Mostrando postagens com marcador Poesia Marilda Confortin. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Poesia Marilda Confortin. Mostrar todas as postagens

Ebook Contrición

Ebook Contrición

Español 



Livro de poesias no formato eletrônico, com 38 páginas, reunindo alguns dos meus poemas traduzidos para o espanhol.





Pro Par Oxítono


... claro que vou. E pra combinar com esse tema, deixo um poema ímpar, que escrevi para meu par. Independente das mudanças ortográficas e climáticas da vida, ele sempre terá seu acento gráfico cativo em meu coração.

Pro Par Oxítono

Inóspito,
responde ríspido
à minha presença abrupta
sobre sua tela plana
e impávido desconecta
rápido como relâmpago.

Erótico,
passeia de helicóptero
entre minhas pernas trêmulas
derrete minha máscara
de lantejoulas pretas
e me ama incandescente
sobre o piso de mármore
de um hotel barato.

Artístico,
tatua em minhas costas
a capa do próximo livro,
capta meus sentimentos
com olhares fotográficos
e me deixa atônita
com seus rabiscos mágicos.

Cândido,
acolhe-me lírico
em seu crisálido peito,
sussurra blandícias,
bucólicos hinos,
e me nina angélico,
o diabólico menino.
 

Poesia Sonidos

Sonidos de nascimento e morte


Entrei numa fase muito sensível.
Sinto muito. 
Muito mais que expresso.

Parece sem sentido, mas,
inícios e fins têm o mesmo ruído.

Fecho os olhos.
Recém nasci.
Menina.
Minha mãe me nina.

Primeiros sons:
O coração dela batendo
no mesmo compasso da velha cadeira de balanço.
(uma perna mais gasta que a outra)
 
Tum-tuum, Tum-tuum, Tum-tuum...


(marilda confortin)

Sacaneando e.e. cummings & e_tonicato


Tenho um problema pessoal com o cummings. Ele sempre me aparece na hora errada. Na primeira vez que cruzei com ele, eu era muito jovem e não estava preparada para lê-lo. Na segunda, eu estava apaixonada por um poeta que se apaixonou pelo cummings que roubou o interesse dele por mim. Na terceira eu não estava apaixonada por ninguém e essa maravilhosa poesia (abaixo) só me deixou mais triste. Ano passado, tropecei nele outra vez. É perseguição! Foi na Bienal de Salvador. Só por sacanagem resolvi presenteá-lo ao Tonicato, um amigo obcecado pela pontuação perfeita, pela frase hermética e pela escrita impecável. Pensei que fosse odiá-lo. Qual o quê! Desembestou a eecummingsar. Chega! Vão tomá no cummings :)
Vou sacanear com vocês dois.
 

O poema do e.e cummings
(Tradução de Augusto de Campos)

eu gosto do meu corpo quando está com o seu
corpo. É uma coisa tão nova e viva.
Melhores músculos, nervos mais.
eu gosto do seu corpo e do que ele faz,
eu gosto dos seus comos. de tatear as vért
ebras do seu corpo,a sua treme
-lisa-firmez e que eu quero
mais e mais e mais
beijar, gosto de beijar issoeaquilo de você,
gosto de,lentamente golpeando o, choque
do seu velo elétrico,e o que-quer-que freme
sobre a carne bipartida...E olhos migalhas
de amor grandes e acho que gosto de ver sob mim
você vibrar tão viva e nova assim


O poema do Tonicato em homenagem ao cummings
(trecho do poema de Tonicato Miranda)


pensando no seu corpo
com o olhar pousado em suas coxas brancas
talvez coaxasse por elas
e eles assim, tão desgarrados joelhos
confesso-me diante de suas pernas, sonho
...delirei com o vão do seus seios
tão abrigados em castos vestidos
será eles sabem do meu peito, desta ânsia
de apertos e contatos de músculos?


Meu (poema) sacaneando os dois

ando pens
     ando no seu corpo.com
o olhar pousa
do em suas
co X as

brancas tal
vez

coaxo
         por elas e eles
assim tão des
                garrados

de joelhos confesso:
        
ante de suas
pernas-sonho
... delirei

como vão
seus seios tÃO?

a
brigados em
castos

vestidos será sabem?

do meu
peito minha
         ânsia
a
pertos e con
tatos

de

mús
cu
luz
(marilda confortin)

Apurando os sentidos


Manhãs têm gosto de orvalho.
Pequenos Quixotes lutam contra as ondas. 
Crianças: Adultos ensaiando tsunamis.
--------
A tarde tem cor de sol.
Garotos pedalam na orla curvilínea. 
Adolescentes: Homens praticando amor com suas magrelas.
--------
A noite tem cheiro de maresia.
Namorados ensaiam pecados nos muros. 
Amor: plânctons que fluoresce no escuro.
--------
Bienal 

Muita gente falando ao mesmo tempo
e as palavras - mudas
presas nos livros.

