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piegas como le gusta

por Raul Pough

deixou-se envolver
pela prenda mais faceira

agora é tarde...

não adianta querer
tapar o sul com a peneira



Quase

Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém (...)

Mário de Sá Carneiro

Haicai de Álvaro

Tive um dia farto
ao apagar a luz, minha sombra
tomou conta do quarto

Álvaro Posselt - Curitiba

Vida - Antonio Thadeu Wojciechowski

... talvez hoje seja meu aniversário... meu pai fez tantas confusões nas certidões dos filhos que não tenho certeza. Mas, adotei esse dia pois acredito que minha mãe não tenha se enganado. Entre tantas mensagens maravilhosas que recebi dos amigos, selecionei esta que segue abaixo. Um poema do Thadeu. Nosso maior poeta com certeza. Obrigada polaco da barreirinha.
Vida

um ano a mais
um ano a menos
que diferença faz
quando já somos
mais ou menos
mais suaves
mais sábios
mais fortes
mais justos
e de mais a mais
cromossomos

um ano a mais
um ano a menos
a vida é cais
e lá vão nossos sonhos:
barcos pequenos

um ano a mais
um ano a menos
lendo os sinais
nos esquecemos
e quando nos lembramos
é tarde demais

um ano amais
outro odiais
um ano demais
outro de menos
um ano tanto fez
outro tanto faz
um ano como nunca houve outro
um ano sem pagar e só levando o troco

um ano que vem
um ano que vai
e os mesmos ais
mais amenos

Antonio Thadeu Wojciechowski

..." e só funciona Curitiba se eu quiser" - Osso

Ouvi esse poema lá pelos idos de 2002. Foi quando conheci o Osso e a Cláudia, um casal simpático de músicos curitibanos, que me foi apresentado ou melhor presentado, pelo Raymundo Rolim. No mesmo dia, pedi para o Osso me dar uma cópia do seu poema. Ele escreveu um trecho do poema num guardanapo do Café & Cultura. Dias desses, revirando meus guardados, encontrei-o (o poema). O Osso e a Cláudinha faz séculos que não encontro. Onde estão essas figuras? Saudade...


PARO TODO O MOVIMENTO DO ESTADO
E SÓ FUNCIONA CURITIBA SE EU QUISER
Autor: Osso - poeta e músico curitibano



Se eu chegar em Curitiba aperreado
Faço logo um tremendo sururu
Eu adentro o palácio Iguaçu
Paro todo o movimento do estado
Vou mandar sair todos os deputados
De um em um pra o lugar aonde quer
Pra o lugar que melhor lhes aprouver
E com eles podem ir os seus favores
Vou mandar prender todos os vereadores
E só funciona Curitiba se eu quiser.

Itaipu vou deixar desmantelado
Vou quebrar as barragens e as turbinas
Quebro quadros e depois quebro bobinas
Para todo o movimento do estado
Transformador um por um deixo quebrado
Eu rebento toda torre que puder
Transmissão e toda linha que tiver
Eu estouro toda ela em meio dia
De Itaipu nunca mais sei energia
E só funciona Curitiba se eu quiser.
Prendo guarda civil, prendo soldado
Comandante e chefe do estado maior
O tenente, o capitão, cabo e major
Paro todo o movimento do estado
Vou deixar todo mundo bem pasmado
Acabando as forças armadas que houver
Tranco os bancos, deixo as zonas sem mulher
Tapo as águas do rio Piquirí
Corto o curso do rio Ivaí
E só funciona Curitiba se eu quiser.

Prendo médico, prefeito e advogado
Prendo juiz de direito e promotor
A embaixada, o senado e o governador
Paro todo o movimento do estado
Os correios, a imprensa, o consulado
Emissora eu não deixo uma sequer
Fecho as favelas, o Guairá, a Emater
Paro o trânsito, não passa mais ninguém
Da rodoferroviária não sai mais trem
E só funciona Curitiba se eu quiser.

Chuva

Este poema é de autoria de Cleci Rita Confortin, minha irmã querida. Encontrei-o no baú, esquecido por ela e por mim. Dei-lhe uma roupagem visual e resolvi expô-lo no blog para homenageá-la.

