; ou seja, a poesia que surge do instinto do instante (G. Bachelard) em toda a sua brutalidade fenomenal; a poesia que insurge contra verdades exatas ou absolutas, produzidas a partir de um lirismo de tipologia cartesiana ou kantiana; a poesia que se inscreve e escreve a política e a história na “carne do mundo”, onde o real se mistura à realidade, subvertendo assim a realidade dada, ajustando a poesia e o poeta ao campo de mundanidade – (Merleau-Ponty).


Evidentemente que enfoco tudo a partir de uma abordagem epistemológico-fenomenológico-existencial (se é que assim posso conceituar), partindo sempre de fenômenos imagéticos, noutras palavras, dos desenhos ou das imagens que “o texto poético” causa em mim: sou, assim, um caçador de imagens ou um arqueólogo de sombras existentes nas carnes poéticas. O que quero inferir com esta minha frase é que, não tenho quaisquer preocupações com “campos psicológicos ou psicanalíticos”. Acho-os, em verdade, representações de puro “significantes vazios”.

Neste artigo, e de forma extremamente superficial, tentarei demonstrar este arcabouço epistemológico-fenomenológico-existencial, partindo da poética de dois poetas que “caminham” por este espaço: Marilda Confortin e J.B. Vidal. Dela utilizarei a poesia “Hoje Estou Naqueles Dias…”; e dele, a poesia “Ofertório-Dor”. Ah! Como eu gostaria de ter escrito essas duas poesias! E mesmo sem tê-las escrito tenho a “impressão” que elas foram escritas por mim! E mesmo sem tê-las escrito elas estão em mim “encarnadas” com todos os seus campos de “mundanidade”, com todos os seus “pré” e “pós” políticos e históricos, me levando a cada leitura às imagens já registradas, bem assim, à criação de novas imagens a serem criadas. E é tudo que peço aos leitores: que captem as imagens contidas em ambas: Vejamo-las:

HOJE ESTOU NAQUELES DIAS…
Marilda Confortin

Dias em que o corpo
me castiga
por eu ter exercido
o poder divino
de me negar a dar à luz.

Estou naqueles dias
de terra amaldiçoada
que não fecundou
nenhuma semente
dentre as milhares
que foram plantadas.

Estou naqueles dias em que choro…
Como quando Ele se arrependeu
de nos ter dado ventres férteis
e inconseqüentes
e chorou,
chorou tanto que seu pranto
afogou todas as pragas que nasceram
nos dias que antecederam
aqueles dias de dilúvio

Hoje estou naqueles dias
em que Deus me usa
para abortar a humanidade.
Me deixe chorar, sofrer e sangrar só.


OFERTÓRIO-DOR
de jb vidal

a dor que ofereço não foi provocada
nem apascentada por mim e a solidão
veio com a chuva, c’os raios
com os anéis de saturno, na cauda do meteoro
fez poeira de lágrimas
e instalou-se nesta podridão
soube então da dor de parir
e parido fui,
da dor da fome e fome senti
da dor do sangue e o sangue correu
em minha’lma gnóstica
a dor assumiu e sobreviveu

quero então oferecer
esta dor maior que o corpo
mais que desprezo e humilhação
mais que guerras e exploração
mais que almas aleijadas
mais que humanos em farrapas degradação

ofereço a dor do amor que amei
da partida sem adeus
da saudade sem sentir
da espera inquietante
do futuro irrelevante
da ânsia divina de morrer


Convido-te agora, caro leitor, para, comigo, construir as imagens que ressaltam destas duas poesias. Mas, antes levantemos uma questão que se me parece indispensável e fundamental para a pintura deste quadro: em que ponto os dois “sujeitos” que falam na poesia cruzam e se entrecruzam nos seus caminhares? Em qual “casa” eles se “encarnam” para construírem o “equilíbrio” para poder deblaterarem suas dores? Qual a cor e a espessura da tinta que ambos utilizam para pintarem seus quadros ou simplesmente “um” quadro? Qual o enunciado dos discursos desses sujeitos? Quais “nuanças” reside entre ambos?

Resgatemos, pois, as imagens que ressaltam destas duas poesias: a) o ponto de cruzamento e entrecruzamento dos dois “sujeitos” que falam nas poesias é, exatamente, o ponto da libertação de suas dores. E com que força eles gritam essa libertação! É tanta e quanta que (penso!) nenhum ser humano escapa ou escapará das palavras vérsico-sálmicas de ambos: (Marilda) – Hoje estou naqueles dias/em que Deus me usa/para abortar a humanidade./Me deixe chorar, sofrer e sangrar só. (Vidal) – ofereço a dor do amor que amei/da partida sem adeus/da saudade sem sentir/da espera inquietante/do futuro irrelevante/da ânsia divina de morrer.

Há ou haverá sublimação maior que esta, ou seja, em que os dois “sujeitos” que falam nas poesias se oferecem como “um cristo” oriundo da mundanidade, para “abortar a humanidade (Marilda); da ânsia divina de morrer” (Vidal)? Que imagem (ou imagens?) fenomenal! Só mesmo os poetas conseguem considerar a imaginação como potência maior da natureza humana.