--------

Praça da Poesia

Primeiros estranhamentos: Jovens poetas manoeldebarrosando insignificâncias.
Últimos entranhamentos: Velhos poetas ainda buscando significados nos signos.

--------

Poetas X críticos
O crítico fala, embasa, explica e disseca a poesia como se fosse rã.
O poeta cala, engasga, extirpa e seca suas tripas como se fosse lã.

(Marilda Confortin - 10ª Bienal do Livro - Salvador - BA - 11/11)

Pedra bruta

 
Não sei se o que escrevo é poesia. Sério. Sou muito vadia para as coisas sérias. Se tiver que trabalhar a escrita para ficar bonita, to fora. Agora, se brota eu colho. Semeio fins. Se joio ou trigo não ligo. Lavro. Aro. Arre! Comigo é no grito, no braço, no instinto. Se flui, sorvo. Se estorva, vomito. A mente capta. Às vezes com sente. Noutras só mente. A gramática me poda, mas não mata. Erro sem culpa. Desculpa se ofendo. Vendo os olhos e escrevo. Cega enxergo por dentro. Sentimento não tem acento nem regras. Nasci do pecado. Tem um lugar reservado pra mim, lá nos confortins dos diabos. 
Marilda confortin

Sobre nós e elos

Gravação ao vivo da Rádio Rock, da minha parceria com Edgar Renee. Esse guri é muito bom. Ainda vão falar muito dele nessa cidade. Tenho certeza. Espero o CD, Edgar

ÓLEO SOBRE TELA - MÚSICA DE GEGÊ FÉLIX + POESIA DE MARILDA



Óleo sobre tela

Pouso meus olhos sobre telas de Van Gogh.
Deito-me ao lado do ceifador
e adormeço sobre feixes de trigo.
Cena familiar.
Cedo ao sonho.
Retrocedo à infância.
Vejo-me criança, pura
feito a loucura do pintor.
Inerte, braços abertos,
fingindo-me espantalho
no meio do trigal maduro.
Um gérmen ainda.
Nem sabia o que era poesia
e já sentia.
Os pássaros pensam
que meu cabelos brancos
são feixes de palha.
Espanto-os.
Da janela do sanatório,
Van Gogh se espanta e pinta
corvos sobre o campo de trigo.
Acordo.
Kurosawa sonha comigo.

COSAS DE MUJER - POESIA

Faísca de vida



Fazia tempo que eu não via a lua,
não saia à rua,
não entrava na tua.

É que com o tempo,
o tempo fechou.
a neve caiu
e eu fiquei assim...
a ver navios.

Não fosse o relâmpago dos teus olhos
eu nem lembraria
que um dia existiu céu.

Marilda/abril/2011

Poesía AGONÍA

(Marilda Confortin - tradução de Vera Vieira)
 
Saber de la poesía
antes del nacimiento
aún cuando es presentimiento
bajo la piel
en la saliva
en el silencio
sana

Y tener que entregarla
para que la palabra
la tome
dome
deforme
dé nombre
y parta
sola

Clarão da lua - música

Essa seresta à moda antiga ganhou o Festival Nacional Canta Serpro em 1984, Belo Horizonte. É... tamo na estrada desde o século passado.
Poema meu, musicado e interpretado por Marco Guiraud - meu ex-marido, falecido em fevereiro/2010. Infelizmente não chegou a ser gravada. Nesse áudio caseiro, o Marco está tocando para ensinar as posições das notas musicais no violão para nosso filho Ébano - o cantor. 



CLARÃO DA LUA
Poema de Marilda Confortin, música de Marco Guiraud, intérpretada por Ébano Guiraud)

O teu clarão entra pela janela
Invade as profundezas do meu coração
Que bate forte, feito bateria
Num concerto ao vivo, cheio de emoção

Me faz lembrar o tempo em que a vida
Era curar feridas feitas pelo amor
Em que habitavas todas as esquinas
Como lamparina a me fazer cantor

Mas que saudades da viola linda
Que te faz infinda como o céu e o mar
Das madrugadas, todas encharcadas
Com beijos de fadas, sempre a me amar

Das caminhadas pela noite adentro
Com tua presença a me acompanhar
Balet mais lindo, vinhas me seguindo
Um passo atrás do outro até quase alcançar

Estou sentindo aquela nostalgia
Parece magia, que me faz sair
Viola em punho, o sangue fervendo
Coração batendo, querendo explodir

Vem minha musa, sou teu seresteiro,
Vem, me toma inteiro, me faz recordar
Mais que amantes, éramos errantes
Sempre que o dia vinha nos matar

Mas que saudades, da viola linda
Que te faz infinda como o céu e o mar
Das madrugadas todas encharcadas
Com beijos de fadas, sempre a me amar

Minhas lembranças vão me absorvendo
E eu quase cedendo, acho que vou chorar
Não sei se vale, mas tô com vontade
De matar saudades de você, luar.

música ... e por falar em lua

Uma bela parceria minha com Jazomar Rocha, do Quintal da Goiabeira. Está no CD SAMBA CURITIBANO E SUAS RAÍZES. Vale a pena conhecer esse trabalho.



