Mostrando postagens com marcador marilda confortin. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador marilda confortin. Mostrar todas as postagens

Gota a gota


Nasci.


Um profundo poço vazio.
Com cinco filtros perfeitos
e um sexto, que às vezes faz sentido.
 
Através deles,
como se fosse um dreno ao viés,
a vida foi me preenchendo: Gota a gota.

Primeiro, entraram as pedras mais pesadas,
depositadas bem no fundo da infância
e serviram para controlar a umidade da alma
e fixar meus pés na terra.
(Nasci tão leve e líquida, não fosse esse peso,
eu seria um pássaro ou um peixe).

Com o tempo, a vida foi instilando outras peças,
encaixando-as umas sobre as outras,
deixando raros intervalos entre elas.

Por esses vãos,
circulavam rios de sentimentos.

E assim, ela foi fazendo seu trabalho.
Construindo-me.

Habitou-me de amigos, amores, filhos.
Ergueu paredes, dividiu-me,
plantou jardins, porões, sótãos, teias.


Quando me dei conta, estava cheia.
Comecei a escavar-me.

Não importa se o que transborda
desta comporta é bom ou ruim.
Estou purgando:
Gota a gota.

Abrindo espaços dentro de mim.

Procura-se sono perdido


Por acaso deixei meu sono aí na tua casa?
Procure-o em cima da cama,
no tapete da sala,
no cesto de roupa...
Não consigo encontrá-lo.
Acho que o perdi
em algum lugar do teu corpo
quando ali (de)morei.

Ou o escondestes na tua boca
para que eu continuasse
procurando por teus beijos?


NO CAMINHO COM MARILDA CONFORTIN

Entrevista concedida à Bárbara Lia

BÁRBARA: Em entrevista a Lina Zeron você contou do teu tio que declamava poesias de Olavo Bilac prá você dormir. Um ponto em comum entre nós duas. Eu cresci ouvindo meu pai falando poesia a plenos pulmões já no café da manhã. Em um tempo que vivi na casa da minha avó ela também recitava épicos e era um tanto tétrico: Vovó recita “O corvo”. Sala na penumbra. TicTac. Arrepios.
Lendo tua entrevista fiquei tocada com a conclusão tua sobre – quem é poeta - pode narrar esta descoberta outra vez?

MARILDA: Ainda bem que eu não conheci o Poe na infância, Bárbara. Tive um urubu de estimação....Pois é, eu me descobri poeta muito cedo. Antes mesmo de saber ler e escrever. Nasci na roça, em casa, de parto natural, como nasceram os meus 11 irmãos mais velhos e todos os bichinhos que nascem e crescem distraidamente no mato. Fui a décima primeira da ninhada. Quando eu tinha menos de dois anos, nasceu mais um irmão, o Claudinho. Ele tinha síndrome de Down e fomos criados juntos. Como ele não sabia falar, inventamos uma linguagem própria. Nos comunicávamos através dos sons da natureza, dos animais e das aves. Entendíamos perfeitamente a linguagem das nuvens, dos raios, dos trovões, da chuva, do silêncio, do dia e da noite. Sabíamos traduzir a letra da música que os galos cantavam, entendíamos o que nossos cachorros queriam dizer com seus latidos diferentes para cada situação, conhecíamos os bichos venenosos e não venenosos pelo cheiro e pela cor, as abelhas e passarinhos nos contavam quais as frutas que podíamos comer, as borboletas nos ensinavam as estações do ano, o caminho das flores e a direção do vento, enfim, não precisávamos de palavras nem escola. Daí um dia meu irmãozinho morreu e eu virei a caçulinha da família. Talvez por saudades do Claudinho, ou por não ter mais um bebê em casa, todos resolveram me dar colo, me mimar, me ninar. Só que eu não compreendia ninguém e ninguém percebeu o que tinha acontecido. Me tranquei num mundinho meio autista até que um dia, o tio Renato, veio nos visitar e resolveu me fazer dormir recitando aquela poesia assim: “Ora (direis) ouvir estrelas...“ É claro que em vez de dormir eu acordei e desatei a perguntar. “ Tio, você e o tal do Olavo também entendem a língua das estrelas? E a conversa dos raios com os trovões? E dos cachorros? E dos passarinhos? E das cachoeirinhas? Então vocês também são mongolóides como eu e o Claudinho?” Daí, ele me disse uma coisa que nunca mais esqueci e que me tirou do silêncio para sempre. Disse-me que eu não era doente. Que eu só era poeta, assim como ele, Olavo Bilac, Castro Alves e muitos outros anônimos que sabiam falar uma língua diferente, chamada poesia e que eu devia ir prá escola, aprender a ler e escrever para traduzir no idioma dos homens aquelas coisas que a natureza me contava. Confesso que até hoje estou tentando aprender essa maledeta língua dos homens. Prefiro a linguagem da poesia, no seu estado bruto, antes de ser transcrita para um idioma. A palavra deforma o sentimento. 
Marilda, criança, poeta em estado bruto