Sonia Godoy - 16/09/1948 – 31/03/2011

SONIA MARIA FERREIRA DE GODOY, paulista, poetrixta maior, amiga, minha grande incentivadora, assim se definia:
"Sou uma psicóloga que não respeita limites e que, quase sem vergonha, se aventura em todos os campos do trabalho e das artes. Escrever é paixão pela palavra, pelo texto que organiza desorganizadamente o interior inquieto e rebelde".
O poetrix acima, é para mim uma oração, um mantra. Invoco-o sempre.
Deixo aqui, algumas pérolas de autoria da Sonia Godoy que coletei ao longo de uma dezenas de anos, postados modestamente no grupo do MIP - Movimento Internacional Poetrix. 

ALGUNS POETRIX DE SONIA GODOY


sou da tribo


de um poema menor
menormenormenor
enorme
 
ora, palavra!

ora devora
ora aflora
hora aurora
 
No ônibus

Fala sozinho.
Conta nos dedos.
Não tenha medo - é poeta.
 
tercetos insólitos

Alcoólico, quebro pés,
em versos assistólicos.
Apostólico, vicio.
 
autorretrato

ah, tantas releituras
que perdi
o original

gotas de sabedoria

tudo passa
como tanque
na praça da paz

 

perspectivas

passar os anos
feito subir montanha:
tudo fica tão pequeno...


bom de história

que todas as guerras usem
somente as armas químicas
que Bush achou no Iraque
 

do oitavo andar
  
em queda livre,
decide:
nunca mais, nunca mais.
 

nem toda mulher

mas todos que batem
gostam
de sofismar
 
amputado

por que ainda dói
esse amor
que já não sinto?

 pequeno romance

era um amor tão pequenino
mas tão delicado mesmo
que durou sutil e doce - apenas a vida toda

contracultura bró

os big
com trastes
trans agridem
 

alegria de natal

gavetas abertas, cds espalhados
toalha molhada na cama
o filho – presente
 
quântica

malcriada
gozou o efeito
antes da causa


na corda bamba

às vezes choro sua falta
outras tantas
caio no samba

Fumante

Gastar versos com fumo - vício solitário?
Melhor saber por que cheiras diesel,
comes plástico e tens tão pouco prazer.

 

Gracias!

Depois de certa idade,
a vista fraca não separa
pecado de moralidade.
 


Fractais

Ah, por quais cristais de pedra
teu olhar me filtra e quebra
em cópias iguais a ti?
 
Lavoura (nerudando)

Deita-me tua poesia
como grãos de trigo.
Tórrida, versejarei.
 
 
Domingos

Que gritem faustos faustões.
Já vendi a alma –
à poesia


espelho velho (e bobo)

mas quando foi
que esse espelho
entortou?
Nietzscheniando I

Canto o lamento do mundo,
por quem sustenta a luxúria da arte,
enquanto janto à la carte.
 
você diz o que quer

mas eu decido
se foi promessa
ou ameça
 
lua

crê,
sente,
a cheia virá.
 

sugar free

low fat, diet chiclete
no salt, be slim
morreu aos dezessete

 
não

me leve a mal
preciso de uma dose
que seja letal

Sonia Godoy
Vai... vá lá amiga! Vai ensinar poesia pros anjos.

Que jeito ... - de Tonicato Miranda


A tarde armou o vento
O vento misturou nuvens
O céu se encheu de flocos em cinzas
Um pardal na ponta de um banco
deu de ombros
Olhei para ele e concordei
Perguntou-me o companheiro:
Será que chove?
Não sei, respondi sorrindo
Ele então me disse: até logo, vou voar!
E eu repliquei: vou me molhar!
São Carlos, numa praça, Abril/2011
Tonicato Miranda

Estréia de Marilda Confortin no Teatro Peça Marat e Sade



Comédia? Drama?
Mentiras? Verdades?
Loucura? Sanidade?



Marilda Confortin no papel de Simone, a companheira louca do Jean-Paul Marat, no hospício Charenton


“Perseguição e Assassinato de Jean-Paul Marat representado pelo Grupo Teatral do Hospício de Charenton sob a Direção do Marquês de Sade” - Esse é o título original da polêmica peça ficcionista Marat / Sade sobre a Revolução Francesa, escrita em 1964 pelo diretor de cinema e dramaturgo alemão, Peter Weiss.

De 6 a 10 de abril, na programação do Festival de Teatro de Curitiba, os atores do grupo teatral Folha Branca e Todomundonu assumirão os papéis dos loucos de Charenton, misturando as falas da peça original com suas próprias falas.




O texto com livre adaptação do grupo teatral Folha Branca, composições musicais do Trombone de Frutas e sob a direção de Alexandre Bonin ganhou uma dramaticidade atemporal.


Marat: Idealista ou louco?


Marquês de Sade: sádico ou sábio?