E por falar em lua ...
(poema de Marilda, música de Jazomar)

O por do sol ainda sangrava
e no horizonte já despontava
uma lua recém nascida
pálida e desmilinguida.

Pobre lua prematura
Frágil, nua, com frio
Perdida lá nas alturas
Presa ao mar por um fio.

Órfã dos lobos e crateras,
nasceu sem manto de estrelas
sem um seresteiro a espera
para batizá-la na viola.

Boêmios ainda dormindo
Amantes flagrados nus
Nenhum poeta assistindo
Vagalumes sem luz

Pobre lua, luazinha!
Como eu, nasceu sozinha
Sem berço pra se embalar
Sem ninguém para abraçar.

Pra te ninar, luazinha,
eu fiz esta canção
Pra te mimar, menina
Pra amenizar nossa solidão.

poesia Chutando o balde


Tudo bem...  Aperte o pause.
Temporariamente tentarei fazer tua vontade.
Vestirei a máscara imposta pela sociedade hipócrita.
Serei submissa, rezarei conforme a missa.
Negarei minhas raízes,
pintarei o cabelo,
arrancarei os pelos,
seguirei teus rituais idiotas.
Tudo bem...
Serei tua Amélia: discreta, apática e quieta.
Vestirei roupa de carola e fingirei orgasmo, se isso te consola.
Assistirei novela, big brother e toda essa balela da televisão.
Mas tem uma condição:
Tens de admitir pública e religiosamente que admiras
essa criatura burra e negligente que me tornarei.
Que é comigo que queres ter filhos.
Herdeiros que, pela lógica,
seguirão nossos trilhos e serão medíocres,
babacas, vulgares, corruptos.
E nos darão netos e bisnetos estúpidos,
que se unirão a outros estrupícios de gente.
Até que, no futuro,
nossa geração decadente e burra
exploda o Planeta.
Topas?
- Topo.
Ta louco!
Meta essa coleira na primeira anta ignorante
que aparecer na tua frente. 
Eu tô caindo fora.
E é agora!

Poesia Filho



Ah... meu filho...
Quando é que você vai crescer?
Quando vai aprender
a descascar cebolas
sem chorar por elas?

Protege esse peito do frio,
calce sapatos,
cuidado pra não se ferir
nos próprios cacos.

Quando é que você parar
de amar tanto,
deixar de ser santo
aprender a ser mau
igual àqueles que partiram,
que feriram seu coração?

Ah... Meu coração....

Quando é que vou aceitar
que você já cresceu
e não tem medo
de se machucar
feito eu? 

Natais


Natais

Manada de animais devorando aves, 
peixes, porcos, eletrodomésticos, 
plásticos, plásticas, celulares, 
celuloses, celulites, panetones,
massas, passas; passas e mais passas...
Só não passa nossa fome.

VOLÚVEL


Tem hora, sou da paz.
Quero casa, casar,
morar num harém,
ser oásis, caça,
presa, amélia, amém.

Às vezes, creio em buraco negro,
camada de ozônio, câncer no seio,
falta de hormônio, aids, escorbuto,
mundo corrupto, degelo, desgraça,
apocalipse... Vixe!

Noutras, acho graça
do que disse.
Quero viver mais cem anos
curtir a velhice,
fazer planos,
artes plásticas,
ginástica,
poesia, música,
teatro, cinema,
amor...
Ontem te amei.
Hoje, não sei.

Poesia Sem medidas

SEM MEDIDAS

Quem mediu o dia
não nos conhecia,
nem sabia nada
sobre nosso amor.

Se soubesse,
não se atreveria
a findar o dia
ao amanhecer.

Hoje
vai ter tantas horas
que, quem sabe, agora
já seja amanhã.
No entanto,
para nós,
é tão cedo ainda;
é ainda ontem;
ainda é dia,
nem anoiteceu.

Nosso amor ninguém mensura.
Dura enquanto o tempo para.
Para enquanto lua.
Lua enquanto há mar.


Poesia Arrepio

Foi tardio aquele medo,
aquele arrepio
que percorreu minha espinha
e aquele suor frio
que escorreu pelo braço.

Na garganta um “que é que eu faço?”
engasgou, saiu resmungo,
ninguém neste mundo
poderia entender.

Tardia também saiu tua voz
quando entre nós
só havia nudez.

E uma vez feito,
nada arrancava do peito
aquele vão.

Nem tua mão leve,
nem o tom breve
e macio de falar:
 - Quão tardio foi amar.

Poesia Dia após dia


Vão-se os dias,
cheios de compromissos.
Dois seios omissos
secam em desuso,
sob a blusa.

Vão-se noites vazias,
inundadas de insônia.
Em vão: estrelas, luas,
poesias, sonhos.

Esvai-se a vida
dissolvida
ao léu.

Se ao menos eu cresse em céu...