BÁRBARA:Você integra o Movimento Internacional Poetrix. O que diferencia Poetrix e Haicai?
MARILDA: O haicai existe há séculos. É um terceto de origem oriental, sem título, composto de 17 sílabas, distribuídas em três versos de 5, 7 e 5 sílabas métricas, ou melhor, onji (sons) e tem como característica, identificar o kigo (estação do ano em que foi escrito). É como uma senha, uma fotografia de uma paisagem num tempo fugaz num lugar específico. É como se você enviasse para o leitor o endereço de onde você está, contando o que está acontecendo naquele exato momento. É lindo. É zen.
Poetrix é um terceto também. Vem de poe = poesia e trix = três. Foi batizado com esse nome por volta do no ano 2000 pelo poeta baiano Goulart Gomes. Portanto, diferente do haicai, o poetrix é brasileiríssimo e atualíssimo. Sua definição é “Terceto contemporâneo de temática livre, com título, ritmo e um máximo de trinta sílabas, possuindo figuras de linguagem, de pensamento, tropos ou teor satírico.” No poetrix, os tempos passado, presente e futuro podem ser usados sem distinção. O Poetrix é minimalista, ou seja, deve dizer o máximo com o mínimo de palavras. Como disse Goulart Gomes na apresentação do meu livro, fazer poetrix é plantar girassóis em cabeça de alfinetes.
Gosto de dizer que o Poetrix é o filho bastardo do haicai. Tudo o que o haicai originalmente não permite, o poetrix admite, incentiva e valoriza: título, metáfora, ironia, humor, estrangeirismo, intertextualidade, erotismo, crítica, interação escritor/leitor, non sense... Muita gente pensa que escreve haicai, quando na verdade escreve poetrix. O contrário também é verdadeiro. E tem muita gente que escreve tercetos que não são nem haicais nem poetrix... tudo bem, o que importa é sentir a poesia, tudo mais são regras que só servem para instigar os poetas a quebrá-las. Eu gosto muito de haicai, mas, tenho mais facilidade e prazer em escrever Poetrix.

BÁRBARA: Conte sobre sua participação em eventos internacionais de Poesia. No México, em 2.003 e no III Festival Internacional de poesia em Granada, em 2.007, na Nicarágua. Como surgiram os convites, o que isto acrescentou à sua poesia.

MARILDA: Nossa! Essa pergunta tem muitas respostas. Difícil resumir. Acho que você vai ter que cortar alguma coisa para não ficar tão extensa. Participar de festivais de poesia pelo mundo é bárbaro, Bárbara. Nesses dois que você citou, eu tive o privilégio de ir como convidada, representando o Brasil.
O convite para o México, foi uma conspiração do universo a meu favor. Eu fui receber um prêmio em Brasília, por uma crônica que ficou em primeiro lugar num concurso internacional chamado Mujeres, mariposas sin capullo e minha “performance feminista” no palco, foi assistida, sem eu saber, pela poeta e jornalista Lina Zerón, uma das organizadoras do X Festival Internacional de Mujeres Poetas en el país de las nubles (Oaxaca). Para surpresa geral, dois meses depois, recebi um convite oficial para representar as poetas brasileiras no México. Lá ficamos hospedadas em casa de famílias de origem mixteca, asteca, maia e trocamos experiências sobre nossas culturas, literatura, arte, culinária, etc. Durante 20 dias, viajamos de um estado a outro, de uma cidade a outra, recitando e falando sobre a poesia de nossos respectivos países, em escolas, universidades, teatros, museus, igreja e praças. Uma maratona. Era uma torre de Babel. Cada uma das 70 poetas falando e recitando em seu próprio idioma, para que a população sentisse a musicalidade, o ritmo e a alma poética do mundo. O encerramento foi no magnífico Palácio de Bellas Artes, todo decorado com pinturas de Diego Riveira e Orozco entre outros imortais. Um luxo. De curioso, no México aprendi a comer gafanhoto e gusano (aquele vermezinho que colocam na tequila). Beber tequila, foi conseqüência de comer gusanos... rs.
Depois disso, caí numa teia virtual de poetas que promovem e participam de Encontros e Festivais Internacionais de Poesia. Choviam convites. 
Para o Festival de Granada, fomos convidados Thiago de Melo e eu. Thiago, é um ícone, o poeta brasileiro mais lido por lá, amigo pessoal e tradutor de Ernesto Cardenal.  
Na Nicarágua, o que mais me impressionou além dos inúmeros vulcões ativos e inativos, foi o carnaval poético pelas ruas de Granada. A cidade literalmente pára para ouvir poesia. Durante o Festival, em cada esquina, um poeta sobe no “poeta móvel”, apresenta seu país e recita poesias. E depois, se mistura com as pessoas na rua e dá-lhe música, dança, rum flor de caña de manhã até a madrugada. 
Beber um vinho com o poeta e monge Ernesto Cardenal, ouvir seu poema Oración por Marilyn Monroe, a história dos movimentos sandinistas pela paz e sua participação na revolução armada contra a ditadura de Somoza, é um capítulo a parte na minha vida. Impagável. 

