Faísca de vida
Fazia tempo que eu não via a lua,
não saia à rua,
não entrava na tua.
É que com o tempo,
o tempo fechou.
a neve caiu
e eu fiquei assim...
só
a ver navios.
Não fosse o relâmpago dos teus olhos
eu nem lembraria
que um dia existiu céu.
Marilda/abril/2011
Sonia Godoy - 16/09/1948 – 31/03/2011
SONIA MARIA FERREIRA DE GODOY, paulista, poetrixta maior, amiga, minha grande incentivadora, assim se definia:
"Sou uma psicóloga que não respeita limites e que, quase sem vergonha, se aventura em todos os campos do trabalho e das artes. Escrever é paixão pela palavra, pelo texto que organiza desorganizadamente o interior inquieto e rebelde".
O poetrix acima, é para mim uma oração, um mantra. Invoco-o sempre.
Deixo aqui, algumas pérolas de autoria da Sonia Godoy que coletei ao longo de uma dezenas de anos, postados modestamente no grupo do MIP - Movimento Internacional Poetrix.
ALGUNS POETRIX DE SONIA GODOY
sou da tribo
de um poema menor
menormenormenor
enorme
enorme
tercetos insólitos
Alcoólico, quebro pés,
em versos assistólicos.
Apostólico, vicio.
autorretrato
ah, tantas releituras
que perdi
o original
gotas de sabedoria
tudo passa
como tanque
na praça da paz
perspectivas
passar os anos
feito subir montanha:
tudo fica tão pequeno...
bom de história
que todas as guerras usem
somente as armas químicas
que Bush achou no Iraque
do oitavo andar
em queda livre,
decide:
nunca mais, nunca mais.
nem toda mulher
mas todos que batem
gostam
de sofismar
amputado
por que ainda dói
esse amor
que já não sinto?
pequeno romance
era um amor tão pequenino
mas tão delicado mesmo
que durou sutil e doce - apenas a vida toda
contracultura bró
os big
com trastes
trans agridem
alegria de natal
gavetas abertas, cds espalhados
toalha molhada na cama
o filho – presente
quântica
malcriada
gozou o efeito
malcriada
gozou o efeito
antes da causa
na corda bamba
às vezes choro sua falta
outras tantas
caio no samba
Fumante
Gastar versos com fumo - vício solitário?
Gastar versos com fumo - vício solitário?
Melhor saber por que cheiras diesel,
comes plástico e tens tão pouco prazer.
Gracias!
Depois de certa idade,
Depois de certa idade,
a vista fraca não separa
pecado de moralidade.
Fractais
Ah, por quais cristais de pedra
teu olhar me filtra e quebra
em cópias iguais a ti?
Lavoura (nerudando)
Deita-me tua poesia
como grãos de trigo.
Tórrida, versejarei.
Domingos
Que gritem faustos faustões.
Que gritem faustos faustões.
Já vendi a alma –
à poesia
espelho velho (e bobo)
mas quando foi
que esse espelho
entortou?
Nietzscheniando I
Canto o lamento do mundo,
Canto o lamento do mundo,
por quem sustenta a luxúria da arte,
enquanto janto à la carte.
você diz o que quer
mas eu decido
se foi promessa
ou ameça
lua
crê,
sente,
a cheia virá.
sugar free
low fat, diet chiclete
no salt, be slim
morreu aos dezessete
não
me leve a mal
preciso de uma dose
que seja letal
Sonia Godoy
Vai... vá lá amiga! Vai ensinar poesia pros anjos.
Que jeito ... - de Tonicato Miranda
A tarde armou o vento
O vento misturou nuvens
O céu se encheu de flocos em cinzas
Um pardal na ponta de um banco
deu de ombros
Olhei para ele e concordei
Perguntou-me o companheiro:
Será que chove?
Não sei, respondi sorrindo
Ele então me disse: até logo, vou voar!
E eu repliquei: vou me molhar!
São Carlos, numa praça, Abril/2011
Tonicato Miranda
Estréia de Marilda Confortin no Teatro Peça Marat e Sade
Comédia? Drama?
Mentiras? Verdades?
Loucura? Sanidade?
Marilda Confortin no papel de Simone, a companheira louca do Jean-Paul Marat, no hospício Charenton
“Perseguição e Assassinato de Jean-Paul Marat representado pelo Grupo Teatral do Hospício de Charenton sob a Direção do Marquês de Sade” - Esse é o título original da polêmica peça ficcionista Marat / Sade sobre a Revolução Francesa, escrita em 1964 pelo diretor de cinema e dramaturgo alemão, Peter Weiss.
De 6 a 10 de abril, na programação do Festival de Teatro de Curitiba, os atores do grupo teatral Folha Branca e Todomundonu assumirão os papéis dos loucos de Charenton, misturando as falas da peça original com suas próprias falas.