Mentiras, falsidades ideológicas, decadência moral e religiosa.
Estamos falando da Revolução Francesa ou dos dias atuais?





Prepare-se para ver o tênue fio que separa a loucura da sanidade.





de 6 a 09/04 - 21 horas
dia 10/04 - 19 horas

INGRESSOS:



A venda nas bilheterias do Festival de Teatro de Curitiba


ou 4003-1212

R$ 20,00 (inteira)

R$ 10,00 (meia)

CAMISA DE FORÇA


Ai! Como eu queria chutar o balde...
Largar tudo o que houver no arrebalde
e mandar às favas.
Dormir encoxada com a preguiça,
cuidar bem da premissa:
Nem sempre mangas
precisam ter cavas.

Anair Weirich - Chapecó - SC

(esse "chute no balde" me veio por email, da minha prima, poeta Anair. 
pois é, prima... às vezes, até a poesia aprisiona...)

FINAL DE TARDE - de Tonicato Miranda

Final de tarde

para Helena Kolody

felizes os que morrem com a tarde
finando seu ciclo de claridade e luz
felizes daqueles diante de um copo
a mirar a própria lágrima derretida

felizes os seres estes que mugem
vejo o azul cobalto na flor do maracujá
vejo um prego coberto de ferrugem
e belezas na luz da tarde a soçobrar

felizes os que sabem um sopro soprar
beijando no lábio a musa tão querida
ah esta tarde derramando-se na noite
leva-me contigo onde outras tardes há

feliz aquele que perdoa sua tristeza
nada mais vejo agora no céu a chorar
a folha da palmeira antes pura beleza
foi a casa sonora de um pio de sabiá

não há mais felicidade morando aqui
saudade da janela e de um pé de piqui
arrastando folhas a murmurar: estou aqui
minha cara boba a dizer: eu vi o piqui cantar

o cinza já derreteu todas belezas do ar
e a cor é somente luz, já disse Helena
sinto a lavanda dela a pairar no ar, a pairar
e sua alegria dos dentes à mais longa melena

feliz você que já partiu, não viu esta tarde
onde me ponho a chorar como chaleira velha
saiba, mesmo cinza a tarde é linda como árvore
qual aquela no terreno ao lado a me namorar

Curitiba, 23/2/2011.
TM
Tonicato Miranda

música ... e por falar em lua

Uma bela parceria minha com Jazomar Rocha, do Quintal da Goiabeira. Está no CD SAMBA CURITIBANO E SUAS RAÍZES. Vale a pena conhecer esse trabalho.



E por falar em lua ...
(poema de Marilda, música de Jazomar)

O por do sol ainda sangrava
e no horizonte já despontava
uma lua recém nascida
pálida e desmilinguida.

Pobre lua prematura
Frágil, nua, com frio
Perdida lá nas alturas
Presa ao mar por um fio.

Órfã dos lobos e crateras,
nasceu sem manto de estrelas
sem um seresteiro a espera
para batizá-la na viola.

Boêmios ainda dormindo
Amantes flagrados nus
Nenhum poeta assistindo
Vagalumes sem luz

Pobre lua, luazinha!
Como eu, nasceu sozinha
Sem berço pra se embalar
Sem ninguém para abraçar.

Pra te ninar, luazinha,
eu fiz esta canção
Pra te mimar, menina
Pra amenizar nossa solidão.

apelo e aroma

Poemas dos amigos paulistas, Edna e Sérgio, do primeiro grupo de poetas virtuais. De virtuais não temos mais nada... sempre nos encontramos por aí, com ou sem poesia. Com sorte nos veremos no congresso Poetas del Mundo, em Blumenau.

Apelo

Desejo surdo

toque em mim
se foi criado mudo
 

Musa ( Edna Della Libera)


Aroma

assim como os místicos que leem
a sorte na borra de café,
assim como a mulher
que é inesquecível,
os poetas também vivem
por um gole.