Eu, bebendo vinho com Padre Ernesto Cardenal

Os convites para esses festivais funcionam assim: Um poeta de algum país te indica, outros de outros países endossam, a organização cultural do país promotor sai captando recursos na iniciativa privada para bancar as despesas de viagem dos poetas convidados, a população se inscreve para hospedar os poetas estrangeiros que não tem grana para pagar hospedagem e alimentação e tudo isso em troca de recitais, palestras e oficinas gratuitas abertas ao público. É um intercâmbio cultural. Pena que no Brasil, o governo, ongs, iniciativa privada e os próprios poetas e artistas não se unam para promover festivais desta natrureza.

"O que isto acrescentou à sua poesia?” Ai cazzilda, Bárbara! Acrescenta muito! Esses festivais, me confirmam que a poesia é uma linguagem de alcance universal, sem fronteira alguma. E que quanto mais simples (simples, e não simplista), melhor é a poesia. Melhor para traduzir, melhor para recitar, as pessoas se identificam com maior facilidade. E que quanto menos “estrela” você for, mais estrelas vão aparecer para iluminar teus caminhos. 

BÁRBARA: Meu amigo, o poeta Márcio Claudino, realizou um estudo sobre a poesia curitibana atual e a separou em duas tendências: “Poesia de Expressão Vital” e “Poesia de Composição Onírica” . Ele me colocou ao lado dos poetas oníricos, mas, um belo dia me confessou que algumas poesias minhas tem este lado visceral. Expressão crua da vida. Como leitora, qual o poeta que é sua paixão maior? Ou poetas, ou escritores? Os líricos te seduzem? Eu sou lírica e amo ler os escritores viscerais - Fante, Miller, entre outros...

MARILDA: Acho que todo o poeta é um sonhador. Sendo assim, acho que toda a poesia é onírica no sentido literal da palavra. Mas nem todo o sonho é maravilhoso. Eu tenho pesadelos terríveis, principalmente acordada... rss. Concordo com o Márcio. Você tem um lado visceral, principalmente quando o poema tende para o erótico. E tua presença me passa uma imagem muito realista, marcante, contrastante com as metáforas oníricas da tua poesia. Mas, eu AMO teus contrastes...
Pois é, tenho minhas recaídas, graças a Deus, mas os líricos não me seduzem muito, não. Meu lirismo ficou lá na infância, enterrado com meu irmão e com Bilac. Espero ressuscitá-lo algum dia, mas, como diz nosso amigo Paulo Matos, do Epopéia: “o duro da vida, é que ela nos endurece”. Não freqüentei nem me enquadrei em nenhuma escola literária. Fui pro pau! Peleio com a vida e com a palavra meio no grito, na defensiva, no instinto, sem embasamento teórico, na hora e no tom que elas me provocaram. É um toma-lá-dá-cá. Sei que, por conta da minha figura minguada e do carma dos olhos azuis, os curitibanos esperam que eu declame poemas brandos, à la mestra Helena Kolody, mas, para decepção dessa cidade, eu me identifico mais com as malditas pauladas do Leminski e do Thadeu.
Qual foi a pergunta mesmo? Ah, os poetas que gosto... vixi, pra ser po(ética)mente correta eu teria que citar os mortos prá não ferir os vivos, né? Pulo essa, Bárbara.