Mas continuemos construindo as imagens que nos sugerem os poetas. Consideremos agora a segunda questão: b) em qual “casa” eles se “encarnam” para construírem o “equilíbrio” para poder deblaterarem suas dores? Eis aqui a questão central: antes de ser “jogado no mundo”, somos “abrigados” na “casa”. Ou seja: antes de tudo – de tudo mesmo – somos “encarnados” na mundanidade das casas. Somente a “casa”, e em especial a “casa natal”, nos fornece os elementos essenciais para o processo de aprendizagem e de apreendidade do mundo. Que imagem fenomenal, caro leitor! Ao ponto de me fazer lembrar da Alegoria da Caverna, de Platão (e traçar uma analogia, aqui e agora, sobre isso tornaria este artigo muito extenso). Quem de nós, porventura, por um instante sequer, não já projetou ou projeta a “sua” casa como “campo de concentração de segurança”? Com certeza todos! Mas, qual é a “casa” dos “sujeitos” que falam nas poesias? É a casa primeira: o corpo. É no corpo que habita a poesia. É no corpo que habita o poeta. É no corpo que a poesia é encarnada. É no corpo que o poeta é encarnado.

Você, caro leitor, pode até imaginar que eu estou falando de um campo metafórico. Contudo ouso dizer-te: não! Não estou aqui me referindo a metáforas – muito embora ela se configure implicitamente -; mas à existência dos “sujeitos” das poesias que fazem (e dão) sentido; falo da existencialidade; falo do real e da realidade, desse mesmíssimo real que subverte a realidade, para ser a realidade do real: a casa-corpo no seu pleno movimento de formas que surgem a cada instante do fundo de si: (Marilda) – Dias em que o corpo me castiga; (Vidal) – Esta dor maior que o corpo. Que imagens! Que imagens! Fantásticas! Perceberam o movimento dialético dos versos que são, per se, construtores de novas imagens? Senão vejamos: (Marilda) – corpo X castigo; (Vidal) dor X corpo. Quantas imagens surgem na mente a partir dessa dicotomia dialética!

Passemos para a terceira questão proposta por mim: c) qual a cor e a espessura da tinta que ambos utilizam para pintarem seus quadros ou simplesmente “um” quadro? Muito embora fosse prudente falar dos vários quadros que poderiam ser pintados, sugiro que me acompanhem no raciocínio de apenas uma imagem. Os “sujeitos” que falam nas poesias nos sugerem quadros pintados com a cor vermelha em suas “nuanças” várias. Mas aqui podemos ressaltar (também!) que tais “nuanças” não sejam pura e tão-somente matizes figuradas. Não. A cor vermelha que sobressai da imagem que crio é sangue puro… vivo… correndo por todas as veias e saltando por todos os poros para significar uma matiz existencialista, como nos mostra esta estrofe da poesia “Ofertório-dor”, do poeta JB Vidal:

soube então da dor de parir
e parido fui,
da dor da fome e fome senti
da dor do sangue e o sangue correu
em minha’lma gnósticaa dor assumiu e sobreviveu

ou como nos diz a poeta Marilda Confortin em sua poesia “Hoje Estou Naqueles Dias…”:

Estou naqueles dias em que choro…
Como quando Ele se arrependeu
de nos ter dado ventres férteis
e inconseqüentes
e chorou,
chorou tanto que seu pranto
afogou todas as pragas que nasceram
nos dias que antecederam
aqueles dias de dilúvio

Que imagens! Que imagens! Fantásticas imagens! Fenomenais!

São imagens assim que nos remetem à inferição de Gaston Bachelard: “a Filosofia da Poesia (…) deve reconhecer que o ato poético não tem passado, pelo menos um passado próximo ao longo do qual pudéssemos acompanhar sua preparação e seu advento (…). A imagem poética não está sujeita a impulso. Não é o eco de um passado. É antes o inverso: com a explosão de uma imagem, o passado longínquo ressoa de ecos e já não vemos em que profundeza esses ecos vão repercutir e morrer. (…) a imagem poética tem um ser próprio, um dinamismo próprio. (…) a imagem poética terá uma sonoridade de ser. O poeta fala no limiar do ser. (…) a imagem poética é, com efeito, essencialmente variacional. (…) a imagem não tem necessidade de um saber (…) é uma linguagem criança. (…) Nada prepara uma imagem poética: nem a cultura, no modo literário; nem a percepção, no modo psicológico”.

Talvez pensando nessas palavras de Gaston Bachelard foi que C.-G. Jung declarara: o interesse desvia-se da obra de arte para se perder no caos inextricável dos antecedentes psicológicos, e o poeta torna-se um caso clínico , um exemplar que porta um número determinado da psychopathia sexualis. Assim, a psicanálise da obra de arte afastou-se do seu objeto, transportou o debate para um âmbito geralmente humano, que não é de forma alguma específico do artista e principalmente não tem importância para a sua arte”.

Quanto às duas últimas questões por mim propostas – Qual o enunciado dos discursos desses sujeitos? Quais “nuanças” reside entre ambos? -, caríssimos leitores, se vocês perceberem bem elas se encontram imbricadas no contexto do texto. Transformaram-se, naturalmente, em questões intertextuais.

João Batista do Lago, poeta e crítico Maranhense
Blog do João: http://joaopoetadobrasil.wordpress.com/



Poesia no Bosque


Minha poesia foi morar no meio de um bosque, em frente a um lago, num paraíso.


Ah! Esse meu pensamento... 
entra por caminhos que nem sei. 
Viaja sozinho, me abandona, 
deixando meus olhos vazios.
Quando volta, me traz pequenas lembranças:

- Estive na infância e lembrei-me de ti...

Eu e mais 12 escritores curitibanos, recebemos hoje esse belo presente. Trechos de nossas obras foram gravadas em painéis espalhados ao longo da Trilha do Conhecimento, um caminho que adentra o Bosque Irmã Clementina, inaugurado hoje, dia 30 de março, em comemoração ao trecentésimo décimo quinto aniversário de Curitiba.

Adélia Maria Woellner, ao microfone, agradeceu a homenagem em nome de todos os poetas.



Viva a poesia!