Poesia pobre
Sumo, somes,
secas, seco,
escoas, escôo,
ecoas...
Escorres, escorro.
só corres, só corro.
Socorro!
Somos somente ecos
do que fomos.
Ah, essa maré de dó, marré de si!
pobre de ti, pobre mim
pobre dessa poesia pobre.
a arte do chá
ainda ontem
convidei um amigo
para ficar em silêncio
comigo
ele veio
meio a esmo
praticamente não disse nada
e ficou por isso mesmo
Leminski
Leminski
Poesia Era uma vez duas Rosas
Ontem, aconteceu em Curitiba o Seminário "Prevenindo a mortalidade materna" promovido pela União Brasileira de Mulheres. Intercalando as palestras, aconteceram exposições de arte, artesanato, shows e poesia.
Eu participei com uma exposição de textos decorados com imagens da artista Graciela Scandurra e recitei algumas poesias. Tema difícil...
Eu participei com uma exposição de textos decorados com imagens da artista Graciela Scandurra e recitei algumas poesias. Tema difícil...
Era uma vez, duas rosas
A Rosa mulher,
ainda uma menina.
Branca, pálida, franzina.
A outra rosa,
ainda um botão de flor.
Mas, seria vermelha sua cor.
Rosa menina queria um vestido dourado,
sonhava ser modelo, morar no Rio de Janeiro
dançar a valsa de 15 anos com o namorado
casar, ter filhos e ganhar muito dinheiro.
Rosa flor nasceu no jardim da casa da Rosa mulher.
Era apaixonada por um belo crisântemo amarelo
vivia cercada por cravos, lírios, bem-me-quer
e o sol, acordava-a todo dia com um beijo singelo.
Rosa menina engravidou antes de parir seus sonhos.
Viu interrompida sua fantasia de menina.
Sua vida transformada num pesadelo medonho
levou-a a procurar uma clínica clandestina.
Rosa flor espreguiçava-se distraída,
oferecendo-se inteira ao calor do verão
de repente sentiu uma fisgada dolorida
uma facada no caule... a queda... o chão.
Rosa mulher, acusada de um ato impuro
expulsa de casa, grávida, sem esperança
submeteu-se a um aborto inseguro
pôs fim à sua vida e a da criança.
Não é dourada a mortalha da menina
e sobre seu peito, jaz uma flor em botão
Meu Deus! O que vejo? Que triste sina!
Duas rosas tenras, mortas num caixão.
(marilda confortin)
A Rosa mulher,
ainda uma menina.
Branca, pálida, franzina.
A outra rosa,
ainda um botão de flor.
Mas, seria vermelha sua cor.
Rosa menina queria um vestido dourado,
sonhava ser modelo, morar no Rio de Janeiro
dançar a valsa de 15 anos com o namorado
casar, ter filhos e ganhar muito dinheiro.
Rosa flor nasceu no jardim da casa da Rosa mulher.
Era apaixonada por um belo crisântemo amarelo
vivia cercada por cravos, lírios, bem-me-quer
e o sol, acordava-a todo dia com um beijo singelo.
Rosa menina engravidou antes de parir seus sonhos.
Viu interrompida sua fantasia de menina.
Sua vida transformada num pesadelo medonho
levou-a a procurar uma clínica clandestina.
Rosa flor espreguiçava-se distraída,
oferecendo-se inteira ao calor do verão
de repente sentiu uma fisgada dolorida
uma facada no caule... a queda... o chão.
Rosa mulher, acusada de um ato impuro
expulsa de casa, grávida, sem esperança
submeteu-se a um aborto inseguro
pôs fim à sua vida e a da criança.
Não é dourada a mortalha da menina
e sobre seu peito, jaz uma flor em botão
Meu Deus! O que vejo? Que triste sina!
Duas rosas tenras, mortas num caixão.
(marilda confortin)
Visita de amigos poetas
Sábado, foi dia de (re)conhecer Curitiba e passar a tarde no Café Quintana
Sergio (Presidente Prudente), Edna (São Paulo), Thamar (Brasília), eu e Cleide (SP)
Hugo chegou meio atrasado, mas conseguiu tomar um café e matar a saudade, né Hugo?