O texto com livre adaptação do grupo teatral Folha Branca, composições musicais do Trombone de Frutas e sob a direção de Alexandre Bonin ganhou uma dramaticidade atemporal.
Marat: Idealista ou louco?
Marquês de Sade: sádico ou sábio?
Mentiras, falsidades ideológicas, decadência moral e religiosa.
Estamos falando da Revolução Francesa ou dos dias atuais?
Prepare-se para ver o tênue fio que separa a loucura da sanidade.
de 6 a 09/04 - 21 horas
dia 10/04 - 19 horas
INGRESSOS:
A venda nas bilheterias do Festival de Teatro de Curitiba
ou 4003-1212
R$ 20,00 (inteira)
R$ 10,00 (meia)
DIA DA ÁGUA 22 DE MARÇO
Com tantas enchentes e tsunamis no mundo, foi difícil comemorar o dia internacional da água. Para afastar a tristeza por alguns instantes, deixo aqui um poema do bom e velho poeta português, Manuel Maria Barbosa du Bocage.
Poesía AGONÍA
(Marilda Confortin - tradução de Vera Vieira)
Saber de la poesía
antes del nacimiento
aún cuando es presentimiento
bajo la piel
en la saliva
en el silencio
sana
Y tener que entregarla
para que la palabra
la tome
dome
deforme
dé nombre
y parta
sola
Clarão da lua - música
Essa seresta à moda antiga ganhou o Festival Nacional Canta Serpro em 1984, Belo Horizonte. É... tamo na estrada desde o século passado.
Poema meu, musicado e interpretado por Marco Guiraud - meu ex-marido, falecido em fevereiro/2010. Infelizmente não chegou a ser gravada. Nesse áudio caseiro, o Marco está tocando para ensinar as posições das notas musicais no violão para nosso filho Ébano - o cantor.
CLARÃO DA LUA
Poema de Marilda Confortin, música de Marco Guiraud, intérpretada por Ébano Guiraud)
O teu clarão entra pela janela
Invade as profundezas do meu coração
Que bate forte, feito bateria
Num concerto ao vivo, cheio de emoção
Me faz lembrar o tempo em que a vida
Era curar feridas feitas pelo amor
Em que habitavas todas as esquinas
Como lamparina a me fazer cantor
Mas que saudades da viola linda
Que te faz infinda como o céu e o mar
Das madrugadas, todas encharcadas
Com beijos de fadas, sempre a me amar
Das caminhadas pela noite adentro
Com tua presença a me acompanhar
Balet mais lindo, vinhas me seguindo
Um passo atrás do outro até quase alcançar
Estou sentindo aquela nostalgia
Parece magia, que me faz sair
Viola em punho, o sangue fervendo
Coração batendo, querendo explodir
Vem minha musa, sou teu seresteiro,
Vem, me toma inteiro, me faz recordar
Mais que amantes, éramos errantes
Sempre que o dia vinha nos matar
Mas que saudades, da viola linda
Que te faz infinda como o céu e o mar
Das madrugadas todas encharcadas
Com beijos de fadas, sempre a me amar
Minhas lembranças vão me absorvendo
E eu quase cedendo, acho que vou chorar
Não sei se vale, mas tô com vontade
De matar saudades de você, luar.
Poema meu, musicado e interpretado por Marco Guiraud - meu ex-marido, falecido em fevereiro/2010. Infelizmente não chegou a ser gravada. Nesse áudio caseiro, o Marco está tocando para ensinar as posições das notas musicais no violão para nosso filho Ébano - o cantor.
CLARÃO DA LUA
Poema de Marilda Confortin, música de Marco Guiraud, intérpretada por Ébano Guiraud)
O teu clarão entra pela janela
Invade as profundezas do meu coração
Que bate forte, feito bateria
Num concerto ao vivo, cheio de emoção
Me faz lembrar o tempo em que a vida
Era curar feridas feitas pelo amor
Em que habitavas todas as esquinas
Como lamparina a me fazer cantor
Mas que saudades da viola linda
Que te faz infinda como o céu e o mar
Das madrugadas, todas encharcadas
Com beijos de fadas, sempre a me amar
Das caminhadas pela noite adentro
Com tua presença a me acompanhar
Balet mais lindo, vinhas me seguindo
Um passo atrás do outro até quase alcançar
Estou sentindo aquela nostalgia
Parece magia, que me faz sair
Viola em punho, o sangue fervendo
Coração batendo, querendo explodir
Vem minha musa, sou teu seresteiro,
Vem, me toma inteiro, me faz recordar
Mais que amantes, éramos errantes
Sempre que o dia vinha nos matar
Mas que saudades, da viola linda
Que te faz infinda como o céu e o mar
Das madrugadas todas encharcadas
Com beijos de fadas, sempre a me amar
Minhas lembranças vão me absorvendo
E eu quase cedendo, acho que vou chorar
Não sei se vale, mas tô com vontade
De matar saudades de você, luar.
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