Momentinho (Sérgio Edvaldo Alves)


 AS CIDADES INVISÍVEIS




Trecho do livro AS CIDADES INVISÍVEIS – Ítalo Calvino

“A cidade de Leônia refaz a si própria todos os dias: a população acorda todas as manhãs em lençóis frescos, lava-se com sabonetes recém-tirados da embalagem, veste roupões novíssimos, extrai das mais avançadas geladeiras latas ainda intatas, escutando as últimas lengalengas do último modelo de rádio.
Nas calçadas, envoltos em límpidos sacos plásticos, os restos da Leônia de ontem aguardam a carroça do lixeiro. Não só tubos retorcidos de pasta de dente, lâmpadas queimadas, jornais, recipientes, materiais de embalagem, mas também aquecedores, enciclopédias, pianos, aparelhos de jantar de porcelana: mais do que pelas coisas que todos os dias são fabricadas vendidas compradas, a opulência de Leônia se mede pelas coisas que todos os dias são jogadas fora para dar lugar às novas. Tanto que se pergunta se a verdadeira paixão de Leônia é de fato, como dizem, o prazer das coisas novas e diferentes, e não o ato de expelir, de afastar de si, expurgar uma impureza recorrente. O certo é que os lixeiros são acolhidos como anjos e a sua tarefa de remover os restos da existência do dia anterior é circundada de um respeito silencioso, como um rito que inspira a devoção, ou talvez apenas porque, uma vez que as coisas são jogadas fora, ninguém mais quer pensar nelas.
Ninguém se pergunta para onde os lixeiros levam os seus carregamentos: para fora da cidade, sem dúvida; mas todos os anos a cidade se expande e os depósitos de lixo devem recuar para mais longe; a imponência dos tributos aumenta e os impostos elevam-se, estratificam-se, estendem-se por um perímetro mais amplo. Acrescente-se que, quanto mais Leônia se supera na arte de fabricar novos materiais, mais substancioso torna-se o lixo, resistindo ao tempo, às intempéries, à fermentação e à combustão. E uma fortaleza de rebotalhos indestrutíveis que circunda Leônia, domina-a de todos os lados como uma cadeia de montanhas.
O resultado é o seguinte: quanto mais Leônia expele, mais coisas acumula; as escamas do seu passado se solidificam numa couraça impossível de se tirar; renovando-se todos os dias, a cidade conserva-se integralmente em sua única forma definitiva: a do lixo de ontem que se junta ao lixo de anteontem e de todos os dias e anos e lustros.
A imundície de Leônia pouco a pouco invadiria o mundo se o imenso depósito de lixo não fosse comprimido, do lado de lá de sua cumeeira, por depósitos de lixo de outras cidades que também repelem para longe montanhas de detritos. Talvez o mundo inteiro, além dos confins de Leônia, seja recoberto por crateras de imundície, cada uma com uma metrópole no centro em ininterrupta erupção...”


QUALQUER SEMELHANÇA COM A REALIDADE 
É MERA COINCIDÊNCIA?
AMANHÃ DE NÉVOA


De muito minha que fostes
No pouco que me tivestes
Já sinto que te pertenço
E te peço, intenso, na prece!

Ficar aqui sem você
Judia, esfria, entristece...
Já te lembrar, dá prazer!
Aquiesço que me aqueces.

Lembro o teu corpo despido
Quando meus braços te vestem
Parece que está florido...
- Eu juro que resplandeces!

Quem sabe um dia aconteça
Que esqueças que me esquecestes
E outra vez me apareças
Com manhas que me amanhecem!


Altair de Oliveira - In- O Lento Alento
surrupiado do blog do Altair: http://poetaaltairdeoliveira.blogspot.com/

Sou uma moda antiga - Tonicato Miranda



para a mulher antiga e àquela passando ali

John Coltrane já se achou moda antiga
também me incluo no mesmo navegar
sou barco solitário longe da vista, vou no ar
terra distante, mapa antigo, amor sem liga

Nada sou da moda “fashion”, muito embora
aprecie as sandálias novas contornando
pés de moças e até de charmosa senhora
mas me deixem estar no vinho, a um canto

Ou podem deixar-me grudado na moldura
quadro desses antigos, de época barroca
eu ali, junto à garrafa numa expressão louca
realçando mais o Ó esgarçado em sua boca

A moda não é para mim, mas é como se fosse
ela apenas existe na liberdade do meu olhar
bom de te ver, te degustar como caju doce
na beira do mar, em qualquer beira a te amar

Ah, John disto sabia e no seu sax sexy de prata
servia seus sons em bandejas também de prata
dentro delas pernas e poucos panos em realces
gazelas caminhando para o prazer dos alces


Mas sou mesmo uma moda das mais antigas
ainda trago flores ao amor com bilhete perfumado
me encanto com as saias soltas singelas, calado
digo sim, mil vezes sim, às meias e às cintas ligas

O esconder mais do que o mostrar, John sabia
é o que espeta com agulhas finas nosso desejo
não importa qualquer nome serve, todas são Maria
todas merecem as notas do sax e de mim um beijo
 
Curitiba, 30/Jan/2011.
Tonicato Miranda 

NUNCA DIREI: - TE AMO!