À noite, foi para ler poesias no Jocker, comer farofa de pinhão, tomar vinho e até dançar. No próximo, prometo escolher um local mais adequado à poesia... desculpem. Ms tenho uma reclamação à fazer: cadê as fotos de toda a turma? Angela, Janice, Deny, Sergio, Cris, vocês tiraram um monte de fotos do grupo todo que estava no Jockes... me enviem por favor.
(...) Amigos são artigos de luxo
amigos são bruxos
da distância e do tempo
amigos são elementos
que contam na hora agá
amigos são maná
faróis no nevoeiro
são arco e aqueiro
na precisão do alvo
amigos estão a salvo
das tempestades da vida...
amigos são bruxos
da distância e do tempo
amigos são elementos
que contam na hora agá
amigos são maná
faróis no nevoeiro
são arco e aqueiro
na precisão do alvo
amigos estão a salvo
das tempestades da vida...
(Anair Weirich)
Edna, a eterna Musa paulista do grupo foi a responsável por nos reunir aqui em Curitiba, no meio do caminho. Quem veio conferir os correntistas em potecial, foi Cleto, o dono do Banco da Poesia (ver link ao lado)
O já consagrado poeta Manoel de Andrade, mostrou seu companheirismo a nós, poetas amadores, comparecendo ao encontro e nos brindando com belas declamações do seu último livro Poemas para a Liberdade.
“E agora, eis-me diante da poesia,
Assistindo desabar as velhas torres do encanto…
Perplexo, que posso ainda?
Sou apenas um olhar melancólico diante da esperança.”
Sérgio trouxe seus poemas rápidos e certeiros.
Assistindo desabar as velhas torres do encanto…
Perplexo, que posso ainda?
Sou apenas um olhar melancólico diante da esperança.”
Sérgio trouxe seus poemas rápidos e certeiros.
Quem vem pra Curitiba, não toma um submarino e não rouba o canequinho do Bar do Alemão, não veio pra Curitiba. Essa turma de poetas já tem uma coleção completa de canequinhos. Já são quase curitibanos
Fica aqui mais um registro de pessoas normais, que têm em comum o gosto pela poesia, o prazer da amizade e o eterno desafio de encurtar distâncias.
POETRIX
Paradoxo
Todos os dias o amanhecer intima a viver
A correria do dia a dia me enterra viva.
Todos os dias o amanhecer intima a viver
A correria do dia a dia me enterra viva.
- até ao anoitecer
Poesia Na morada
Na morada
Na minha casa não tem compartimento secreto
nem lugar proibido.
Minha casa é um livro aberto,
com meus amigos divido.
Na minha casa tudo combina com o clima e o astral.
O chinelo havaiana nunca reclama de morar debaixo da cama
com um velho sapato social.
As fotos dos filhos estão por toda parte
Exibo sim, são minhas obras de arte.
Uma erva daninha nasceu na floreira
cresceu trepadeira, não posso arrancar.
Um pé de gerânio abriu a cortina
e na surdina deixou o sol entrar.
Os livros povoam a sala, banheiro, armários,
gavetas e estantes.
São meus companheiros, eternos amantes.
Nunca vão me abandonar.
Lá em casa tem creme pra cabelo seco,
molhado, pixaco, loiro, ruivo e preto.
Tem óleo, toalha e escova de dente.
Vá que alguém de repente precise pernoitar.
Na parede tem um desenho de lápis de cor
sobre papel almaço.
Tem muito mais valor
do que a obra de Picasso.
Na cristaleira não tem cristal
Mas tem cachaça, tequila, mescal
Um vinho barato, licor de pequi
E uma última dose de bacardi.
Tenho tudo que preciso no meu Cinema Paradiso:
Poderoso Chefão, Telma e Louize,
Tomates verdes e fritos, Café Badgá
e assim, La nave vá.
Grafitrix Al dente
O endereço do banco é http://cdeassis.wordpress.com
Eu já abri uma conta e depositei meus trocadilhos. Em menos de 24 horas, rendeu a formatação do poetrix acima e a ilustração abaixo, que acompanha minha biografia. Valeu, grande CLETO!