BÁRBARA: A peça “ Portas Entreabertas” com Danilo Avelleda e Adriana Sottomaior, apresentou textos de Helena Sut e Danilo Avelleda e poemas teus. Como foi esta experiência – escrever uma peça teatral? Planos futuros para os palcos?
MARILDA: Foi uma experiência meio doida. Eu tinha que escrever os poemas que seriam interpretados pelo Danilo. Tive que incorporar o personagem Dionísio, um homem, um poeta passional. Ser um Dionísio dividido entre a paixão por Pilar e Alma. E tive que me entranhar no útero introvertido da Helena Sut para entender o enredo dramático, intimista e cheio de palavras sangrentas da peça. A Helena é phoda. Ela já tinha experiência em texto teatral. Eu nunca tinha escrito para teatro e nem composto poesia como se eu fosse um homem. Por mais que se diga que não há diferença entre a poesia feminina e masculina, a verdade é que nossa escrita tem uma boa carga de experiências de vida, de cultura sexista, valores morais e sociais diferentes. Não assisti nenhum ensaio. Na estréia da peça, me assustei ao ouvir alguns textos meus na voz do Danilo. Fiquei mais a vontade quando falados pela Pilar e Alma... Depois acostumei e quase não percebia mais a diferença entre o que eu escrevi e o que a Helena escreveu. Danilo, Adriana e Raquel são atores porretas. A direção do Rogério Bozza foi perfeita. Mas, vamos ser honestos: Eles foram corajosos, né? Uma peça dramática, poética, intimista, competindo com comédias em todos os teatros de Curitiba...Só por amor a arte, mesmo.
Sim, pretendo escrever mais para o teatro, mas preciso liberar tempo para pesquisar, fazer um curso de atriz, aprender as manhas teatrais... Helena e eu temos algumas idéias de peça teatral para o futuro... quem viver, verá. 

Bárbara Lia,  professora de história, escritora com vários livros publicados. 
Site:    http://chaparaasborboletas.blogspot.com

sem cigarro, sou intragável - para Bia de Luna

"sem cigarro, sou intragável" - Bia de Luna



BIA
be
bia
e
comia
poesia
e
traga
va
rios

trazia
a
braços
crivados
de
ar
ame
farpado
debaixo
das
unhas.
Vá, Bia...
Vá.
Me espere
lá.

Poesia Dia das mães


Ei você,
que está procurando um poema
que se pareça com sua mãe,
que não é nenhuma santa,
nem uma modelo de capa de revista,
que não é artista
nem grande cozinheira.

Você,
que tem uma mãe
que não é tão companheira,
que não te ama o tempo inteiro,
que não te perdoa sempre,
que não é lá uma brastemp.

Você,
que acha as poesias do dias das mães
"bonitinhas, mas não rima com a minha",
que não sabe o que fazer de almoço,
que adoraria fica dormindo,
como se fosse um domingo qualquer.

Você mulher,
que é mãe e não se identifica
com nenhuma dessas mensagens,
porque não é tão bonita,
nem tão forte,
nem tão divina
quanto as que vendem nos comerciais.

Ei, você!
Relaxa...
Os dias são todos iguais
e a maioria das mães
são normais,
assim como você e eu: mortais

OLHARES




Não me olhes
com esses olhos de melindres
pão de mordaça
farpa de ferpa
arame farpado
desconfiados
vesgos
um pra cada lado
não me olhes
com esses olhos findos
fundos
prometendo sois ao mundo
cuidado
eles traem
e atraem
suicidas
não me olhes
com esses olhos alheios
que procuram atalhos
e se recolhem em infâncias
lilázes
olhos que bóiam
na cerveja caipira
curiosos
furiosos
famintos
fumegantes
olhos que fogem
e tropeçam em esquinas
que me ensinam
onde meu fogo ocorre
olhos que me chovem
e me acendem
não me olhes com esses olhos
de ovo frito estrelado
decididamente
não me olhes
com esses olhos
de cigarro apagado

(CAFÉ CULTURA 06/12/04: Bia de Luna, Marilda, Altair, Juliana, Celita)
poema escrito a 5 mãos num bar numa daquelas noites infernais
A pontuação fica por conta do leitor
Coloque onde quiser
Onde fizer sentido
Se fizer

Á veces creo que te amo


Á veces creo que te amo, pero luego se me pasa

Es cuando lluevo
Tromolo
Humedezco
Emulo tierra en el celo
Lloro
Pero, quando escampa
Te evaporo

Es cuando despierto
Rebooto
Reinstalo saberes
Sabores
Deleito recuerdos
Reluto deletarte
Y salvo-temporariamen-te

Es cuando me río
Diluyo
Fluyo
Desaguo en tus braços
Afluente
Y me olvido que soy
Solamente riacho.