Nunca direi – Te amo! Posto que é desejo santo
E traz teu rosto – Miragem que pousa na retina -
Basta!! A primavera garante que elas acabaram
: É o fim das lágrimas. Líquidos apenas outros -
Nosso Gozo. Ainda que embaçado pelas folhas
Do outono que vivemos – É vermelha a flor que
Rola pela alameda e é vermelho o telefone que
Traz este mar sonoro – Alma ancorada em voz
E quando suplicas que eu te consagre em rito
Eu me banho incensada em orquídeas, jasmins
E quando amanhece e meu ser desperta – Eis:
A primeira miragem – teu rosto dentro de mim
Tu que estás dentro de mim, tu que estás aqui
Dentro de mim. Teu sopro corpo palavra e pau
Dentro de mim. Teu olhar – vidro que parte as
Paredes e me invade. Logo ali a garota sonha -
Tolices ancestrais: Amor eterno casar ser feliz
A pássara que rega com sua aura o raio da lua
Morre de pena da garota que crê – Amor esta
Utopia Mor. O teu grito é o eco do meu – Nós
Cremos sim é no desejo insano inaugurando o
Sol ardente de Eros e a Lua escandalosa dela –
Poderosa Afrodite – Neste intercâmbio voraz:
Tua sutileza que abre minha vulva sem tocar;
Minha loucura: A endurecer teu pau e eriçar
Pelos – Nós nos buscamos na manhã – Neste
Tudo de amar. E quando despes meu vestido
Nada acima da pele. Nada no ar. A não ser a
Canção. Nada a passear no chão – E o mundo
Não sabe que ali – naquela janela – É o Éden
A coberta da cama agora é nuvem. Soro vivo
– teu sêmen que me lava poro a poro. - Sim!
A consagração da vida em coito puro a curar
Todo o cansaço, agonia, dores, temores gris
:: O desejo saciado é o céu que nos visita ::
:: O desejo saciado é o amor envelhecido ::
O desejo é um velho sábio, que sacode o ar
E segue sua trilha morto de pena do amor -
Este impostor – Que há séculos e séculos e
Séculos amém nubla esconde a dádiva mor
- Eu te desejo – Tu me desejas
Utopia não nos sacia. Só o desejo -
Só o desejo que chegou sem aviso
Registro, AR – telegrama onírico à
Nossa frente – A nos gritar para não adiar
Teu desejo – Meu desejo – Murmuramos:
Eros nos Proteja! Nos Proteja! AMÉM


Bárbara Lia

 

do site da autora: Chá para as borboletas

Paca, tatu, confia no pão - de Tonicato Miranda




Paca, tatu, confia no pão
Tonicato Miranda
De repente observo, pastor, padre
político, polícia, anote, marque:
todos começam com a letra “p”.
Não gosto de nenhum deles,
mas gosto de pintores, de pedreiros,
de todos pães, também de padeiros.
Não gosto de pepino, de pé de porco,
de paleta, de pica de porco ou de zebu,
mas gosto de picanha, como com gosto.
Pamonha? Gosto, mas não de palhaços,
de palhaçada, da paliçada da indiarada,
nem da palmitada no chão, arrasada.
Gosto de porco, peru – de caralho não.
Gosto de panqueca, de pastel, de pizza,
mas a dos políticos, passo – ela cisca;
se pudesse passava todos na bala,
pendurava-os em parede de pregos
ou passava no fogo de parabeluns.
Gosto de Portugal, das portuguesas,
das províncias, do Porto, de Portimão,
não gosto da tv deles e sua programação.
Gosto do Pluto, o cachorro do Pateta,
do Peninha, mas não gosto, entorno o balde
dos putinhos dos sobrinhos do Pato Donald.
Não gosto do Paraíso, mas gosto da Penha,
da Paulista e de putas regiões como a Mooca.
Paulicéa, preciso descobrir mais uma loca.
Gosto do sulfite, papel manteiga na rosca,
pergaminhos e de projetos, quem não gosta?
Mas não de papel higiênico com única folha.
Gosto de parque, de praia, a pele nua da boa
e da tua, mas não posa de potranca, embora
goste da tua anca e da popa, minha patroa.
Deriva pra lá, Pacífico adentro, partindo
daqui de Paranaguá, rumo ao mar do sul
para lá da Lagoa dos Patos, leva um patuá
sorte terá na travessia do “P” ao céu azul.
Curitiba, Jan/2011.
TM