Eu sou só uma mulher que sofre de poesia crônica
eu sou só uma mulher que sofre de poesia
eu sou só uma mulher que sofre
eu sou só uma mulher
eu sou só uma
eu sou só
eu sou
eu
Mandado de busca e apreensão contra a poesia
Mandado de busca
e apreensão contra a Poesia
Senhores, minha poesia sumiu.
Botem os cães nos seus calcanhares.
Farejem tudo: becos, sótãos, rios.
Vasculhem céus, terras e mares.
Procurem nos dedos dos músicos,
no negro quadro de cada escola,
no fascínio quântico dos físicos,
na placa do cego que esmola.
Busquem nos diários e discos rígidos;
nos papiros, nas lápides dos túmulos;
nas paredes dos banheiros públicos;
nas gavetas e nos grafites dos muros.
Investiguem as pedras das cavernas;
os evangelhos apócrifos e as escrituras;
os templos, os conventos e as tabernas;
as democracias e as ditaduras.
Vejam nas celas e nos parreirais;
nos campos de girassóis maduros;
nos poetrix, epigramas e haicais;
no passado, no presente e no futuro.
Pesquisem nos álbuns de fotografias,
nos bares, museus, sebos e alcorões.
Se não encontrarem, revirem as livrarias,
costumam prendê-la nos porões.
E que isso não se repita!
Queres comprar meus olhos?
Não, não estão à venda.
Se te ensinassem a ver
te emprestaria.
Uma fresta bastaria
para eu encontrar o sol.
Me conheço de escuros,
de muros,
quinas,
esquinas e encruzilhadas.
Vais me amordaçar para que eu emudeça?
Esqueça!
Eu falo pelos cotovelos,
pelos pêlos,
pela saliva,
pelos olhos,
pela poesia.
Vais vendar meus olhos para que eu te siga?
Pois venda-os!
Venda tua alma ao diabo se quiseres!
Eu me nego!
Nem cega,
nem muda,
nem morta,
me entrego!
Poesia Sobre nós e elos
Sobre nós e elos
Acontece,
que somos elos de uma corrente
feita por um desses deuses dementes
que se divertem com a desgraça da gente.
Acontece,
que estamos sempre a procura
de uma corrente segura
pra nos encaixar.
Mas, acontece
que essa maldita corrente
sempre arrebenta no mesmo lugar.
Acontece,
que existem elos perdidos
que vieram ao mudo
só para serem partidos.
Acontece,
que somos elos de uma corrente
feita por um desses deuses dementes
que se divertem com a desgraça da gente.
Acontece,
que estamos sempre a procura
de uma corrente segura
pra nos encaixar.
Mas, acontece
que essa maldita corrente
sempre arrebenta no mesmo lugar.
Acontece,
que existem elos perdidos
que vieram ao mudo
só para serem partidos.
Elos órfãos,
que vivem sós,
que se amam,
mas não se atam,
como nós.
As vezes me pego sonhando
com um universo paralelo,
cheínho de elos,
todos sem par.
Quem sabe é por lá
que nossos chinelos
vão se encontrar
que vivem sós,
que se amam,
mas não se atam,
como nós.
As vezes me pego sonhando
com um universo paralelo,
cheínho de elos,
todos sem par.
Quem sabe é por lá
que nossos chinelos
vão se encontrar
Lua e dragão
Sabe aquela lua âmbar que apareceu ontem à noite?
Deu uma vontade louca de seguir a estrada que ela abriu no mar só pra ver onde vai dar.
Os homens são apaixonados pela lua.
Eu não.
Eu fui apaixonada por São Jorge.
Quando menina, eu queria casar com ele.
Mas daí, o tempo foi passando, fui esquecendo de rezar, fui gostando do pecado e acabei esquecendo do santo.
Agora quero casar com o Dragão. Descobri que dragões são figuras bem interessantes. Muito mais interessantes que os santos homens.
Ontem a noite, quando o Dragão apareceu dentro da lua âmbar, prometi que iria salvá-lo da espada de São Jorge.
Mas... e se o Dragão também estiver apaixonado pela lua como todos os homens que amei?
Mato aquela cadela!
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