Es cuando sueño
Me extasio
Fijo la mirada en el vacio
De la saudade
Pero hay siempre
Un maldito mosquito
Que vuela de repente
Trayéndome de vuelta
A la realidad.

(marilda confortin)

Programa eleitoral gratuito


Odeio quando resolvem
testar meus limites
encostando um revólver
nas minhas costas.

Não gosto de desafios
de roleta russa.
Não viro a casaca
Nem visto carapuça.

Prefiro o alvo concreto
de um torneio de tiro
às metáforas estúpidas
dessa política corrupta.

Não meço ninguém
só pelo que fala
nem pelo que cala
mas pelo que sente.

Sinto muito,
não sei ser diferente.
Meu instinto não falha.

Canalhas também têm
cabelos brancos
e olhos azuis.

Um isto

Um isto

É meu o cisco
a faísca
o escuro ínfimo
que existe no mundo
quando teu olho pisca
é meu teu medo
teu segredo
sou eu

corpus christie

Na vernissage do Alexandre Linhares, não teve como não se impressionar com o imenso crucifixo coberto de hóstias formando a imagem de Cristo. Aqui, uma foto dessa obra e um poema meu. Até parece que foram feitos um para o outro... rs

corpus christie

Teu corpo, não dispo:
visto.
Tua cruz, não ergo:
vergo.
Teu pecado, não absolvo:
absorvo.
Tuas chagas, não vi:
cri.
Teu cio, não sacio:
cedo-me.

E por te amar,
não te toco,
abstenho-me.


Não te traio,
abstraio-te.

Cubro teu falo
e me calo
cúmplice.

Partidos

Para Elza e outros amigos candidatos espalhados pelos vários partidos políticos


Era um elo,
quebrou-se.
Ele foi-se
eu martelo.

Éramos só dois
unidos.
Hoje somos tantos
partidos.

Mil vezes maldita

Parem!
Eu, pecadora, confesso: Sou reincidente no amor.
Mas não mereço a pena.
Careço é de pena, Meritíssimo!
Cristo disse: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.
Ingenuamente, acreditei.





O Alexandre disse que este meu poeminha aí, inspirou-o nessa série que mostra "A arte maldita, a sociedade maldita, a hipocrisia maldita, o desespero maldito e a crença na fé e no amor". 

Sinto-me honrada e morta de curiosidade para ver o resultado. 
Estarei lá, sim, Alexandre. E claro,  vou recitar todos aqueles malditos poemas que você gosta.

Lidando



Daqui,
Dali,
na lida
não li
nada

releitura do W.Abreu:

naaridalidadavidadanadaquelequenada

com


Encontrei a palavra com na lata do lixo.
Suja, rasgada, desbotada.
Perdida da frase, perdeu o sentido.
Com pena, embrulhei-a com um poema.
Mas, prolixa que sou,
asfixiei-a.

Seu filho da Sunta!



O Gerson
é um grandessíssimo FILHO DA SUNTA!
É isso que ele é.
Tudo bem... Eu também.
De outra tão Sunta quanto a santa sua mãe(dele).
Duas mulheres sensacionais.
O homem que tem uma mãe
com um nome assim suntuoso
não pode ser normal.
Já nasce com uma sina:
Viver olhando pra cima
pra ver se sua alma ainda está lá
presa num fio de barbante
que a qualquer instante
pode arrebentar.
Quando a Assunta pôs no mundo esse menino
sabia que não ia ser santo.
Nem esperava tanto ...
Mas, um anarquino?!
Bem que podia ser engenheiro,
advogado, cientista
alguma coisa que desse dinheiro.
Mas não! Deu de ser artista...
E o pior ainda estava para acontecer.
Pobre Assunta, quase teve um enfarte:
- Manhê!!! Já sei o que vou fazer quando crescer:
- O quê filhinho?
- Vou criar a Agenda Arte!

(para meu amigo Gerson Guerra – criador da Agenda Arte e para nossas santas mães, que têm o mesmo nome)